Começa pelas onze, o movimento. Quais lagartos do campo a que ela chama seu, as pessoas saem de casa, calções os homens e pouco vestidas as senhoras, e a agitação começa.
Há quem se sente junto ao quiosque reinventado, (há de novo capilé e groselha, limonadas também), e os copos de plástico, moles, entornam-se com frequência azendo correr ais surpresos. O quiosque está na moda, é chic (chic a valer, diria o Dâmaso), e, sem bengaladas à mistura, as mesas vão-se enchendo. O pastel de nata, sim com canela, surge no sorriso diminutivo do empregado educado - aqui tem o pastelinho -, e as conversas vão-se fazendo de sugestões, afinal é Domingo!, reclamações, ah este país!, de sonhos, eu cá, se pudesse.
O dia vai correndo, quente, e a feira próxima, só produtos biológicos, convida a uma caminhada. Há alface com lagartas, morangos com terra, oregãos sem cheiro, tudo garantidamente saudável...
Lá longe, persistente no abraço que Lisboa parece eternamente recusar, está o Cristo Rei. Em baixo, espaço de sonhos passados, o Tejo corre, hoje polvilhado de brancas velas.
Ela, com a bica em copo reciclável, tenta, apenas, não queimar as mãos, não sujar a Lacoste.
Ficam bem um crocodilo bem verde numa Lacoste, seja branca ou cor de rosa... ainda por cima,aí, no quiosque "chic a valer" do Príncipe real e a beber a bica em copo reciclável...
ResponderEliminarQuantas vezes não vou por aí comprar pastinaca ou chirivia para as minhas saladas?
Gostei muito deste passeio pelo Príncipe Real, a abordagem ao quiosque, os produtos biológicos, a bica em copo reciclável e a Lacoste, foi o máximo, só uma grande observadora, poderia descrever com tanto pormenor este movimento de pessoas, todas diferentes, a um Domingo,na Baixa de Lisboa.
ResponderEliminarQuase já podendo chamar o Jardim do Principe Real de "meu", é bom ver como reparaste em tudo o que aqui se passa numa manhã domingueira. Aqui ainda se diz "bom dia" na rua,a quem passa. Aqui, o senhor do quiosque conhece-nos e até sabe o nome da cadela. Aqui, as pessoas juntam-se ao fim da tarde,pela fresca. Os cães conhecem-se e brincam todos com a alegri enquanto os donos aproveitam para ter algumas conversas animadas.
ResponderEliminarAinda há lugares bons em Lisboa. Lugares onde a gigante cidade se resume ao nosso bairro e aos rostos conhecidos. Tal e qual uma aldeia.
Desta Lisboa, ATÉ eu gosto!!