Quando, há uns anos, se atravessava o Alentejo, o olhar perdia-se no mar de searas ondulantes, nas ondas de calor que cobriam os campos de girassol, no horizonte longínquo apenas ponteado por um ou outro sobreiro solitário. Faziam-se muitos quilómetros sem se ver ninguém e eu lembrava, quase sempre, a figura da personagem da Aparição que se suicidara por já não ter mão para semear.
Hoje, a paisagem é outra! O Alentejo cobre-se de vinha, arrumadinha e alinhada, sugerindo obediência cega às normas das muitas troikas, verde e bem tratada. Mas, curiosamente (ou talvez não...) continuam a atravessar-se quilómetros de solidão e, nos olhos das gentes, a secura permanece.
A verdade é que, apesar dos quilómetros de secura e de ausências, os terrenos estão mais aproveitados, mais arranjados, mais penteados...
ResponderEliminarSinais dos tempos e das mudanças... Será que mudam as vontades?
Beijos
Conheço o Alentejo como as minhas mãos. Lembro-me das antigas searas verdes e loiras ondulantes e do calor que quase sufocava. Os animais procuravam as sombras dos sobreiros para se refrescarem, fazendo círculos em seu redor, porque eram escassos. Lembro-me, mais recentemente, de quilómetros a perder de vista, de plantações de girassóis... Agora é a vinha!...Sinais de mudanças? Espero que venha a tempo de salvar o Alentejo, já que as gentes, não esquecem o isolamento e a solidão reflectidos nos seus olhos!
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