Com toda a certeza, não viria o Desejado. Sabia a lenda, conhecia os foros intrigantes do sebastianismo mas, com certeza, sabia que esse Desejado se ficara nas areias de Alcacer- Quibir. No entanto, o vento húmido, o mar revolto desvendando a espuma por baixo do denso cobertor de nuvens, fazia-a pensar na História. Dentro do café, com um polar bem quente sobre o fato de banho - afinal, era Agosto -, aquecia as mãos e alma num abatanado em chávena de loiça. No vidro embaciado a que se encostara, sempre o eterno vício da mesa do canto, escrevia palavras soltas. Vinham os filhos, os netos, as ausências definitivas, as temporárias também. Assim, numa letra tremida e escorrida, a companhia surgia, terna, mágica, carregada da força do mar revolto que, em breve, a receberia. De manhã, era sempre assim, ao fim da tarde também, mas, durante a meia manhã, aquela praia iodada e forte fazia as suas delícias. Lembrava, recusando o biscoito caseiro agora oferecido, a pergunta da filha pequena "Oh Mãe, porque vimos nós passar as férias ao mesmo sítio que o Inverno?", e sorria. Como explicar à miúda o seu gosto pelas manhãs fuscas, pelas tardes ventosas, pelas noites que permitiam, em Agosto, o conforto do cobertor?
E voltava sempre. Voltaria sempre às praias do Norte!
Tenho saudades dessas ferias. As memorias do cheiro da praia, do frio das manhas, do mar agitado sao hoje o meu porto de abrigo! Beijos mae querida
ResponderEliminarFilipa
É o fascínio... do mar revolto, do vento escorrido, da névoa forte das manhãs, do sol que só se descobre pelo meio do dia, das gaivotas perfiladas na beira-mar a sentir o vento e a olhar o mar...
ResponderEliminarÉ o fascínio das praias do Norte!