Deixou que o sonho a conduzisse na descoberta das iniciais: - KC. Ken e Carol. E viu o casal cuidando das flores, caminhando devagarinho, sentando-se ali, de mãos dadas sempre, falando primeiro do futuro, depois dos filhos pequenos, logo dos netos bebés, depressa no passado longo. Adivinha o silêncio abruptamente imposto, as folhas caídas e, agora, as poltronas de madeira vazias, ali no relvado, no abrigo apenas ocupado pelos esquilos e melritos ousados.
Que fariam os dois? Talvez Carol fosse investigadora, Ken economista. Ou, se calhar, ela era professora e ele farmacêutico. Não, isso não podia ser, ele cheiraria a remédios e assim a história quase perfeita ficava estragada. Ia acreditar que ela era advogada e ele escritor. Ali, naquelas poltronas isoladas no imenso jardim relvado, ela falar-lhe-ia de casos reais e ele, com calma e óculos de aros redondos, criaria personagens, limaria as arestas da vida chata e eternizaria páginas de possíveis. Se calhar, às vezes ela trazia biscoitos de gengibre e ele, cuidadosamente no bolso largo do casaco quente, uma pequenina garrafa de Porto português. Talvez, porque não?, os dois tivessem gostos parecidos e aquela mania de amolecer o biscoito no líquido doce e quente...
Olhou de novo as iniciais. KC. De repente, uma gargalhada veio destruir o sonho: King's College. Apenas a marcação da propriedade...
Mae querida, romantismos de parte, era obvio! Adoro-te
ResponderEliminarFilipa
Porque não mesmo Ken e Carol? Assim a história fica muito mais bonita, cheia de beleza, romantismo e encanto...
ResponderEliminarO King's College apenas determina uma marca de propriedade de um rei que, quem nos diz, não fora um tirano?
Voto no Ken e na Carol, mesmo que ele fosse farmacêutico e cheirasse a remédio, apesar de preferir o cheiro do gengibre e o sabor de um bom Porto.