Diferente de Álvaro de Campos, o meu cansaço não é de tudo, não é superlativo, não termina nenhum poema. O meu cansaço faz-se de incapacidade de compreender, de solidão eterna, de medo de cada amanhã. Não me apetece mais protestar, não quero esforçar-me por aceitar, recuso com força o comodismo.
Quero o tudo. Ou o nada. Quero o prazer do paradoxo, a possibilidade do sonho impossível, a quimera da utopia. Quero ouvir os pardais ao vento, o ladrar dos meus cães na noite escura, as gargalhadas dos meus alunos face aos textos complexos. O meu cansaço veste-se do cinzento do momento que vivo e, olhando à volta, para trás também, não sei quando foi que a vida começou a descolorir.
Por isso, hoje, queria um poema a estrear, com rima livre, métrica irregular e sentido absurdo.
Agora, queria que o sono viesse vestido de azul, de camisa de dormir branca, bem pontilhado de estrelas macias, abrindo grossos portões para um sonho real.
Cansaço? Só de existir, nunca de ser.
Podia imaginar, sonhar!, que o cansaço se transformava em repouso, em encosto terno, em sono tranquilo, em azul pacífico, em esperanças de verdade.
ResponderEliminarImaginar que o cansaço de hoje será o descanso de amanhã.
Cumprimentos.
PENSAR
ResponderEliminarO acto de pensar é Rebeldia
archote de silêncio iluminado...
É arma de um ser pacificado,
palavra de quem tem a ousadia.
O acto de pensar é a magia
de ver um ser humano apaixonado...
É êxtase de corpo sublimado,
tentando modelar a fantasia.
O acto de pensar é alquimia,
é ouro incandescente do passado,
riqueza intemporal de qualquer dia...
A arte de pensar é um bailado,
é pas-de-deux criando sinfonia,
namoro solitário libertado...
António Fortuna
O medo paraliza-nos.
ResponderEliminarÉ preciso procurar em cada dia a alegria.
Um abraço
Só tu podes alterar esse cansaço. Quando a vida está a preto e branco temos de lhe reensinar as cores a os brilhos.
ResponderEliminarSe a vida fosse fácil não tinha graça!