quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Cansaço

Diferente de  Álvaro de Campos, o meu cansaço não é de tudo, não é superlativo, não termina nenhum poema. O meu cansaço faz-se de incapacidade de compreender, de solidão eterna, de medo de cada amanhã. Não me apetece mais protestar, não quero esforçar-me por aceitar, recuso com força o comodismo.
Quero o tudo. Ou o nada. Quero o prazer do paradoxo, a possibilidade do sonho impossível, a quimera da utopia. Quero ouvir os pardais ao vento, o ladrar dos meus cães na noite escura, as gargalhadas dos meus alunos face aos textos complexos. O meu cansaço veste-se do cinzento do momento que vivo e, olhando à volta, para trás também, não sei quando foi que a vida começou a descolorir.
Por isso, hoje, queria um poema a estrear, com rima livre, métrica irregular e sentido absurdo.
Agora, queria que o sono viesse vestido de azul, de camisa de dormir branca, bem pontilhado de estrelas macias, abrindo grossos portões para um sonho real.
Cansaço? Só de existir, nunca de ser.

4 comentários:

  1. Podia imaginar, sonhar!, que o cansaço se transformava em repouso, em encosto terno, em sono tranquilo, em azul pacífico, em esperanças de verdade.

    Imaginar que o cansaço de hoje será o descanso de amanhã.

    Cumprimentos.

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  2. PENSAR

    O acto de pensar é Rebeldia
    archote de silêncio iluminado...
    É arma de um ser pacificado,
    palavra de quem tem a ousadia.

    O acto de pensar é a magia
    de ver um ser humano apaixonado...
    É êxtase de corpo sublimado,
    tentando modelar a fantasia.

    O acto de pensar é alquimia,
    é ouro incandescente do passado,
    riqueza intemporal de qualquer dia...

    A arte de pensar é um bailado,
    é pas-de-deux criando sinfonia,
    namoro solitário libertado...

    António Fortuna

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  3. O medo paraliza-nos.
    É preciso procurar em cada dia a alegria.
    Um abraço

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  4. Só tu podes alterar esse cansaço. Quando a vida está a preto e branco temos de lhe reensinar as cores a os brilhos.
    Se a vida fosse fácil não tinha graça!

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