Piso terreno alheio. É esta Lisboa que não é minha (e onde por crueldade nasci), este mar que aprendi nos poetas, esta luz que enche os Fados de que gosto, que fazem hoje o meu sábado. Hoje, o mar é um lago, planície a arar por alfaias feitas de sonho e vontades. Germinam velas, navegam ligeirezas, levuras e ausências de raízes. Tomo o meu café olhando este terreno líquido e reparo nas ondas, sonhos de lonjura?, que morrem, desiludidas mas hoje ordenadas, na praia vazia. Morrerão os sonhos sempre, quando as palavras se fazem de espuma e a verdade não tem raíz. Morrerá a vontade quando os ventos, intensos, soprarem a desrazão colectiva. E o meu café sabe bem, forte, enquadrado na baía de Cascais onde sempre afogo sentires de muitos cansaços.
Hoje, as ondas são de vontades e o sol espelha de prata o mar de sempre.
Ondas de quereres, ondas de verdades, ondas de esperanças, ondas de certezas, ondas de determinação, ondas de vontades, ondas que trazem, ondas que levam...
ResponderEliminarQuantas dessas ondas não estarão escondidas na aparente mansidão de um mar tranquilo?
Quantas vezes mais se vai ficar à espera da tempestade que irá pôr à mostra essas ondas, fortes e violentas, as mesmas ondas que voltam e revoltam a nossa vida?
Cumprimentos.
Fez-me sentir saudades do sítio onde está, por diversas razões.
ResponderEliminarGostei do seu texto.
Um abraço
É isso...Lisboa é terreno alheio.
ResponderEliminarOuço dizer, e com grande ênfase e admiração-Lisboa é linda!, mas não sinto nada por ela...e não a acho, talvez por isso, nada de especial.Sinto-a, um local de passagem, impessoal,com milhões de gente que não conheço.
Mas aprecio a luz dos seus pores-de-sol junto ao rio ou à beira-mar.
Realmente as ondas devem-nos transportar a lugares de sonho ,dão-nos evasão e a calmia que sempre procuramos.
Cascais, com a sua baía e toda aquela zona por lá acima,sempre foram e serão, lugares muito aprazivéis para a meditação e para retemperar cansaços.
Espero que tenha passado um sábado bom...