A noite foi de uivos violentos, janelas a bater, ramalhar iluminado por relâmpagos brilhantes. Acordei com um peso na alma, com uma tristeza funda e um desejo, inexplicável, de me sumir num escoador de água, daqueles sempre entupidos com muitas folhas. Mas reagi e fiz-me à vida, o que, para mim, significa dizer que desci à cidade e vim para a Escola. Esperavam-me 26 alunos de 12º ano. Como eu gosto destes miúdos! Falaram-me de Guernica, de Modernismo, de possibilidades e olhares cruzados.
Gosto de perceber que crescem, que o discurso é mais seguro, mais fluente, mais expressivo. A aula voou, em torno de Caeiro e de Álvaro de Campos, todos descobrindo sentidos e decifrandos mistérios. A minha alma aqueceu quando, ao toque da campainha, ouvi protestos de "já?!".
Seguiu-se o Curso Profissional. Agora, 10º ano, o assunto são as relações de palavras, os textos com marcas biográficas. Os miúdos a tentarem, com muita dificuldade, compreender e evoluir. E um só a impedir o trabalho, a procurar o protagonismo, a pôr à prova a minha resistência. Porque terá de ser assim? Porque não será possível, à Escola, encontrar saídas (ou saída?) para jovens de 18 anos que julgam só ter direitos, que crêem tudo poder fazer? Este rapaz, árbitro de futebol, procura na Escola uma ocupação de tempos livres. E os outros têm de o suportar, e nós, todos, pagamos. Será que está certo? Tenho dúvidas.
Gosto de perceber que crescem, que o discurso é mais seguro, mais fluente, mais expressivo. A aula voou, em torno de Caeiro e de Álvaro de Campos, todos descobrindo sentidos e decifrandos mistérios. A minha alma aqueceu quando, ao toque da campainha, ouvi protestos de "já?!".
Seguiu-se o Curso Profissional. Agora, 10º ano, o assunto são as relações de palavras, os textos com marcas biográficas. Os miúdos a tentarem, com muita dificuldade, compreender e evoluir. E um só a impedir o trabalho, a procurar o protagonismo, a pôr à prova a minha resistência. Porque terá de ser assim? Porque não será possível, à Escola, encontrar saídas (ou saída?) para jovens de 18 anos que julgam só ter direitos, que crêem tudo poder fazer? Este rapaz, árbitro de futebol, procura na Escola uma ocupação de tempos livres. E os outros têm de o suportar, e nós, todos, pagamos. Será que está certo? Tenho dúvidas.
Tenho muitas dúvidas!
Mas como é que a Setôra sumia num escoador da água entupido de folhas, se nem a água consegue sumir?...Fez muito bem ir para a escola.Há falta de professores com a sua tempra.
ResponderEliminarEsses alunos "avezinhas de arribação", realmente são uma seca!
"Têmpera" e não tempra.Desculpas.
ResponderEliminarMuitas vezes, estes tipos de exibicionismo não são mais do que uma manifestação de um acumular de frustrações, Aproveitam locais onde se acham superiores aos outros, pelo tamanho, pela idade, e causam perturbação apenas para compensarem as insuficiências que não conseguem ultrapassar.
ResponderEliminarNão há maneira de o ignorar? de o votar ao desprezo? de o ostracizar?
Como ele é árbitro de futebol, já lhe mostrou algum cartão amarelo? Lembre-lhe de que, com dois amarelos, leva um vermelho e vai para o olho da rua.
Cumprimentos