Durante 25 horas (arrumadinhas em sessões de 3 ou sete horas) trabalhei com colegas de outras escolas nos projectos de Educação Sexual. Saía de casa depois de um dia de trabalho, aos sábados logo de manhã, por vezes, e discutia propostas, sugeria processos, apresentava metodologias, exemplificava actividades várias. Faziamos trabalhos em grupo, partilhávamos opiniões e experiências, e por duas vezes - sábados...- almoçámos todas em torno de mesas grandes, bebendo sangria e, quero crer, crescendo profissionalmente.
A caminho das formações, 25 horas é muita coisa, atravessava o meu Alentejo e, muitas vezes, tinha inveja das vacas que, tranquilamente, pastavam ou caminhavam, lentamente, ancas a abanar, sob os sobreiros imponentes. Pensava, naquelas conversas longas que muitas vezes tenho de mim-comigo, que as vacas tinham muita sorte porque não tinham de preparar formação, não tinham de correr de um lado para o outro, não tinham de tentar escapar aos constantes radares da brigada de trânsito, não tinham de aturar bois de incompreensão, e nem sequer tinham de vir aflitinhas para fazer xixi quando, já tarde, a casa me parecia incrivelmente longe. (Claro que as vacas serão abatidas, mas também eu morrerei e, o que é pior, eu tenho consciência desse facto.)
Hoje, agora, noite cheia de luar lá fora e de insónia agitada cá dentro, já não tenho inveja das vacas. Porque eu criei laços com as minhas colegas, cresci com elas, fiz amizades, e tenho, a esta hora tardia, memórias e recordações para acompanharem a minha insónia, e as vacas não conhecem a força dos afectos, o sentido das cumplicidades.
Ontem, há umas horas, terminou a formação em Vila Viçosa. Despedi-me das colegas e já tenho saudades! Agora, quando, uma vez mais, não consigo dormir, lembro-me da atenção da Teresa, da gargalhada da Rosalina, das histórias da Assunção, da fragilidade da Sofia, da curiosidade da Lisete e, sobretudo, da disponibiidade de todas para me ouvirem e trabalharem comigo, aceitando as minhas ousadias, confiando nas minhas competências. Assim se devia, sempre, fazer a Escola: - De afectos, cumplicidades e teias de confiança!
Mal de nós quando deixarem de haver as Teresas, as Rosalinas, as Sofias ou as Rosalinas...
ResponderEliminarJá basta as vezes que as pessoas são olhadas como números ou letras de um conjunto ou registo qualquer, que são consideradas como peças de um jogo, que são ignoradas como pessoas, como seres humanos, como indivíduos...
Daí ser muito importante o estabelecimento dos afetos, das cumplicidades, dos entendimentos.
Cumprimentos.
O sr. Anónimo tem montanhas de razão!
ResponderEliminarE também, ter inveja das vacas para quê? Sabe-se lá como é que serão os bois delas...?
E é muito melhor fazer xixi em casa...
Não há o que chegue, ao entusiasmo da sangria partilhada!
Que se lixem os radares da velocidade; as vaquinhas nunca se podem mover de ao pé dos chaparros, as pobrezinhas...
Vês? Nunca se deve desesperar! E quanto a vaquinhas...deixêmo-las para o nosso Presidente que tanto as aprecia...
ResponderEliminarBoa semana!
É impossivel trabalhar ou conviver contigo sem que nos faças ver,e sentir, como os afectos,a cumplicidade e as teias de confiança são importantes!
ResponderEliminarÉ a tua marca, a tua imagem!
Porque tu és assim: cumplice, confidente, afectiva, meiga e confiável!
!Así lo es!
D'accord, Joana!Ela é assim...por isso gostamos dela!
ResponderEliminaro falcão