domingo, 30 de outubro de 2011

A Hora

Mudou a hora, no tempo dos homens, sem mudarem os tempos a horas de se ser Homem. A manhã é hoje longa, arrasta-se, e eu encontrei no meu mail a carta que Ásia Bibi, uma mulher indiana, escreveu à família ao saber que será enforcada. Esta mulher vai ser morta por ser católica, por ser assumidamente cristã. A ser verdade, e eu creio que, infelizmente, é mesmo verdade, onde estão os Direitos Humanos? Onde estão os jornalistas que deveriam denunciar estes abusos? Como podemos aceitar que, em pleno século XXI, uma pessoa seja morta por professar uma determinada religião? Experimento uma revolta impotente que me faz sofrer. O que são as minhas angústias, os meus desesperos perante uma situação destas? Talvez seja possível fazer-se alguma coisa, talvez seja possível mobilizar vontades para impedir a morte desta indiana que, numa carta que me dilacera, se despede dos filhos e do marido. Talvez, quero crer, seja possível olhar para mais este crime e combater o egoísmo colectivo que marca os tempos de hoje, onde os homens, a se bel-prazer, até o tempo alteram.
É domingo, há sol, vou tomar um café com mar e levo os meus sentires feitos em esfrangalhos. Eu devia ser capaz de fazer alguma coisa!

2 comentários:

  1. Há ocasiões em que, apenas, nos resta assistir, esperar, ver... Sentir a revolta interior. Momentos de impotência, de angustia...
    O que escreveu já foi uma forma de luta!
    Cumprimentos.

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  2. São realmente estes casos dramáticos,fatais, que tornam os nossos problemas e lutas, coisas leves, coisas de brincar quase.
    As Nações e os políticos, só lhes interessa reúnir e deliberar, sobre estratégias materialistas.As causas humanas e os costumes primitivos, isso, cada um que resolva a seu modo...internamente...-É mais confortável, e "políticamente correcto".
    Os jornalistas vão atrás, a bem dizer, noticiam ao sabor dos buracos financeiros,o que irão fazer os mercados,o rating, as dizedelas do presidente Cavaco...e pronto! Já não há jornalistas que vibrem com um ideal, com uma grande causa, como dantes. Parece-me...
    Não é um acto igoísta o seu café com mar, é justo e humano!

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