Saí tarde, tarde para os meus hábitos, mas é fim-de-semana e apeteceu-me conceder-me um café na cama, um banho longo, antes de caminhar ao encontro do rio. Mais uma vez, procurei a esplanada debaixo dos pinheiros, bem pertinho da Torre de Belém, lembrando outros tempos e outras glórias. Lembrando, também, os tempos em que os portugueses ainda olhavam para além das margens do rio, ainda tinham Valores e ainda perseguiam impossíveis.
Na esplanada, porque é cedo e porque há crise, troco a caipirinha por uma bica e resisto até ao pastel de nata. À minha volta há turistas, felizes com os 30 graus que o Outono lisboeta lhes oferece. Olham com atenção o menú, e tiram fotografias a tudo. Sorriem muito. Há um casal, em lua de mel?, que troca carícias ousadas. A senhora que me traz o café reconhece-me de outras manhãs solitárias, de outras tardes também, sorri-me e mete conversa. Como é a escrita da Sveva? - Pergunta, apontando o livro que hoje me acompanha. Respondo que é ligeira, fácil, marcadamente feminia. Ela sorri, diz que gosta de ler, mas nunca tem tempo. Eu sorrio.
Responder o quê? Que leio compulsivamente? Que leio noites a fio? Que estou interessadíssima em saber se o dr. Ermes Corsinni vai ceder ao pedido da filha Tea ou se, concordando comigo, vai defender que os filhos não podem determinar as opções dos Pais, que a liberdade individual, tão indispensável, não é privilégio dos jovens e adolescentes? Enquanto me perco nas linhas da minha memória, a senhora deixa-me para atender os alemães e os italianos.
O sol já incomoda e eu agradeço a presença do rio, do mesmo rio que levou à glória os meus antepassados e, agora, refresca um pouco o sufoco em que vivo, trazendo um intervalo saudável num presente de angústia. Como a Sveva. Mas de outro modo.
Na esplanada, porque é cedo e porque há crise, troco a caipirinha por uma bica e resisto até ao pastel de nata. À minha volta há turistas, felizes com os 30 graus que o Outono lisboeta lhes oferece. Olham com atenção o menú, e tiram fotografias a tudo. Sorriem muito. Há um casal, em lua de mel?, que troca carícias ousadas. A senhora que me traz o café reconhece-me de outras manhãs solitárias, de outras tardes também, sorri-me e mete conversa. Como é a escrita da Sveva? - Pergunta, apontando o livro que hoje me acompanha. Respondo que é ligeira, fácil, marcadamente feminia. Ela sorri, diz que gosta de ler, mas nunca tem tempo. Eu sorrio.
Responder o quê? Que leio compulsivamente? Que leio noites a fio? Que estou interessadíssima em saber se o dr. Ermes Corsinni vai ceder ao pedido da filha Tea ou se, concordando comigo, vai defender que os filhos não podem determinar as opções dos Pais, que a liberdade individual, tão indispensável, não é privilégio dos jovens e adolescentes? Enquanto me perco nas linhas da minha memória, a senhora deixa-me para atender os alemães e os italianos.
O sol já incomoda e eu agradeço a presença do rio, do mesmo rio que levou à glória os meus antepassados e, agora, refresca um pouco o sufoco em que vivo, trazendo um intervalo saudável num presente de angústia. Como a Sveva. Mas de outro modo.
Da Sveva conheço e li a "Lição de Tango" e "Baunilha e Chocolate". Tenho aqui, ainda para ler, o "Mister Gregory".
ResponderEliminarGosto da escrita e gosto particularmente de fazer nas noites longas intermináveis das minhas insónias.
Cumprimentos.
Eu, com "Mister Gregory", na minha varanda pela tarde fora...Sveva Modignani sempre.
ResponderEliminarBem me parecia que estava jogar "em casa"!
Vá lá que não me esbarrei na Setôra, pois costumo ir andar por ali, à tardinha.
Não fui, porque não queria perder outra mulher "7 estrelas", a falar de Mia Couto...
Literatura azul-claro ...
ResponderEliminarCumprimenos.
Li os primeiros da Sveva.
ResponderEliminarUm dos que mais gostei foi "Desesperadamente Giulia", mas depois confesso que me cansei, porque acabam por ser mais ou menos a mesma coisa.
Uma boa semana
Nesta nossa vida de luta, conturbadíssima, a literatura azul é um escape uma evasão. É bom sonhar...
ResponderEliminarLer é um vício bom. É, creio eu, o teu único vício...
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