terça-feira, 24 de março de 2020

ASAS NEGRAS

Tem asas negras, chega e impõe-se. Traz-lhe farrapos de vida, outra existência onde não está mais, de onde desapareceu para o lugar então futuro. Olha-se, mas não se vê. As asas negras continuam, intensas, ameaçadoras. Não há ruído. Ao contrário do Mostrengo não traz perguntas, não pede respostas. Não é o Adamastor, não fala de amor, de traições ou ousadias. Impõe-se apenas. Ela não tenta fugir. Tem medo. 
E ainda assim, tremendo, olha as asas negras que não consegue afastar. Se vierem, será o abraço final. Às vezes, o fim é libertador.

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