O
Senhor Elói, ourives da cidade, morreu na sequência de um incêndio enquanto
trabalhava. Conhecia o senhor Elói desde sempre, lembro-me de lhe comprar os
primeiros relógios swatch que faziam as delícias da minha filha mais nova. Mas
foi na Mesa Administrativa da SCMP que melhor o conheci.
O Senhor Elói
revelou-se um amigo atento, um homem Bom, disponível para servir a comunidade,
sempre com palavras e atitudes construtivas e nunca, como outros, com vontade
de destruir. Habituei-me a ouvir com respeito e amizade as palavras do Senhor
Elói e tenho, já, muitas saudades dele.
Aqui fica o meu muito obrigada pela amizade com que sempre me tratou. Um dia,
senhor Elói, havemos de voltar a rir-nos juntos!
Obrigatório é, sem dúvida, hoje, olhar a situação de pandemia que
atravessamos. É um desafio à reinvenção de muitos dos que são os nossos
hábitos, as nossas rotinas.
É, também, como se fosse um teste à nossa
capacidade de ocupar o tempo com cada eu. Pessoalmente, estou preocupada mas recuso
alinhar no pânico.
Acho absurdo o ataque aos supermercados, o açambarcamento de
papel higiénico, de latas de atum, de conservas várias. Vejo esta pandemia, e
admito que possa estar errada, como um alerta para a insignificância que somos.
Nós, humanos, que julgamos tudo poder controlar, dos mares às montanhas,
ficamos impotentes e frágeis face a esta pandemia. A humanidade não é tão
poderosa como, por vezes, se julga.
Sim, defendo que devemos fechar fronteiras, evitar
ajuntamentos, ter cuidados de higiene redobrados. Temo sobretudo pelos mais
velhos, por aqueles que têm patologias diversas, por todos os profissionais de
saúde. Lamento, embora reconheça que não me surpreende, que não haja máscaras
suficientes, que Portugal não tenha sido célere na adopção de medidas de
prevenção e protecção. Mas quero confiar que mostraremos que, a maioria dos
portugueses, é razoável e capaz de enfrentar esta ameaça, como, ao longo da
História, conseguiu enfrentar outros perigos.
Não resisto, ainda, a
manifestar a minha indignação por haver quem queira politizar esta pandemia.
Não sejamos idiotas! Este vírus, que ainda está no início da sua função
destrutiva, que vai causar danos brutais na economia nacional e mundial, que nos
faz procurar o isolamento quando sabemos que é com o outro que nos realizamos,
não tem cor política.
O Tempo deve ser de inteligência e prudência. Tomar medidas de protecção, fechar fronteiras,
impor controlo a todos- TODOS – os que entram no país, não é uma questão de
ideologia. É só uma questão de sobrevivência!
E antes de me calar, quero deixar uma sugestão. Neste tempo
de isolamento, que sejamos capazes de reinventar a vida em família, o estar em
casa, o fazer coisas juntos. É o tempo de ler, para fugir à loucura assustadora
de muitas das notícias das televisões. Sugiro que mergulhem num bom livro, o
Pintor de Almas é uma boa opção. Porque eu acredito que é dentro de um livro
que se está mais bem protegido. Contra os vírus e contra a estupidez humana!
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