domingo, 29 de março de 2020

MEDO E FÉ

Anda nos Media, e, claro, nas redes sociais, uma imagem do Papa Francisco, completamente sozinho, na imensa Praça de S. Pedro, no Vaticano, a rezar. Para mim, que creio em Deus, que rezo, esta imagem é intensa e dilacerante. Como somos pequenos, insignificantes, perante o Universo. Como o Papa Francisco sofre, tal como nós, ou mais do que nós?, rezando por todos. De repente, aquela Praça linda, sempre cheia de turistas dos quatro cantos do mundo, esvaziou-se de gente, encheu-se de medo. 
Não creio que a Fé seja discutível, não compreendo que me critiquem, me insultem às vezes, por ser Cristã, por ser Católica. A fé é o que me tem ajudado, e não, ao contrário do que alguns dizem, troçando, não espero um milagre, não pergunto onde está Deus. Porque eu sinto que Deus está dentro de cada um de nós e que Ele nos dará força para lutar e para sobreviver. Se não acontecer, a Morte será uma passagem, acredito. E sim, mesmo com Fé, tenho medo. Medo porque reconheço a minha fragilidade, a minha/nossa insignificância, porque sou humana. Rezo. Peço a Deus pelas minhas filhas, pelos meus netos, pela minha comunidade, pelo Mundo. Peço a Deus que reforce a minha fé e agradeço a paz da Serra, a minha solidão que ainda assim dói muito.
Há uns meses, um ano talvez, eu era uma Mulher feliz que passeava em Roma e rezava no Vaticano. Então ria-me, comprava postais e medalhinhas do Papa para que ele me ajudasse, comia fantástico osso bucco e bebia Chianti com muitas bolhinhas. Ainda não tinha regressado e já pensava que havia de voltar a Roma, ao Vaticano, à sala dos mapas, à Catedral de São Pedro. Não imaginava que, um dia, tão cedo, iria ver Roma vazia e a Praça que me encantou ocupada pelo silêncio e pela oração única do Papa Francisco.
Talvez só a oração não nos salve mas, a mim, ajuda-me a suportar o horror da pandemia. Sim, chorei ao ver o Papa Francisco sozinho, de cabeça baixa. Que Deus permita que, em breve, a Praça de S. Pedro possa, de novo, encher-se de fiéis!

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