domingo, 5 de abril de 2020

ESPERA MARIDOS

Hoje, 5 de Abril, faz anos o meu querido sobrinho António. Incrível como os meus sobrinhos fazem parte de  mim, mesmo que cresçam, mesmo que partam, mesmo que esqueçam.  
Acredito que temos a sorte de ninguém nos poder roubar afectos e memórias. Podem levar as presenças, podem até tentar encher-nos de afastamento e dor, mas as memórias boas, os gostares que cada um experimenta e vive na primeira pessoa, ninguém rouba.
A mim, como a muita gente, já  roubaram muitas esperanças, já rasgaram muitos possíveis. Mas eu guardei para mim os momentos bons, muitos, e não abro mão deles.
Hoje, dia de anos do meu António, recuperei, bem vivas, as memórias de outros aniversários, na Casa Amarela, com o meu Pai a dirigir alegremente os preparativos. O meu Pai gostava de me pedir que fizesse o espera-maridos. Era, e é, um doce rápido, com ovos açúcar e canela, que a minha avó Leonor ensinara. 
Há muitos anos que eu não fazia espera-maridos. 
Hoje, domingo solitário e chuvoso, com a alma a escorrer vazios e mágoas, resolvi fazer. Está apetitoso. E a canela sempre me traz memórias fantasiadas. Até Camões, há pouco, estava na minha cozinha provocando sentires! 

2 comentários:

  1. Luísa, passo sempre por aqui e só posso dizer que os seus textos são belíssimos... o resto seria supérfluo!

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