terça-feira, 21 de abril de 2020

PODA(S)

Sempre que faço as minhas caminhadas, na constante companhia do Zorba, encontro motivos que provocam, desafiam, os meus sentires. 
Hoje, reparei nas oliveiras, excessivamente podadas, chorando seiva. Olhei-as com dó. Mais perto, reparei que, apesar dos golpes, elas começam a reinventar-se e, no topo, há já uns raminhos incipientes a gritar sobrevivência.


Fiquei a pensar que na vida da gente, nesta desorganização a que se chama humanidade, também, às vezes, acontecem agressões violentas, que fazem chorar e sofrer. Tal como as oliveiras, fazemos um esforço e, aos poucos, novos possíveis vão surgindo na espuma de cada dia.
Só que, acho eu, as oliveiras têm a sorte de não ter consciência, de não ter memória e, por isso, cada novidade é mesmo isso: - Algo inédito, a estrear. Na vida das gentes, às vezes, já falta o direito ao inédito, o direito ao espanto também.

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