Foi há dez anos, mas podia ter sido ontem, pode ser hoje outra vez. A 11 de Setembro o terrorismo assumiu a sua forma mais violenta e milhares de pessoas, inocentes, cidadãos que nada tinham a ver com o Islão ou sequer com as políticas dos EUA, foram mortas. Lembro-me que, há dez anos, entrei na sala de professores a seguir ao almoço e estava uma colega, a professora de Moral, a olhar para a televisão. Perguntei o que se passava e ela disse-me que parecia um ataque terrorista mas, se calhar, era só uma brincadeira da televisão.
Não foi uma brincadeira, não é uma brincadeira. Desde então, vivemos em constante sobressalto, envoltos em medo, sob ameaça constante, olhando cada estranho com reserva.
Foi isto que fizemos do mundo, foi isto que deixamos que acontecesse à Humanidade. Nós. Todos. Porque, acho eu, todos temos uma quota parte de responsabilidade no germinar do ódio. Este mundo, que não é cão porque os cães são bem mais leais e amigos, tece-se de injustiça e maldade, de medo e guerra. E é neste mundo que nós, todos, vamos vivendo num encolher de ombros colectivo, ou quase. O que podemos fazer? - perguntamos. E respondemos nada. Mas eu creio que é possível fazer alguma coisa, individualmente, para mudar o todo. É possível cultivarmos a amizade, trabalharmos a confiança, construirmos as cumplicidades efectivas, olharmos o outro com verdade, e eliminar, ou pelo menos tentar..., os nossos ódios mais próximos.
Jesus Cristo, um Homem que admiro profundamente, dizia que "não há maior amor do que darmos a vida pelo próximo". Não queria tanto, não sou santa e todos os santos que conheço estão num mundo que desconheço, mas creio que tem de ser possível confiar no Amor e reconstruir a humanidade com base nos Valores do maior Homem que por aqui andou.
Talvez por deficiência/vício profissional, julgo que a Escola pode fazer muito por isso. Tem de ser possível educar na bondade, para o amor, para uma sociedade humanizada.
Hoje, uma década passada sobre o horror do 11 de Setembro, subo ao velho castelo de Marvão, sinto o vento fresco que me despenteia, e percebo como sou insignificante, como a minha existência vale pouco. Tão pouco. Hoje, quero acreditar que é possível lançar, a cada dia, novas sementes de Amor. Das de verdade, das que precisam regadas, desbastadas, limpas de ervas daninhas, todos os dias. Hoje, é um dia a menos na minha vida.
De facto, de início, mais parecia uma montagem, uma coisa imaginada: aviões a chocarem contra o World Trade Center, no coração da América?
ResponderEliminarSó se fosse uma reposição, à época, do programa de rádio do Orson Wells, "A Guerra dos Mundos", no muito longínquo 1938 e que pôs em pânico a cidade de Nova Iorque e toda a América.
Mas não, desta vez era de verdade e em directo! A imagem daquele homem a saltar dum centésimo qualquer andar, a esbracejar e espernear na sua queda da morte, não me sai da cabeça!
A vida a nada valer nas mãos de alguns e, ao mesmo tempo, a ser celebrada na memória, nas recordações, na saudade...
É o ódio, a ânsia do poder, a dominação a imperarem num mundo que foi perdendo os valores, a compreensão, o AMOR...
Cumprimentos.
Tens razão, Luísa. Eu acho que aquelas imagens de há dez anos, começaram a contagem para a morte de um certo mundo.
ResponderEliminarSim, um dia a menos...
Mas aproveita Marvão belíssima e o fresquinho da tarde!
Um beijo