Atrás da saúde, seguindo a moda, tentando a descontração tão-tão necessária, calça sapatos rasos, enfia o velho vestido de algodão e faz-se à estrada. É um percurso difícil, feito de descidas e subidas, o que percorre a cada fim de tarde. Leva nos bolsos largos o telemóvel, os óculos, a mola para prender os cabelos compridos quando o calor aperta, e uma maçã de bravo de esmolfe. Leva também os pensamentos (não consegue que a larguem...) algumas preocupações, muitas memórias e imensos sonhos.
Agora, porque a noite chega mais cedo, pode ver a noite chegar à sua cidade. Gosta das luzinhas amarelas, do velho castelo recortado contra o céu, das estrelas que começam a polvilhar o seu percurso. Trinca a maçã, limpa as mãos ao vestido e chega a casa com dores nas pernas.
O duche devolve-lhe a frescura e, com tempo e cuidado, espalha o creme no corpo que vê envelhecer. Depois, é a hora do telejornal. Vêm as notícias terríveis, os aumentos, as crises sem solução... Ela fecha os olhos e vê-o chegar de mansinho. Estica-se no sofá e pousa a cabeça no colo que deseja. O afago chega feito ternura, o mimo acontece enfim, ela sente-se Mulher. Fala-lhe do quotidiano, que ele conhece, ouve-lhe a rotina e partilham os possíveis. Já não são ele e ela, são eles os dois apenas.
Aos poucos, o corpo cede às carícias, os laços estreitam-se e as notícias deixaram de ter importância. Agora, os dois deitam-se num só dormir. Porque amanhã, com certeza, será outro dia.
Sou mais adepto das pedaladas em bicicleta. Percorro as estradas rasgadas através do mato, meto-me por caminhos feitos pelos rodados dos tractores e máquinas agrícolas e, muitas vezes, vou ter a lugar nenhum.
ResponderEliminarA tecnologia deixa-me levar um GPS para que não me perca nos caminhos perdidos da minha serra e saiba voltar para casa sem grandes desvios.
A melhor parte é a sua, a das carícias, a dum só dormir... de fazer inveja a qualquer mortal.
O amanhã será, sempre, um outro dia.
Cumprimentos.