quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Retorno

Os miúdos voltaram a encher a escola, e a minha profissão voltou a fazer sentido. É bom ver como cresceram, reencontrá-los já com vontade de aprender, mas presos à necessidade (maldita sociedade) de afirmarem desinteresse e vontade de mais férias... Os miúdos de 12º, quase a partirem, estão ainda crentes em bons resultados, sonham com futuros risonhos, e eu tenho muita vontade de os deixar sonhar, de partilhar o entusiasmo deles, de acreditar (e acredito mesmo!) que é possível sermos felizes e ganharmos o amanhã que, só por acaso, começa hoje.
Estes miúdos estão na idade dos sonhos, da confiança, das descobertas, dos possíveis. Deixo-me levar por eles, esqueço as minhas angústias e medos, apetece-me conservar-lhes os sorrisos e dizer-lhes que sim, que claro que vão acertar e ter muito sucesso. Falo-lhes do programa, da ida a Mafra, dos desafios que espero que agarrem, e começo a tecer laços. São os meus alunos, os meus meninos por mais um ano. Vi-os chegar no 10º, tão miúdos e desconfiados, vejo-os agora saudarem-me seguros, Olá setôra! Boas férias? Então o neto?.
Também hoje, 1º dia, lembro os que partiram e vêm as saudades. Lembro-me da Catarina (escrevendo com profundidade), agora em Medicina Dentária, da Raquel (envergonhada dos seus êxitos), do Luís (cumpridor e exemplar), do Danilo (filósofo e contestatário), do João Pedro (que me fazia a cabeça em água), da Rita (sempre pronta a tagarelar), do João (com letra segura e exemplar), do Bernardo (sempre a inventar desculpas criativas), da Mariana (atrasada e preguiçosa, com sensibilidade extrema) e de tantos outros, tantos-tantos, que esfregaram os rabos nas cadeiras velhas e que deixaram em mim marcas definitivas.
Mais um ano. E eu a desejar, tanto!, ser capaz de lhes ensinar, a par com a poesia de Fernando Pessoa, os mil sentidos da Vida, a ternura que nos faz humanos, as letras com que se escreve ternura.

4 comentários:

  1. Um bom ano lectivo.
    Eu começo amanhã (hoje, dia 15).
    Sempre as mesmas esperanças...
    Um abraço

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  2. Querida,
    Anseio tanto ter essa relação com os meus alunos.
    Será que algum dia serei tão boa pofessora como tu??
    Mil beijos

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  3. Professora,
    Os velhos alunos já partiram mas continuam sempre presentes. Longe e perto. Separados e unidos.
    Este ano é um período de descobertas muito diferentes mas não vou esquecer, nunca!, o início do 12ºano.
    Foi um ano que marcou e Fernando Pessoa ainda hoje me acompanha!

    Beijinho e saudades

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  4. É sempre bom o recomeço, o retorno, porque nos traz sempre o renovar e o recordar, o futuro e a saudade, a esperança e a lembrança...

    Continue sempre nesse caminho. Quer melhor compensação que o reconhecimento dos seus alunos?

    Cumprimentos.

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