terça-feira, 20 de setembro de 2011

AI...O AMOR

Quando peço aos meus alunos que definam Amor, o que faço muitas vezes no âmbito da educação sexual, eles ficam aflitos. "Definir amor, setôra?! Isso é impossível." Aos poucos, perante a minha insistência, vão enunciando comportamentos que, na opinião deles demonstram Amor: - Amor é acreditar nela/e; Amor é lembrar-se das coisas importantes para o/a outro/a; Amor é perdoar sempre (e gera-se a confusão: - Perdoar TUDO? Discutem...) Amor é gostar de estar juntos; Amor é fazer o que ele/a quer; Amor não se explica! - Eu vou-os deixando falar, registando as opiniões para, depois, os fazer posicionarem-se face às mesmas. Invariavelmente, concluímos coisas tão óbvias como: - Não há uma única definição de Amor; o Amor pode ser só um; Amor é mais duradouro do que a paixão. Eu calo a minha própria vivência do Amor (o que vale ela?), e fico a vê-los olharem-se por dentro. Também ainda o faço, com frequência...
A Rita Lee, numa canção muito conhecida, e que eu gosto muito de ouvir, garante que o amor é Bossa Nova, que é prosa, que é um livro, que nos torna patéticos, que é cristão, que é latifúndio e que é divino. Talvez ela tenha razão, talvez o Amor seja tudo isto mas, acho eu, não é só isto! Amor é cumplicidade, é entrega e é, tem de ser, confiança total. Quem ama, acho eu, mima, protege, cuida e acredita. Para mim, o Amor é um sentimento que dá mais do que exige, que impõe regras de total entrega. Não acredito que, obrigatoriamente, o Amor seja eterno, mas acredito que, enquanto existe, tem a força da eternidade.
Florbela Espanca garantia que o Amor é uma Primavera em cada vida, mas eu quero acreditar que é mais do que isso (talvez porque sou alérgica à Primavera e adoro o Outono). Acredito que o Amor é a única razão para se viver mas, ao mesmo tempo, é um sentimento exigente, antitético como o definiu Camões, avassalador e violento.
Sophia de Mello Breyner escreveu "metade da minha alma é maresia" e eu, se fosse poetisa, diria que três quartos da minha alma são fibras de sentir. O outro quarto é rosmaninho e alecrim da Serra de São Mamede.

3 comentários:

  1. Eu acho que o Amor é tudo!

    Tudo o que os seus alunos disseram, tudo o que a Florbela escreveu, é fogo e chama, como disse Camões, é o mar e o sal da Sophia, tem imenso de sentir, como disse.

    Mas tem, acima de tudo, ENTREGA, entrega de dar, de acreditar, de dedicar, de pensar, de libertar, de não oprimir, disto, daquilo, de TUDO.

    Ah! Acho que o Amor tem que ter, também, umas pitadas de ciúme! Só para apimentar!

    Cumprimentos.

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  2. Muito bem! "o Amor -como tu dizes- é um sentimento que dá mais do que exige, que impõe regras de total entrega. Não acredito que, obrigatoriamente, o Amor seja eterno, mas acredito que, enquanto existe, tem a força da eternidade."
    Um beijo

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  3. Acho que , "amor" pode muito bem ser tudo que está definido nestes dois comentários. Agora, a nossa grande poetisa Florbela Espanca deixou-nos poemas maravilhosos, mas era um tanto volúvel, instável e inconstante, quanto ao amor.Parece-me a mim, pelo que deixava transparecer na escrita...

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