sábado, 1 de maio de 2010

Da Minha Janela

Não há mundo, da minha janela. Do lado de lá dos vidros, para fora do cantinho onde escrevo, onde trabalho, onde sonho, onde praguejo por vezes, há uma nogueira grande, um muro coberto de velhas heras, o telhado vermelho da minha garagem e a dúvida de que haja vida para além disto. Vida, ou mundo... É que, a cada dia que passa, mais sinto que o meu mundo, esse que se tece de ternura, amizade, cumplicidade, não existe mesmo. Aqui, bem instalada na minha cadeira de rodinhas, sinto-me cada vez mais distante do mundo que integro. Se eu pudesse, havia de desaparecer da realidade, partir nas asas do sonho, e ficar longe, muito longe..., nos braços de uma vida com sentido. E sentires.
Mas não posso. Porque, como ser social, integro uma rede de non-sense onde não há lugar para individualidades mais ou menos exclusivas.
Hoje, do meu canto, gozo o privilégio de poder, ainda que provisoriamente, esquecer-me do outro mundo. Do de verdade. Do que se (des)cumpre para lá da minha janela...

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