segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O Manel


É agora o centro da minha existência, o meu minúsculo Manel, de olhos curiosos e vontade de vencer. Nos meus braços, sinto-o a viver, a questionar-me com o olhar penetrante, a perguntar talvez porque estou eu com vontade de chorar. E não ouso contar-lhe dos meus tantos medos, do susto de existir, do sobressalto constante da minha existência. Quero que o Manel cresça forte e seguro, decidido, impondo o seu querer a este mundo com pouco sentido. Imagino o Manel a correr com o Tango e o Buda, vejo-o a protestar contra a Escola, imagino-o feliz a mostrar que ainda há Homens de verdade em Portugal... E ali, agora, aquela coisinha minúscula, olha-me dizendo que sim, que vai ser feliz, que vai amar o nosso Alentejo, que vai respeitar e herdar a simplicidade sábia do bisavô Emílio que, tenho a certeza, está agora a olhar por ele!

sábado, 28 de novembro de 2009

Frio

Frio gelado em Cambridge quando, de manhã, saí para as voltas habituais. Um frio bom, cheio de energia, que me acelera o passo e desafia os sentires. Hoje, no rio Cam havia vários grupos fazendo punching, talvez por ser sábado, e por não chover. Na paragem do autocarro, fiquei observando e ouvindo o eco de muitas felicidades. Pensei no meu Manel Bernardo, penso nele a cada segundo, e imaginei-o dentro em breve, o tempo voa, ali, nos barcos, de pé, o punch na mão, a namorada em baixo enrolada numa manta escocesa. Esta cidade provoca sentires, desperta sonhos, alimenta ousadias. Aqui, o meu Manel vai ser feliz!! God bless him!!!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Manel


O meu neto!! Como diz a pediatra, uma ruiva simpática, he's a very handsome man...

Cheiros

Saí cedo para o frio das ruas cheirosas de Cambridge. A caminhada gelada aqueceu-me a alma, essa que tão revolta tem andado, e o centro da cidade sábia acolheu-me com chuvinha cheirosa. Havia fuimo de café, de chocolate quente, de waffles e hot-dogs vendidos em cada esquina. Entrei no supermercado e comprei as hortaliças habituais, hoje com nomes diferentes. Hesitei na abóbora, mas escolhi pelo cheiro. Cheirava a Portugal! Depois, no mercadinho de que tanto gosto, cedi às tulipas que já pus a alegrar a sala da minha menina. Voltei de autocarro, carregada demais, sem frio já, com os olhos húmidos e uma vontade, de doer, de que a vida me dê tréguas...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cambridge (Again...)

E pronto, de novo em terras de Sua Majestade, agora para usufruir do título de avó. Não sendo um título aristocrático, tem para mim toda a importância e nobreza! Porque não exige coroa, mas cobre com um manto Real o meu coração.
Hoje, há pouco, vi finalmente o meu Manel Bernardo. Tem os olhos da Mãe, a boca do Pai e a vontade dele mesmo. Com as mãos minúsculas, de longos dedos, aperta-nos a mão parecendo exigir a nossa atenção, a nossa presença. A boca pequenina tem expressão, e as orelhas, que parecem desenhadas ao pormenor por mão de Artista, captam qualquer ruído. Este ano, o meu Natal voltará a fazer sentido. Porque a vida continua, refaz-se, e o meu neto Manel está aí para me mostrar como muitas das minhas enormes angústias se podem tornar insignificantes...
O Manel veio reensinar-me a coragem de viver, a necessidade de, como eu digo muitas vezes aos meus alunos, agarrar a vida pelas orelhas e obrigá-la a cumprir-se a gosto. O Manel veio despertar em mim o inconformismo adormecido!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

24 Horas

Já tem um dia, inteirinho, o meu bebé. Imagino-o loirinho, minúsculo, frágil, e dói-me a impossibilidade de o abraçar. Faltam horas, mesmo poucas são demais, para poder dar-lhe colo e dizer-lhe que vou estar sempre velando por ele.
É muito estranho ser avó. É uma mistura de ansiedade, desejo de presença constante mas, simultaneamente, certeza da existência de algum distanciamento. Os pais são os primeiros responsáveis! Talvez por isso, experimento algum alívio por poder mimar à vontade, estragar até um pouco, o meu Manel Bernardo!
Ao viver as emoções da minha estreia como avó, vivo angústias pessoais, emocionais e profissionais. A minha vida tornou-se um redemoinho de sentires, tarefas, opções, obrigações, revoluções.
Queria PAZ! Queria poder viver estes dias únicos, avassaladores, intensos, mágicos, em paz verdadeira. Mas, claro..., se assim fosse não seria eu, nem a minha vida...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Manuel Bernardo

Nasceu hoje, às 9.30h, o meu primeiro neto, o Manel Bernardo. Nasceu a marcar a vontade, antes da hora que lhe tinham destinado, loirinho e de olhos bem abertos para este mundo que o acolheu. Entre mim e o meu neto há uma imensidão de kms... E dói a distância, estilhaça-me por dentro a vontade de estar junto dele, de o olhar, de lhe garantir o meu amor. Quinta-feira, bem cedo, vou voar para junto dele!!
O meu neto é agora a minha maior ansiedade, e eu tenho tantas!! Lembro-me da minha filha bebé, minúscula, também de olhos grandes e curiosos, e surpreendo-me com a velocidade do tempo. Aquela menina que cabia na concha das minhas mãos é, hoje, uma mãe encantada com o seu bebé!!
Penso na velocidade vertiginosa do tempo e não consigo deixar de pensar que, de facto, a vida é curta demais para ser desperdiçada.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Idiotices

É assim o tempo: sucedem-se os dias, cruzam-se sentires, reconstroem-se estados de alma.
Hoje, vou à vida com garra! Espera-me um dia longo que terminará, uma vez mais, com reunião da Assembleia Municipal. E vou revoltada! Porque estão a acabar com o meu concelho, porque estão a levar para Évora as principais valências de saúde, porque os recém eleitos, e verdadeiros idiotas, no executivo camarário, vão impedir a construção da nova Escola, vão, uma vez mais, em nome de memórias inexistentes (um velho estádio sem utilização) colocar Portalegre na cauda do país! É por isso que eu não gosto destas democracias de pseudo-igualdades!Como pode o número significar razão?! Quem acredita que cem idiotas são melhores que dois seres inteligentes e competentes?? Hoje, apetece-me protestar, com veemência, contra aqueles que continuam a sufocar Portalegre. A minha cidade merecia melhor!!

domingo, 22 de novembro de 2009

Distorções

A vida cumpre-se num fazer de pequenas coisas, disse alguém. Eu gosto da frase. Sobretudo, gosto porque me faz ter esperança nos momentos péssimos e, simultaneamente, valorizar os momentos bons. Nos últimos dias, tenho vivido assim, num carrossel de altos e baixos, sentada naquelas coisas que giram-giram a uma velocidade alucinante fazendo ver o mundo distorcido. Ou, se calhar, o mundo está mesmo distorcido. Ou eu estou distorcida. Nestes últimos dias, cheia de mil afazeres, com o meu neto quase a nascer - uma nova etapa, uma ansiedade indescritível -, o meu coração tem galopado a mil dando sinais de querer parar. Às vezes, apetecia-me deixá-lo parar. Sair de mim e ficar de fora, cumprindo só o essencial, sem me fazer sentir a solidão, a saudade, o desejo, a memória, o medo de um futuro que desconheço. Hoje, queria que o meu coração requeresse a reforma!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Vila Viçosa - MULHER

De quinze em quinze dias, Vila Viçosa acolhe-me. Chego cedo, pelas duas e meia, e sempre me surpreendo com a entrada imponente do castelo ao fundo da praça simpática. Estaciono, tomo um café, às vezes peco uma queijada (são deliciosas, de requeijão), e rumo à Escola. Lá, encontro os colegas que, como eu, procuram facilitar a urgente mudança que a educação exige. Partilhamos experiências, discutimos metodologias, espiolhamos o novo programa, comentamos, produzimos, vivemos momentos que, quero crer, serão marcantes no nosso quotidiano lectivo.
Hoje, uma vez mais, fui a Vila Viçosa. Cheguei dividida, ou mesclada, os sentires profissionais tecidos por angústias particulares, tinha vontade de chorar, apetecia-me ter a força da D. Luísa de Gusmão que dali partiu em busca de um reinado difícil. Deu-me, então, mordiscando a queijada (foi dia de pecado), para pensar como é duro e doloroso sentir no feminino. Vila Viçosa conheceu, acolheu, Mulheres sofridas: D. Luísa, D. Catarina (coitadinha, o marido fê-la de fel e vinagre), Florbela Espanca... Agora, acolhe-me a mim! E, se não sou comparável em importância, sou-o decerto no sonho que acalento. E os meus sonhos...

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

São Rosas, Senhor!


Não as embrulhei no regaço, não serviram para ludibriar ninguém.
As minhas rosas chegaram, hoje, trazidas por uma mensageira com sorriso maroto (ora, ora, é a segunda vez, em poucos dias, que trago flores a esta professora...). Eu perdi-me nelas, cheirei-as, toquei-lhes, afaguei a presença que me faz falta e, de longe, mima a minha existência.
Agora, ao som do Oceano Pacífico, olho as rosas, penso como a vida se cumpre, de facto, num fazer de pequenas coisas, e sorrio à nova realidade que me desafia e provoca.
Ah! Como eu compreendo a Rainha Santa Isabel!!! Como eu sinto, agora, a importância de um ramo de rosas...

Monarquia versus República

Tarde de 4ªfeira e o Clube Europeu, o meu Clube Europeu (mentira... é da minha Escola, eu só coordeno), esse mesmo que tantas dores de cabeça, alegrias e preocupações me dá, a desenvolver mais uma iniciativa daquelas de aprender a ser Pessoa. Desta vez, confrontar Monarquia e República, ajudar os miúdos a perceber que ditadura e monarquia não são sinónimos, fazê-los perguntar, ter dúvidas, reformular ideias feitas e encontrar caminhos, era o desafio. De um lado, a minha amiga Teresa, monárquica de emblema na lapela, segura, fundamentada, apaixonada pela Causa; do outro, o meu colega Capote, experiente, treinado para o uso da palavra, sensato e racional, defensor da República. Esgrimiram-se argumentos, apresentaram-se ideias, deram-se exemplos, falou-se de cidadania e de liberdade, de tempos e de épocas, de indivíduos e de grupos. Os miúdos, jovens quase a poder votar, fizeram perguntas, contradisseram, optaram.
Eu, republicana convicta, olhava a discussão com a alegria, disfarçada, de ver a Escola acontecer. Porque eu acredito que é assim que se faz Escola! Acredito que é importante conversar, não contraversar, ouvir, dizer, questionar, reflectir e construir ideias novas. Saí da Escola depois das seis, cheguei lá às oito e dez da matina, mas vim para casa com a sensação do dever cumprido, com a certeza de ter feito alguma coisa pelo mundo que integro.
Talvez, daqui a 20 anos, estes miúdos não se lembrem das características do Romantismo, ou sequer da diferença entre um conector adversativo e um disjuntivo, mas, tenho a certeza, lembrar-se-ão de uma tarde, numa sala desarrumada, com ruído de obras a perturbar a comunicação, em que discutiram coisas de ser Pessoa!!

O que é que isso contribui para a minha felicidade?

O mundo, o de hoje, o meu, outro não conheço, faz-se de egoísmos mascarados de socializações. Todos andamos à procura de um lugar onde o Sol, ou um raio que seja, incida em exclusivo sobre nós. Todos queremos viver bem, não ter (grandes) preocupações e, numa fórmula que para lá do vazio pode fazer sentido, queremos ser felizes. Depois, há quem assuma isto e quem, sei lá porquê (idiotice, é uma hipótese), o tente disfarçar. Eu não disfarço! Eu procuro viver de modo a concretizar sonhos e a experimentar vivências de felicidade! Claro que, diariamente, sou confrontada com chatices. Mas continuo, ora chorando, ora praguejando, ora fazendo, ora refazendo,ora rindo, ora gritando, na minha busca de realização individual. Assim, muitas vezes partilho com os meus alunos, meus grandes amigos, esta questão da necessidade de fazermos "coisas" pensando em nós mesmos, na nossa realização e felicidade. E muitas vezes também, eles não me ligam nenhuma porque, se calhar, o que eu lhes digo em nada contribui para a felicidade deles... Ora, pensando em tudo isto, decidi impôr uma norma nova nas minhas aulas: - Perante qualquer comportamento considerado, obviamente por mim!, estranho ou desajustado, vou exigir ao responsável uma reflexão sobre o contributo do mesmo na consecução da sua felicidade! É que eu acho que, num mundo onde manda a economia, se pensarmos os nossos actos numa lógica de benefício próprio podemos conseguir mudar muita coisa! Acho mesmo!!

domingo, 15 de novembro de 2009

Chuva!

Fazia, e faz, muita falta a chuva. Eu gosto da chuva. Gosto de a ouvir, como agora, furiosa lá fora, gosto de a sentir em cima de mim e gosto até, imagine-se, do seu atrevimento quando se enfia pela gola e molha, gelada, as costas quentinhas. A chuva fazia falta, o meu Alentejo já tinha gretas e, acho eu, andava poeira demais pelos ares.
Agora, que a chuva chegou, voltou a minha esperança num quotidiano profissional diferente. (Profissional, porque pessoal já eu tratei disso, mesmo com sol a mais). Queria que a nova Ministra, que por acaso até já foi professora do Secundário, devolvesse a dignidade aos professores. Obviamente, teria de ter a coragem de acabar com a divisão injusta, arbitrária, indecente, da carreira. Teria de enfiar no lixo, no normal para não haver sequer hipóteses de reciclagem, o estatuto da carreira e, ao mesmo tempo, todo o sistema de avaliação. Teria de ter coragem para dizer que esta Escola, esta com a paranóia da informatização e sem um olhar para as PESSOAS, não serve! Se ela refrescasse ideias, aproveitando a chuva que cai de borla, havia de proibir turmas com mais de 20 alunos e havia de reduzir, drasticamente, o tempo que os miúdos passam enfiados na Escola.Eu gostava que a Ministra se lembrasse que os miúdos precisam de tempo para viver! Até para viver as Aventuras que ela imagina para eles...Deus queira que ela apanhe uma molha revigorante!!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Mudanças

Coitado de Luís de Camões... Já morreu há mais de 500 anos e eu ainda ando a chateá-lo com o que escreveu. Dizia ele que "todo o mundo é composto de mudança" e digo eu, agora, que a mudança custa, dói, é exigente e não acontece com a simplicidade das estações do ano que se sucedem. Aliás, as próprias estações do ano também já se cansaram e, agora, mudam pouco.
Eu desejo a mudança. Queria ver mudar a Escola, a sala de aula, as atitudes, as emoções também. Queria, ainda, ser capaz de mandar às urtigas (ou a outro sítio qualquer, porventura mais desagradável ainda) as rotinas que tornam as pessoas mecanizadas, que nos prendem - Sim, a mim também - a realidades incómodas e dolorosas. Hoje, apetecia-me ser dona de uma transportadora de essências e, de repente, sem demorar nada, fazer a mudança de toda a minha realidade!!!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Avarias

Há dias assim, dias em que tudo se avaria! A máquina da loiça não avança do enxaguamento, o computador não abre o excel, a máquina da roupa tem a gaveta do detergente partida, o esquentador não dispara. Tudo parece, hoje, ter acordado para me infernizar a vida. Como se eu precisasse que me lembrassem que o inferno existe... Para complicar as coisas, a minha cabeça anda a mil, o coração a cinco mil, as emoções a dez mil! Hoje, queria entrar nas histórias da minha infância, encontrar a Alice, passear no País das Maravilhas (e não no das avarias) e ouvir o coelho branco dizer-me para escolher bem o lugar para onde quero ir. Gostava de ser menina, para pedir colo e ter a certeza, essa certeza inconsciente e boa, de que alguém havia de resolver os meus problemas.
Como já não caibo nos livros da minha infância, o corpo cresceu, tenho mesmo de fazer face à vida real... E tenho pouca vontade. Que chatice, será que também eu avariei? Ou serei avariada de origem???

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

INCRÍVEL!!!

Dia de formação. Kms feitos com a cabeça a mil à hora, o coração em sobressalto. Chegada à escola em obras, bandeira da Mota Engil, contentores, homens de capacete, ruído. Finalmente, o Bloco D e a sala certa.
Porta fechada e, para passar o tempo, conversa com a colega que chegara antes da hora. E, conversa puxa conversa, ela foi contando: - "Os professores queixam-se da avaliação, têm razão, mas o que passamos nós, os contratados, é bem pior... "Eu, curiosa, fui puxando confissões, e ela continuou: "Este ano, só tenho área de projecto. Eu, que não tenho os alunos em nenhuma disciplina, tenho a área de projecto. E, amanhã, vou começar a dar educação sexual. Estou apavorada!" Perguntei se esta professora não era, como eu, de português. "Sim, sou. Mas a educação sexual tenho de dar no projecto". E sabe como fazer isso? "Falei com uma colega de Biologia. Disse-me para nunca usar a 1ª pessoa, nunca dizer eu, ou nós, para não personalizar as coisas. E disse-me que é fundamental que fale sempre neles, nas pessoas, sem referir homens nem mulheres, para não ser acusada de segregação dos gays e lésbicas". Felizmente, a funcionária chegou, abriu a porta e eu fui preparar-me para a formação. Decorreu a sessão, falámos de novas metodologias, de sonhos, de sucessos e fracassos, mas a angústia daquela jovem colega ficou-me cravada na alma.
O que está a acontecer neste país??? Como podem acontecer barbaridades destas?? Experimento hoje uma angústia preocupada. O que vai ser destes miúdos, a quem se fala de sexo de pessoas assexuadas??? O que vai ser destes professores, lançados assim para uma tarefa violenta e contrária a todos os Valores???
Ao pé do que esta colega, e centenas de outros colegas..., estão vivendo e fazendo, que importa falar de didáctica do português ou de novas metodologias???

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Avaliação

Já foi afixado o calendário com os passos, e datas, da avaliação de desempenho docente para o próximo ano. Manteve-se o sistema da idiotice: - as arbitrariedades, as injustiças, as falsidades, as anormalidades instituídas. Os professores, os tais 120 mil que se manifestaram e depois votaram PS... - Alguém me explica como foi possível?? -, parecem acomodados e tudo decorre da mesma forma. Ouve-se dizer que é preciso voltar a imprimir os objectivos do ano passado, e eu que já eliminei os meus..., e pensa-se nas datas das aulas assistidas pelo colega titular que, tantas vezes, personifica a mediocridade!
Como pode vingar um sistema que assenta em subjectividades, em faz-de-conta, em papéis, grelhas e questões burocráticas?? Desespero! Não quero mais integrar a revolta, se ela surgir, porque acho que o esforço é inglório e, sinceramente, acho que o Ministério da Educação não merece sequer uma palavra minha. Mas, ainda assim, sofro a humilhação que a presente avaliação representa. Sofro a raiva contida contra um sistema obsoleto e estúpido! Queria ser avaliada com base no meu quotidiano lectivo, no trabalho com os meus alunos, na dinâmica e qualidade das aulas. Queria uma avaliação formativa, capaz de me ensinar a fazer melhor e não, NUNCA!, uma avaliação punitiva e castradora de inovação.
Socorro! Esta EScola fica-me escandalosamente curta!!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Conquistas e Afectos

Frequentemente, na minha vida de professora, esbarro com dificuldades, com incompreensões, com desentendimentos até. Se, com os colegas, estes facto me incomodam e perturbam (às vezes muito mais do que eu desejaria), quando com alunos desesperam-me. Desde sempre, desde os meus primeiros anos como professora, que considero os alunos a minha prioridade e, sempre, me esforço e empenho para os ajudar a crescer, para os orientar, para, mais do que ensinar-lhes português, lhes ensinar a vida.
Às vezes, felizmente, as coisas resultam. E foi o que aconteceu, no último ano lectivo, com a minha turma de 12º G. Fiz, naqueles miúdos, amigos para a Vida e nunca, mas NUNCA!, me vou esquecer da Filipa, da Joana, das Margaridas, da Carolina, da Ana, do Eduardo, da Maria João, do João, do Fábio, etc. Assim, quando a Maria João, a minha MARIA!, me veio visitar um destes sábados, eu saltei de alegria! Foi um serão com o coração aos pulos, ouvindo as novidades, entusiasmada porque a minha menina se assumiu como mulher política (filiou-se e tudo), receosa porque me falou das muitas dificuldades do novo curso.
Para mim, ser professora, muito mais do que apresentar objectivos ou cumprir horários, é ser ISTO: - Criar cumplicidades, construir amizades, despertar sentidos e sentires que ajudem a mudar o mundo de amanhã que, não esqueçamos, começou ontem!!
Obrigada miúdos, por me fazerem sentir com sentido!
Obrigada Maria, por estares a tornar-te numa mulher fantástica!!!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Esperança

Se calhar é possível.
Tenho andado numa roda-viva, de formação em formação, com aulas e reuniões pelo caminho mas, no meio de toda esta loucura profissional, tenho as rosas vermelhas, ainda perfumadas, lembrando-me que é possível dar sentido à existência. Sinto o meu coração mais mole, tenho vontade de sorrir, apetece-me brincar e voltei a acreditar naquela janela que, dizem, Deus abre sempre que fecha uma porta. Redescobrir o frisson de uma paixão, sentir de novo o coração aos pulos, acordar a cada dia fazendo desconto no tempo que falta para a plenitude, tem-me feito pensar que, se calhar, o mal deste mundo, e do meu país, é apenas ter perdido a capacidade de Amar!! Se eu fosse ministra da educação, ou se ao menos pudesse conversar com ela, havia de lhe recomendar que fizesse acções de formação sobre a capacidade de amar; que implementasse, nas Escolas, projectos de Gostar, que investisse em espaços de construção de afectos. É que sinto-me tão bem assim, apaixonada!!!