segunda-feira, 26 de junho de 2017

Os Grandes Egos

Freud nunca deve ter imaginado o que a sua constatação científica havia de provocar no mundo. Cada vez é mais difícil, acho eu, gerir egos. Porque toda a gente, ou muita gente, sobretudo se de inteligência reduzida, apresenta um ego do tamanho do mundo! Da altura do ego, colocando-se em bicos de pés, exigem protagonismo, um lugar na primeira fila da vida, reconhecimento de coisa nenhuma. Os grandes egos são, um pouco, como os pseudo-sábios, aquelas pessoas que estão tão seguras de tudo saber que não conseguem olhar para além do seu umbigo! Normalmente, os grandes egos vestem-se de hipocrisia, gostam do anonimato, da conversa escondida, da rasteira desonesta...Por tudo isto, e por mais muitas coisas que nem ouso escrever, os que incham o ego não sabem pedir desculpa, não sabem reconhecer falhas. Apontam sempre o dedo, adoptam a técnica da vitimização e chateiam que se farta quem com eles se cruza!
Se fosse possível recuar no tempo, eu diria a Freud que reconsiderasse as suas descobertas científicas...

domingo, 18 de junho de 2017

HORROR

Ainda não foram criadas as necessárias palavras para dizer o horror e o violento absurdo que aconteceu, e continua a acontecer, na zona centro do país. Pedrógrão Grande, Leiria, muitas pequenas aldeias que nem sabia que existiam, tudo engolido pelo fogo, pintado de negro pela morte. Carros carbonizados, corpos perdidos numa tentativa de fuga desesperada, o inferno a fazer-se verdade.
Não sei se há culpados. Talvez, no fundo, todos sejamos culpados pelos sucessivos atentados à natureza, pela construção desenfreada, pelo desrespeito pelas espécies autóctones e a inserção de árvores invasoras; ou talvez não haja culpados, porque as trovoadas secas acontecem, porque os horrores o são em si mesmo. Vejo as lágrimas de tanta gente e sinto uma dolorosa impotência. Não consigo deixar de pensar que todos devíamos fazer mais...
Olho a Serra e penso que podia ter acontecido aqui. De repente, as minhas tristezas e desilusões tornam-se ridículas e insignificantes. Os meus desamores, as minhas revoltas, as minhas lutas por algo melhor, nada faz sentido face à imensidão do horror que o fogo espalhou. Queria, agora, a paz do esquecimento, como canta o Zambujo na minha solidão.

domingo, 4 de junho de 2017

TERRORISMO E MEDO

Continua o terrorismo, o ódio, a violência sempre injustificada. Olho Londres, essa cidade de que tanto gosto, os lugares onde fui imensamente feliz, e a raiva revoltada cresce. Porquê?! A responsabilidade não é de Alá, de Deus, ou seja lá qual for a divindade que queiram invocar. Não me convencem os argumentos de que os cristãos, no movimento das cruzadas, fizeram o mesmo. Era outro mundo, era outro saber (ou não saber) eram outras circunstâncias. O que vejo, hoje, são jovens que procuram a morte matando, movidos por fraquezas, por inadaptações diversas, por maldade manipuladora e gritante. 
Sou professora e tenho medo. Como explicar às crianças, aos jovens, este fenómeno em que se tornou o terrorismo? Como explicar as contínuas mortes no mediterrâneo, afinal outra forma de terrorismo da responsabilidade de tantos actores? Olho com medo físico aqueles com quem me cruzo, abraço os meus netos com a angústia que o pânico provoca. 
Que mundo é este? O que fizeram do nosso mundo e, mais grave, o que continuamos nós a permitir que façam da humanidade que integramos? Uma vez mais, penso que a educação tem responsabilidade. É urgente educar pessoas, muito mais do que instruir criaturas. É tempo de trabalhar valores, de dar o exemplo do Amor, da entrega ao outro, da Liberdade e do respeito. É tempo de substituir a Escola dos testes e da segregação. Urge incluir, trabalhar o direito à diferença e respeitar a tal Pessoa que mora em cada aluno... Nietsche falava no Novo Homem. Está a acontecer, mais de 100 anos depois do anúncio?
Olho as notícias que me chegam de Londres e penso que há muito para fazer. Acredito que é possível fazer alguma coisa! 
Talvez, nesta loucura de dinheiro e tecnologia, tenhamos esquecido de que massa se fazem os humanos. Talvez ainda seja tempo de  construir um mundo possível!