domingo, 24 de junho de 2018

FOME

Está calor. Mas é Verão... É, por isso, o clima certo no tempo certo. Chega a ser estranho porque, nos últimos tempos, nada parece adequar-se ao lógico, ao sensato, ao natural.
Nesta tarde de muito Verão, fui buscar Sophia. E voltei  ao Tempo dos Chacais, voltei à Liberdade ansiada que ela canta e pede como poucos. 
Eu também tenho fome de liberdade! Também temo os chacais e também desejo - TANTO que dói!, poder escrever e pensar sem medo nem receio... 

quinta-feira, 14 de junho de 2018

PROFESSORA

Sou professora. Escolhi livremente a minha profissão, lutei bastante pelo meu lugar na carreira e gosto do que faço. Gosto dos meus alunos, gosto dos conteúdos que lecciono (excepção para o Frei Luís de Sousa), gosto de alguns colegas, gosto do cheiro da escola, gosto das ousadias que a descoberta dos textos sempre me permite.
No entanto, como professora de quase final de carreira, como cidadã activa,  não percebo porque razão, em Portugal, os exames são um caso de polícia... E menos compreendo que, nesta época de exames, os professores continuem a ser maltratados. 
Como se pode aceitar que se convoquem docentes para trabalhos a mais de 50 kms da sua escola? 
Pior, pagam-se as deslocações (não se sabe quando porque as escolas não têm verbas para o fazer) a onze cêntimos o quilómetro! Ou seja, os professores vão ter de pagar do seu bolso para o exercício de tarefas para as quais são convocados! 
É justo?
Será que faz sentido? A meu ver, não faz mesmo sentido nenhum! Como não faz sentido nenhum, nenhum mesmo,  dar aos exames esta aparência quase pidesca! 
Nunca fiz greve. Não discuto a pertinência de tal forma de luta, mas não é a minha maneira de lutar pela dignificação da carreira. 
Entendo, contudo, que os professores são  muito maltratados pelos sucessivos governos, que o desprezo por esta profissão é enorme e que os docentes deveriam impor-se unindo-se, agora, numa recusa total à realização desta paranóia que o IAVE coordena...

domingo, 3 de junho de 2018

PROVOCAÇÕES

Viver não é fácil, mas isso já não é novidade. Cada amanhecer é, sempre, um novo desafio, como se se abrisse uma gaveta sem sabermos o que lá está guardado... Tenho tido muitas surpresas na vida, diria mesmo que muitas mais do que as necessárias, muitas desilusões também. Às vezes, acho mesmo que basta eu afirmar nunca que logo o indesejável surge...
Desta vez, não foi um indesejável. Foi uma provocação da existência! 
Quando eu estava de corpo e alma num projecto, quando abraçava um desafio apaixonada, veio uma provocação diferente. E se? E porque não? Mas eu estou...! Pois, mas talvez faça sentido...
E a vida, a existência, a convocar-me, a desinquietar-me (mais ainda), a tirar-me o sono. Será que o meu sonho merece mais este desassossego?
Como adivinhar é proibido, vou experimentar.

sábado, 2 de junho de 2018

O BAILE

Chegavam hesitantes, equilibristas nos saltos como na vida, sorrindo orgulhosamente tímidas. Eles, de gravata, fato e ténis, lacinhos alguns, sorriam na experiência de serem cavalheiros. 
O brilho dos olhares ofuscava  as estrelas em noite de lua cheia. Tiraram fotografias, mostraram penteados, agradeceram os justos elogios dos professores. Depois, o jantar. A juventude a libertar-se do formalismo, as gargalhadas, os vai-abaixo, o tem -de -beber-este-copo-até-ao fim, as palmas. As voltas pelas mesas, lembrando casamentos, os toques ousados dos namorados. 
E o baile! Não valsa, ou tango, mas os Kizombas da moda, o balancear dos corpos treinando para os balanços das muitas marés da vida.
Gostei de ter ido ao Baile de Finalistas dos meus alunos. Sinto já alguma nostalgia, a repetida angústia de lhes temer o futuro...Mas são jovens, vão vencer!