domingo, 30 de novembro de 2014

Papa Francisco

Vi o Papa Francisco em Istambul abraçando o representante máximo da Igreja Ortodoxa. Ouvi-o falar na injustiça crescente e na necessidade de Amar, a única coisa que Cristo pede é que se amem, que pratiquem o amor. Ouvi-o falar do perdão e da necessidade da velha Europa se repensar. Eu, que tive uma semana terrível, que começo uma nova semana com os sentires estilhaçados e o coração encolhido, senti uma força nova ouvindo Francisco. Tenho tanto que aprender...

sábado, 29 de novembro de 2014

CARTA ABERTA

Senhor Ministro Nuno Crato,
Não sei se o senhor passa os olhos pelas redes sociais, talvez ache que são coisas de gente comum... De qualquer forma, como não tenho outra forma de entrar em contacto consigo, esta é já a segunda vez que me sirvo das abertura da internet para lhe dizer o que penso. 
E penso tanta coisa! 
Em primeiro lugar, o senhor desiludiu-me. Ao contrário de muita gente avisada que nunca acreditou em si, eu vi-o chegar à 5 de Outubro cheia de esperança. Tinha lido o seu Eduquês (deveria ter-lhe chamado politiquês) e acreditava que ia olhar a Escola com seriedade e razão. 
Devia talvez, eu que já virei os 50, estar habituada a desilusões. Mas não estou e, por isso, não consigo olhar para Vª. Exª com indiferença. Na minha opinião de professora e cidadã, o senhor está a destruir a Escola portuguesa, a infectar o clima de Escola, a humilhar os professores e, mais grave ainda, a enganar e a excluir os portugueses. Tudo o que o senhor decide, pauta-se pelo absurdo:
1º As notas do final de um ano de trabalho devem corresponder à nota de um momento: - o EXAME!. Então, Senhor Ministro, para que serve o aluno progredir, empenhar-se, ser avaliado continuadamente ao longo do tempo? Um ano pode equivaler a um momento? 
2º Os alunos devem ter notas para entrarem nas faculdades. E os que têm outra opção de vida? E aqueles que não querem seguir o ensino superior? E aqueles que querem aprender uma profissão e sair de 12 anos de Escola para a vida activa?
3º As Escolas com melhores resultados (nos exames, claro!) vão ter mais dinheiro. Não deveria ser exactamente o contrário? É o mesmo do que administrar antibiótico a quem não sofre de nenhuma patologia.
4º Os professores, ainda que avaliados externamente como Excelentes, estão sujeitos a cotas e poderão ter de ficar com Bom. Incentiva alguém a trabalhar?
5º A sociedade moderna tem a responsabilidade, a obrigação mesmo, de permitir o acesso à cultura e ao saber a TODOS! O senhor ministro apresenta rankings idiotas, conclui que os filhos de gente com dinheiro e formação superior têm melhores resultados e, a seguir, penaliza os que têm menos dinheiro. Escola Para Todos diz-lhe alguma coisa? Saberá que TODOS não é sinónimo de ALGUNS?
Senhor ministro, neste momento, como professora, digo publicamente que não tenho nenhuma consideração pelo senhor. O que está a fazer, prejudicar uma geração de portugueses, um dia será julgado.
Não tenho vergonha de ser professora. Pelo contrário, tenho imenso orgulho em ser professora! Gosto de ver os meus alunos a aprender, gosto de os ver tornarem-se PESSOAS, gosto de desenvolver projectos diferentes, gosto de passar horas conversando com eles sobre coisas de SER, gosto de desfiar sonhos, de ler poesia, de ordenar as palavras para que façam sentido. 
Eu tenho vergonha, senhor ministro, é de viver num país onde a igualdade é uma quimera e a liberdade um sonho por cumprir!
Tenha um feliz Natal, se for capaz. 

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O CANTE

Quando me perguntam de onde sou, sai-me logo alentejana. Eu, que tantas vezes critico a sinédoque que faz de metade do país um lugar singular, entro na coisa sem dar por isso. Nunca me lembro de dizer que sou portuguesa, mas nunca me esqueço de dizer que sou alentejana. De facto, é o vento soão que me traz neuras, a imensidão das planícies que me define e o branco do casario que me espelha. Sou alentejana inteira. Gosto de açorda, de migas, de carne de porco, de chouriço assado, de vinho tinto, de doces de ovos, de boleima e de bolos fintos. Gosto do falar lento e denso, das expressões só nossas, dos olhares escuros marcados por presenças de um passado muito cheio de canela e fome. Assim, o reconhecimento do Cante Alentejano como património imaterial da Humanidade encheu-me de orgulho. Por ser o Cante da minha gente, por ser imaterial, por me emocionar sempre! 

FANTASMAS

De noite, a velha casa conversa. Oiço os móveis cansados a esticarem as madeiras gastas, estalam as madeiras do chão aliviadas de pesos incómodos e despertam os fantasmas que, de dia, evitam presenças vivas. Escuto o silêncio. Não te esqueças de desligar as luzes da árvore de Natal, diz-me o meu Pai, sempre prevenindo azares descuidados. Ainda não fiz o presépio, este ano. As crianças de outrora são adultos, não há pressa. Por favor, não deitem os papéis dos presentes para a lareira, lembrem-se que já duas vezes os bombeiros tiveram de vir passar a Consoada connosco. Sorrio no silêncio. Não há presentes ainda, o Natal está adiado por aqui. Como está adiada a calma feita paz da minha infância. Mas sim, hei-de fazer o Presépio e, de certeza, hei-de ir buscar um pinheiro ramalhudo, dos verdadeiros, para encher de cheiros novos a minha sala, para iluminar os passeios dos fantasmas da minha velha casa. Coitado do burro, já nem tem orelhas! Para o ano, temos de renovar as figuras. E o para o ano eternamente prolongado, e a vaca a perder um corno, o pastor a coxear, as ovelhas a ganharem um tom achocolatado que as mãos infantis vão deixando. Vou mesmo ter de fazer o Presépio. Talvez dia 8, cumprindo a tradição do Natal pequenino.

Era no dia 8 que instalávamos o Natal em casa. Bem cedo, de botas e casacões, descascávamos os muros, carregávamos tapetes de musgo e o meu Pai cortava o pinheiro. Depois, o dia esgotava-se a fazer os lagos com as pratas da regina, a colocar as figuras, a encher de bolas a árvore que insistia em ficar torta. Tenho mesmo de instalar o Natal em casa… Os fantasmas continuam vagueando, sinto-os passarem por mim num arrepio de frio que me faz enfiar a cabeça debaixo dos lençóis. Sinto as vozes que partiram a embalarem-me os sentires e, de mansinho, converso com a saudade feita eterna presença. Como suportaria a realidade, se não tivesse os meus fantasmas?

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

DIFICULDADE

Li hoje, no meio de muitas tarefas, uma frase de Lobo Antunes com a qual me identifico. Ele, como eu, pensa que a paz interior é a forma real da felicidade. Eu, por mil trezentas e cinquenta e sete razões, mais ou menos, cada vez tenho menos paz, menos tranquilidade e, pior ainda, menos capacidade de aceitar a estupidez. Só para chatear, ou apenas para me mostrar que a vida não é fácil, cada vez mais me confronto com que parece existir apenas para infernizar a vida alheia. Eu gostava, mas de verdade, de saber porque razão cada vez mais encontro pessoas que não sabem conversar, que não sabem ouvir!

domingo, 23 de novembro de 2014

5 ANOS!

Há cinco anos nevava intensamente em Cambridge. Cheguei ao aeroporto de Stanstead ansiosa, atrasada e nervosa. Hoje, cheguei cedo porque é amanhã que o meu neto faz cinco anos. Não neva, mas a chuva recebeu-me violentamente em Gatwick. Agora, como as crianças já a dormir, bebendo um chá forte e negro, penso nestes 5 anos que passaram. Aconteceu tanta coisa! Vivi dias horríveis, sofri o impensável (continuo sofrendo...) mas a vida ganha nova cor quando vejo o Manuel Bernardo sorrir, brincar feliz e quase ler sozinho. O abraço que hoje me deu, forte e inteiro, lavou-me a alma!

sábado, 22 de novembro de 2014

Tristeza

Sócrates está nas televisões pelas piores razões. Eu, que não sou socialista e nunca gostei de Sócrates, não consigo, ainda assim, ficar contente. Porque em causa está o meu país e, pior ainda (se possível), em causa está um povo inteiro que é confrontado, ultimamente, quase todos os dias, com questões tão graves e tão amorais como esta. 
Não sei se Sócrates é ou não culpado. Nem acho sinceramente, que o homem deva ser sujeito a este julgamento público. Mas acho é que tenho vergonha de viver sob a constante suspeita dos dirigentes que, democraticamente, o povo escolheu. Faz falta uma nova geração de políticos mas, de certeza, a olhar por o que vai acontecendo nas Escolas, ainda não será a próxima... Oiço os noticiários e penso no meu quotidiano profissional. Depois, olho a mala que estou a fazer e penso que sorte têm os jovens que conseguiram sair deste país moribundo!

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

OUTRA VEZ

Eu já tinha decidido arrumar os meus sentires no fundo da gaveta dos papéis por organizar. Tinha decidido esquecer os afectos exagerados, deixar de sonhar e ambicionar a tal felicidade utópica, deixar de acreditar em promessas de cumplicidade e plenitude. Mas, como sou burra (sem ofensa para os animais de que tanto gosto), voltei a cair no erro de sonhar, de gostar, de acreditar que sim, que podia ser possível... BURRA!!

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

TERMINAL 2

Muitas vezes, muitas mais do que as que gostaria, viajo partindo do Terminal 2 do aeroporto da Portela. Sempre que lá chego, normalmente em companhia de mim mesma, penso que chamar aquela garagem grande Terminal é muito boa vontade ... Ali não há conforto, não há um espaço agradável onde esperar, não há um restaurante de qualidade, não há, sequer, uma casa de banho limpa e decente. Eu vejo tudo isto e lamento a falta de qualidade do Terminal 2 que, no fundo, revela o pouco (ou nenhum) respeito que existe pelas pessoas, cidadãos comuns, que não podem pagar os voos das grandes companhias e optam, por isso, pelo lowcost. Sou cliente assídua da Easy Jet e nunca me senti mal por isso. 
Só que, no passado dia 13, o incrível aconteceu! A convite do MPT, do eurodeputado José Inácio Faria, viajei para Bruxelas com vinte e quatro alunos. O voo, low cost, era da RYANAIR. Ora, o low cost tornou-se tão-tão low que o voo, previsto para as 9,40h, partiu de Lisboa às 15,00h. E o que pode fazer um grupo de jovens e de professores fechado numa garagem durante nove horas? Sim, porque, com medo de eventualidades, partimos de Portalegre às três da manhã e entramos no Terminal 2 às seis... Nada, se não aborrecer-se, comer hamburgueres e desesperar! Porque, no dito Terminal 2, NADA existe que possa ajudar a passar o tempo!
Bom, eu não estou a lamentar-me, porque eu ia já amanhã outra vez, se pudesse. O que me indigna é a falta de qualidade de um espaço que serve, por dia, centenas de pessoas. Será que quem visitar Portugal, se usar o Terminal 2, está isento das tais taxas e taxinhas?? É o mínimo que se pode esperar...

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

SUGESTÃO

Sugiro:

letrasetretas9a.blogspot.com

É uma ousadia...

Vou morrer em paz. Um dia...

Quem escreve, sempre se expõe. É impossível, acho eu que gosto muito de achar, despirmos-nos completamente de quem somos quando damos forma de letra a pensamentos e emoções. O que se pode questionar, e continuo a ser eu a achar, é se essa exposição, ou entrega ao olhar alheio, deve ser objecto de vergonha, ou até de crítica. 
Ora bem, eu, que acredito em Deus (para além de todas as religiões, lembrando Régio), acho que o Criador se enganou quando nos fez olhando para fora. Ou seja, Ele construiu-nos do avesso, fazendo-nos olhar os outros, e o que nos rodeia, muito mais vezes do que as oportunidades de nos olharmos a nós mesmos. Assim, e só assim, eu compreendo que haja quem tanto se indigne, e proteste, quando eu escancaro a porta dos sentires e deixo correr as emoções. Acontece que, e juro que não sei porquê, às vezes sinto uma necessidade imensa, uma coisa-vontade-quase-física, de escrever. De dar forma às angústias, aos sentires e aos pensares. Não tenho a pretensão de influenciar ninguém, não quero convencer o outro, ou os outros, de coisa nenhuma, mas dá-me um formigueiro na ponta dos dedos e, quando levanto o olhar, o meu coração dos sentires está esparramado no ecrã. (O outro coração, o que os cardiologistas conhecem, continua na caixinha, batendo, até que.) 
E hoje, agora, com mil coisas para preparar para a pos-graduação que estou a concluir, com a mala para fazer (vou às três da manhã - daqui a bocadinho) para Bruxelas com os meus alunos, vim escrever! E vim escrever, exactamente, a certeza que tenho que o mundo está a entrar em rota de colisão com a emoção e, em breve, tudo vai estoirar e vai chegar o novo Homem! Esse, ao contrário do que todos pensam, vai ser feito de emoções, de compreensão e de humanidade. Vai valorizar a individualidade, vai criar um mundo inclusivo de facto e vai-me ver morrer em paz e sem angústias...

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Só Porque Está Frio


Muitas vezes tenho pesadelos. Hoje, tive sonho:
"O  cheiro forte dos churros, das tostadas e do café forte, acordaram-na no espaço diferente. Fxou, primeiro, o tecto de madeira escura e, em seguida, deixou o olhar mergulhar na imensidão de branco que  a pequena janela lhe oferecia. Saudou em silêncio a pausa na vida que, subitamente, podia gozar.
Tinha cinco dias para viver, para ser mais do que existência em cumprimento, para transgredir e fazer do sonho o real. Há alguns anos que não via a neve, e como a desejava Deus meu. Agora, era tempo de escolher as cores fortes, de se deixar afagar pelo frio cortante e de descer, tranquila e seguramente, as pistas feitas de neve fofa e paisagens intensas.
Saltou da cama, gozou com volúpia o banho quente e partilhou o pequeno-almoço, ali desayuno, falando de afectos, cruzando olhares e desfiando sentires. Depois, num instante, a chegada ao cimo da montanha e as descidas a sucederem-se. As subidas para repor o creme protector e forte, as descidas para sentir o prazer do quase voo, a liberdade de deslizar marcando, com o batôn seguro, o lugar de cada curva .  A meio da manhã, o café. A paragem, as gargalhadas verdadeiras, simples, a desnecessidade de temer o medo. Eram só os dois, pr cinco dias, com  a neve, o frio, o toque prometedor, a partilha cúmplice do lenço, da caneca, do chocolate negro.

Mas o dia a esgotar-se. O céu a pintar-se de rosa e a chegada ao Hotel, cansada agora, a oferecer o abraço total, a cumplicidade efectiva. À noite, com a pista do Rio bem iluminada, puxou o capuz até aos olhos, e foi tempo de, com a quentura protetora do abraço, caminhar pela praça de gelo e madeira. Tarde já, depois da bebida forte junto à lareira forte,  a cama branca, o édredon leve e o abraço único. Total. Encerrando em si tudo o que a totalidade garante."

domingo, 2 de novembro de 2014

Os Santinhos

Com o Halloween a invadir o país, nesta consequência directa de sermos um povo permeável e colonizável, desapareceu o hábito dos santinhos. Morreu, ou agonizou, o tradicional pão por Deus. 
Eu nunca pedi os santinhos. Fui sempre um bicho estranho, cosida no meu silêncio, incapaz de bater a portas desconhecidas, ou mesmo conhecidas, para pedir fosse o que fosse. Mas lembro-me de ver pedir os santinhos, lembro-me de os dar, lembro-me de deixar as minhas filhas irem pedir à casa dos vizinhos de onde voltavam, invariavelmente, com uma flor feita de pão pela tia Zélia, ou com um livrinho por ela oferecido. Gostava dos santinhos. A Serra enchia-se de miúdos, à porta era um não parar de gente, e ainda sinto vivo o cheiro dos sacos de serapilheira que todos tentavam carregar. Já adulta, gostava de me preparar para dar santinhos. Ia aos rebuçados, fazia broas de mel, comprava chocolates e chamava as minhas filhas para que aprendessem, também, a dar a quem nos batia à porta. 
Este ano, ninguém me pediu os santinhos e eu não fiz broas. Este ano, vi as bruxas e os zombies, os fantasmas e os vampiros, e comi uma empada, num instante, numa área de serviço sem identidade. Quero fugir ao saudosismo, afinal a vida faz-se de mudança, mas não resisto a achar que estamos a perder, depressa demais, aquilo que nos faz pessoas: - a nossa identidade! Hoje, estamos todos excessivamente iguais, num mundo excessivamente plastificado, com modelos excessivamente vazios. Acho eu...

AFECTOS


Ao lado do vestido que aguarda ser estreado em viagens sucessivas, (a ocasião não chega nunca), dobrou as saudades antecipadas, os estilhaços de memórias já construídas e prontas  a desfiar e trancou a mala. Depois, aproveitando o sono infantil, ao menos que às crianças não se imponha a dor do adeus, fez-se à estrada. Sob chuva intensa, com os números da temperatura a descerem vertiginosamente, sorria sozinha sentindo falta de limpa pára-brisas interiores. É que as lágrimas insistiam em fazer despique com a chuva forte... O Minho, verde mesmo, envolto num cobertor cinzento de nuvens fofas, dizia-lhe adeus, ou até breve, ladeando a língua negra onde ia devorando quilómetros. 
Num instante, a rapidez da existência, a travessia do Porto,o choque com o gigantesco estádio do dragão, o Dolce Vita com multidões devoradoras de domingos consumistas a ofuscar a vista fantástica do Douro. Depois, sempre a língua negra, as ultrapassagens, o cuidado para  detectar polícias e radares. 

Por companhia, os afectos distantes. 
Amarrada na sua própria liberdade de ser sozinha, os atilhos da ternura, do amor aos seus, não servem de companhia visível, pára enfim, movida pela vontade portuguesa de café, pela necessidade de esticar as pernas também. E de novo a solidão a acolhe. É a única singular na moderna área de serviço. Há casais, há grupos, e há ela. Sozinha. Talvez, pensa, seja ela a mais acompanhada na solidão aparente. Porque carrega o abraço quente da neta, a voz doce dos netos longe, a ternura das filhas, a quentura da certeza de, algures,haver quem a ama de facto. Sem interesses, sem necessidades, sem abandonos. São os filhos, os netos, quem dá sentido à essência da sua vida que, na aparência, se faz de tanto adiamento e dor.