sábado, 28 de fevereiro de 2009

Três Dias

Diz-se que a vida são três dias. E, curiosamente, hoje acho que sim! Ontem, dia primeiro de três, foi um tempo de sentires e sentidos. Com a minha gente, os meus miúdos de 12º ano, andamos por Mafra. Vimos por lá o Sete-Sóis, a Sete-Luas, a passarola e dificuldade em se se ser feliz. Vimos também morcegos - ratos com asas, horríveis - mas vimos a biblioteca Joanina que sempre me impressiona. Ri-me com as histórias das porcarias reais e comovi-me (sou incorrigível) com a infelicidade de algumas rainhas. Hoje, dia segundo de três, preparei a Semana das Línguas, recuperei o cheiro da terra molhada no passeio com o Fred, e saboreei a bica boa no mercado da minha cidade. Amanhã, dia terceiro de três, faço anos. Muitos! Demais para o meu gosto, mas os insuficientes para a concretização da minha essência. Vai ser um dia a doer, memórias aos pulos...
Depois, segunda-feira, será o quarto dia. Dia sem sentido, de regresso à dolorosa rotina que cada vez mais me enegrece a existência!!! Três dias. Bastava.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

BIS

E mais do mesmo. Amanhã volto à escola, ao confronto com a cobardia instalada, à violência intelectual a que um professor é, hoje, sujeito em Portugal. Indiferente ao cheiro do mar que ainda carrego na pele, sem ligar nenhuma aos meus sentires atribulados, a vida impõe-se na nulidade que a caracteriza. E amanhã eu vou falar de uma obra de que não gosto, vou falar de Blimunda, de D. Maria Ana, de Mulheres que, como eu, sentiram e amaram. Vou, de tarde, falar aos miúdos pequenos do 10º ano do fascínio do conto. Vou dizer-lhes da importância de ouvir e vou contar-lhes um conto de se ser. Só para exemplo... Vou continuar na minha luta (inglória??) para formar uma geração diferente. Mais crítica, mais verdadeira, mais intensa, mais real, mais justa e mais Humana. Perco esta guerra todos os dias mas, no fundo-fundo, ainda não perdi a esperança de ganhar algumas batalhas. Vitórias que leio nos olhares atentos, nas conversas boas depois da campainha, nos momentos de pausa nos corredores desagradáveis da velha Escola...

domingo, 22 de fevereiro de 2009

CARNAVAL

O Oceano Pacífico faz-me companhia. Música de memórias, muitas!, de tempos onde as noites eram mais cheias de alegria e companhia. Hoje, estou na imensidão do Oceano Pacífico navegando na nau imensa da minha saudade. Lembro outras marés, ondas calmas por vezes, tormentas com frequência. Lembro viagens, partidas, novas realidades, olhares diferentes e muitos hotéis sem personalidade onde, por vezes, fui muito feliz. Feliz de ser de facto, nos tais instantâneos de que se faz a felicidade que não é, então, a senhora corcunda que vende maçãs de Bravo de Esmolfe no mercado. Hoje, agora, com a lareira acesa, fecho-me em mim e ignoro o Carnaval de que não gosto. Não gosto dos disfarces, da imitação rasca do Brasil, dos homens gordos com lábios pintados e meias de licra, das mulheres meias nuas, disformes por vezes, das gargalhadas que me soam a falso, a plástico, à vulgaridade das perucas compradas nas lojas horríveis dos chineses.
Quando as minhas crianças eram pequenas, vestiam-se também. De bruxas, de fadas, de índias - penas oferecidas pela Srª. Dª. Zélia - e eu achava graça. Era o faz-de-conta infantil a permitir concretizações. Com adultos, incomoda-me. Acho ridículo. Como acho ridículo o meu país, hoje, feito de coisa nenhuma e de mentira instalada mesmo sem ser Carnaval...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

INGLESES

Estiveram por cá os ingleses. Um grupo animado, sedento de sol, curioso, observador e civilizado. Soube bem a quebra na rotina triste que faz a escola hoje, soube bem o vento da energia que o projecto implicou, soube bem a cumplicidade dos amigos, o João Moura a mostrar os cavalos, a tourear para nós, as saudades de outros tempos a gritarem presente..., o Pedro e a Ana Candeias a animarem a noite com os ritmos de que gosto, a Tuna da minha escola a fazer boa figura. Foram quatro dias cheios, gordos de diferença e ocupação, mas saborosos na qualidade.
Como sempre, houve desilusão à mistura... A minha Câmara, aquela mesma que eu apoiei, a falhar. O argumento, oco e estúpido, vindo do vereador duplo inho. Esse mesmo que é bis de inho!! Tão inho mesmo que argumentou não poder apoiar a actividade por esta não estar no Regulamento! Brilhante! Melhor, só mesmo num dos velhos filmes do Vasco Santana onde, em gargalhadas, se pudesse encontar um Regulamento dizendo: - "Artigo 13º Sempre que vierem estrangeiros visitar as Escolas, a CMP deve apoiar!" Sempre me surpreende a forma, definitiva?, como a estupidez se instalou no poder. Como é possível???!!!
Enfim, nada a fazer porque, quando entranhada, a dita cuja, estupidez mesmo, não tem remédio. Resta-me o consolo de alguns dos meus alunos, divertidos, bem-dispostos, a aprenderem a ser gente!!
Agora, intervalo nas angústias profissionais. Vou rumar ao mar, ao Mar Português, e deixar correr as minhas lágrimas nas águas do Algarve de sempre. Vou levar comigo o sonho, o dos impossíveis habituais, e vou contar de irrealizações, de vontades, de pensares e de sentires. Vou andar à beira-mar, enterrar os pés na areia e tentar deixar por lá a dor terrível que me carrega o braço!!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

INCOMPETÊNCIA

De repente, meio da tarde, num telefonema de secretária, chegou o aviso: - Não vamos poder ir buscar o grupo de ingleses a Lisboa! Assim, sem mais, a Câmara Municipal de Portalegre, esse espaço onde proliferam doutores de coisa nenhuma, descarta responsabilidades e revela a sua verdadeira incompetência. Porque a doutora Mónica se esqueceu... E eu quero lá saber da doutora Mónica, ou das outras doutoras cheias de peneiras e de nulidade certificada!
Este país é isto: - Cunhas, incompetências, irresponsabilidades, gastos ocos de sentido nos lugares de importância para as comunidades. Quem paga a estas enormidades da burrice somos nós!! Nós que pagamos impostos, que sustentamos uma máquina demasiadamente pesada num sistema que, cada vez mais, se revela inoperante e incapaz! Doutoras Mónicas há-as aos montes, doutores também, mas os resultados de tanta burrice certificada é o colapso dos serviços!!
Amanhã, de carro alugado, tenho de trazer 8 estrangeiros que visitam a minha Escola, lá vou eu a caminho do aeroporto. Para quê? Para ter um processo por...não entregar os objectivos!! E o meu objectivo parece-me tão evidente: - TRABALHAR!! Apenas.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Dia dos Namorados

14 de Fevereiro. O rádio grita o dia, o dos namorados, sugere presentes, comemorações, jantares, noites em Pousadas. As rosas sobem de preço, a vendedeira honesta propõe-me comprá-las apenas no próximo sábado, custarão metade.
É a vida, a de faz de conta, a fazer-se presente. Os restaurantes estão cheios, os corações vazios. Lembro o dia, impossível ignorá-lo, e vêm outros dias, quando ninguém estava ausente e eu era feliz, quando as conversas corriam soltas, cúmplices, intensas. Então, a cama de casal não era excessiva e o abraço másculo, forte e protector, sempre me aquecia o corpo afastando os medos.
Hoje, os medos são muitos. As desilusões imensas. Medo do país, da sem-vergonhice que impera, das barbaridades naeducação que me fazem não dormir, andar angustiada e temer represálias. Porque, em Portugal, o mesmo país que festejou a LIBERDADE com cravos, agora as flores perderam o odor. Diz o Poeta, o meu Poeta, que "Tudo vale a pena//Se a alma não é pequena", e eu duvido... É que já passei muitos Bojadores, já enfrentei excessivos Adamastores e o meu sonho continua por cumprir-se... É HORA! E acho que não. Que já foi. Que se perdeu a hora e, agora, só as injustiças vingam. Tudo se emaranha em mim, nos meus sentires magoados, nos meus pensares desajustados.
Dia dos Namorados. Sonho com memórias vividas. Com o tempo do corpo colado ao meu, das mãos másculas provocando impossíveis, das minhas certezas de eternidade quando, voando, fazia corar os anjos de vergonha. Até o S. Valentim!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

LAMPREIA

Sol morno, campos húmidos, verdes intensos, ar limpo e Belver a surgir. Deve ser horrível viver ali, no fim do mundo, entre casas forradas de azulejos, outras de cimento, cães esfaimados e ruas esburacadas, digo no meu silêncio cansado. Lá no alto, parecendo recortado de um livro infantil de reis e princesas, o Castelo. Em baixo, o rio, gordo, praias tristes nas margens na busca de uma modernidade que se faz apenas de aparência. Modernidade deste Portugal sem sentido, feito por políticos sem preparação ou qualidade...
E chega-se à Helena, agora já o Restaurante a Lena. Comigo transporto mil e setenta e três memórias, ou até mais... Foram tantas as idas à Helena! Eu miúda, a molhar-me no rio, a detestar lampreia, a comer carne de porco assada, a única alternativa existente; depois, já eu ao volante do Cx, do Audi, do Mercedes (com matrícula PS - que horror), do Jipe Range Rover com vista privilegiada. E eu a gostar de lampreia, o meu Pai a comprar os bichos vivos que eu me recusava a carregar para o carro - Que horror! Cobras! -e que a minha mãe cozinhava depois, deliciosamente, com arroz e salada. Houve ainda idas à Helena com as minhas filhas pequenas, de novo o lombo de porco, os passeios cheios de cuidados à beira da água, o ver passar o combóio pelas três da tarde. Depois, uma pausa. Tempos sem ir à Helena, o medo das saudades de fazer doer, a fuga às recordações dolorosas...
Hoje, voltei. Fiz o caminho das curvas que tão bem conheço e encontrei a Helena mais velha, parece que encolheu, com o mesmo sorriso e a mesma mão fantástica para a cozinha. A lampreia estava deliciosa, as doses não têm limite, cada um come até querer, a sobremesa continua a tigelada de Abrantes e o vinho é o da casa. No fim, a conta... 30 euros por pessoa. Mas vale o dinheiro, porque se come MUITO BEM!! Porque é um espaço diferente, porque ali as minhas memórias se vestem de ternuras boas que me turvam o olhar mas aquecem a alma.
Ainda vou voltar à Helena esta época de lampreias!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Ritmos

Houve kizomba, assim bem pisadinho pede o Pedro, ritmo de um mundo que não conheço mas que me chega sensual, quente, saboroso até. Houve chachacha, o que eu gosto disto!, acelerado, volta, aberturas, o fun, os corpos que se tocam no ritmo certo que exige sorriso, dança para o par - sempre o Pedro, olha a senhora - insiste, e o ritmo traz-me a areia, a força das ondas, o gosto das caipirinhas, os sonhos possíveis nos oito dias de praia de cada ano. Depois a salsa. Um ritmo rápido, o corpo a libertar-se, os movimentos soltos, a música a invadir-me fazendo-se sangue quente.
Saio da escola de dança a rodopiar ainda no adro da velha Sé, quero lá saber se me vêem, e subo a Serra amando a vida, deixando para trás a cidade que adoro, sem ouvir a razão que insiste em lembrar-me que acabou o momento bom. Chego a casa com vontade de rir, de sonhar mesmo, e tomo duche com os kizombas latinos rodando alto no leitor. Encho a casa de ritmo, deixo a água lavar-me o corpo e evito que me inunde a alma. Gosto da minha alma assim: Carregada de energia, iludida talvez, vibrando ao ritmo da música de que tanto gosto.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

AMEAÇAS

Confesso que sempre desconfiei desta democracia portuguesa, ganha com cravos, oferecida às novas gerações como um direito inquestionável. Muitas vezes defendi a necessidade de se fazer uma pedagogia da democracia, a importância de se ensinar a respeitar o direito pela individualidade, a justiça, a verdade e a liberdade. Só nunca tinha imaginado que eu mesma sentiria, ainda, o peso da falta de liberdade, os efeitos terríveis da ausência de democracia. Mas o impensável fez-se real e, hoje, em pleno século XXI, na era da informática e da clonagem, o MEDO voltou à sociedade portuguesa. Vivo com medo, sem confiar no próximo, temendo represálias já anunciadas por ter discordado da enorme barbaridade que é o estatuto da carreira docente e a avaliação de desempenho. Sou notificada, amedrontada e ameaçada! Mas sinto que preciso continuar a lutar pelas minhas convicções - devo isso às minhas filhas e aos meus alunos - e sinto faltarem-me as forças...
Há professores que já desistiram, sucumbiram, e eu, sem ousar condenar ninguém, penso que esta democracia, ou arremedo dela, que faz dos homens cobardes, não tem nenhum sentido!
Num mundo onde o medo impera, numa sociedade onde os injustos governam, os justos desesperam.
Eu desespero! Por tudo! Pelo socialismo falso que abomino, pelas leis desleais que contesto, pelas injustiças que constituem a justiça mas, e sobretudo, pelo genocídio intelectual de uma geração que integro. Um país assim, só mesmo o PS merece...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

TENDINITE

Dói-me o pulso, o cotovelo, o braço, o ante-braço, o ombro, o pescoço e as costas. As costas naquele ponto crítico onde as mesmas mudam de nome. O osteopata garante que é uma tendinite, carrega na receita do gelo (ervilhas congeladas) e recomenda tranquilidade, nada de computador ou escrita, nada de stress ou chatices. Eu gemo e desobedeço.
Ou por mim mesma, tenho lá coragem para me encher de gelo com o frio que está!, ou porque a vida não dá folga, como posso não me chatear se o meu quotidiano profissional se tornou um inferno?!, não cumpro o prescrito e a dor aumenta.
A tendinite goza descaradamente comigo, mói-me, faz-me sentir infeliz, incomodada, velha de facto. Penso no PDI, daqui a pouco 49..., oiço as palavras do velho Garrinchas - sempre as minhas leituras - "75 anos, parecendo que não é um grande carrego..." já faltou mais. Trago Torga para junto de mim, deito-me com os Diários ao lado e deixo soltar-se o rio que me sufoca. Tenho saudades do que não vivi!
Estarei louca também ou será da tendinite?...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

E pronto, entre frio, chuva, passeios na Serra e desfiar de muitas desilusões, esgotou-se o fim-de-semana. Amanhã é de novo 2ªfeira.
Volto à vida de fingir, ao sorriso de faz-de-conta, às amizades murmuradas com medo de ser escutada, à contagem decrescente para outro fim-de-semana.
Tão original a vida, neste século louco da tecnologia e da idiotice!!!

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Andei pelo Felizmente, há Luar!, adaptando o texto de que não gosto, procurando dar sentido às aprendizagens e, ao mesmo tempo, ajudar os meus alunos a tornarem-se Pessoas de verdade. Na minha alma, ou melhor, nas margens da minha alma (é mau demais para entrar) ecoam as palavras ouvidas na última dolorosa reunião: - TREINAR os alunos para resolverem o exame de12º. TREINAR! Como eu faço com o Tango, para que se sente, dê a pata e rebole (esta última habilidade sem êxito). Mandam-me realizar muitas vezes os exames que já saíram, treinar as respostas, treinar as perguntas e, no fim, em vez de um osso ou de um biscoito, os meus alunos obterão (duvido...) uma nota boa no exame... Dói-me fundo esta atitude! Dói-me a revolta que tenho de calar, incomoda-me cumprir o que condeno, não gosto da Escola de hoje que não é a minha! Esta Escola amputa, formata, reproduz modelos ocos e gastos.
Ah! Como eu queria uma Escola de saberes, de fazeres, de sentires, partilhas e cumplicidades. Como eu queria um mundo onde se compreendesse que a sala de aula não é o espaço sagrado do saber e onde se privilegiasse a individualidade, a inovação, a REAL e efectiva sabedoria.
O meu mundo não existe e, sinceramente, neste que há, sinto-me cada vez mais perdida...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Coisas dos homens

Alguém, uma cabeça iluminada decerto, decidiu rapar a Serra, arrancar as árvores e deixar um monte careca e triste. Eu assisti ao espectáculo com as memórias a doer. Ali, há anos..., ia apanhar pinhas, fazer pic-nic e namorar. Custa-me olhar a Serra e vê-la assim, nua, exposta aos olhares indiscretos e vazios.
Por estes dias, felizmente, a Serra vingou-se e eu estou muito mais satisfeita!! Com estas chuvadas de inverno, correm pedras e lama para a estrada, caem muros, intervém a Protecção Civil, a Polícia e até os Bombeiros. Inteligentes, os técnicos colocam fitas de plástico a fazer de muro e a Serra, de certeza cheia de vontade de rir, continua a enviar brutais calhaus para o alcatrão... Tenho-me divertido a sério com a força da estupidez humana face à inteligência da Natureza.
Quem me ensinou que o homem é um ser racional, bem me enganou!!!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

EU-SONHO

Vá lá, não protestes mais e fica aqui comigo. Senta-te junto a mim, aquece-me por dentro também, deixa-me contar-te das mágoas fundas, das agressões constantes, da violência do meu quotidiano. Concorda comigo. Por favor, diz que eu tenho razão, que foi uma vergonha a entrega dos objectivos individuais pelos professores, que foi o assinar da falta de carácter, a assumpção do medo, a entrega da alma profissional aos demónios da educação! Isso, faz-me sentir que a minha luta, inglória?, é justa e justificada e deixa-me desabafar a minha desilusão magoada. Foi aquele, e o outro, e mais o outro, e esse mesmo ainda. Foram alguns que julgava bastiões de revolta, de verdade e bom senso também. Foram os outros, os que não me surpreendem, os que reconheço feitos e concordantes com a merdice que impera. Pois, não te surpreendas com o meu linguajar... Eu que detesto o palavrão, a vulgaridade, tenho vontade de usar o mais vernáculo português para classificar alguns actos de algumas pessoas... Tu compreendes. Tens de compreender! Porque tu conheces-me por dentro, sabes-me os desânimos tens truques para desatar os nós que sufocam os meus sentires. Hoje, por favor!, hoje fica aqui. Vamos deitar-nos os dois e ousar o impossível, fazer os anjos corar de vergonha, lembrar aos céus que existimos. Hoje, por favor, não me deixes sozinha. Enlaça-me com força nas asas que te conheço suaves, murmura-me coisas de sentir e ousar, abre uma auto-estrada sem portagens nem carrinhas da BRISA para que eu parta no rumo do sonho. Nessa viagem, que tão bem conheço, onde os impossíveis acontecem e a Verdade só tem um rosto...

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Voltei há pouco. Vim com a alma limpa, sovada do vento agreste, das ondas ameaçadoras, do silêncio de Porto Côvo que sempre me renova os sentires. Estava vazia, a pracinha agora recuperada, calçada nova, as casas caiadas, as barras azuis-alentejanas bem brilhantes e limpas. O Marquês, sempre igual, tinha tempo para conversas boas, descontraídas, garantindo a qualidade do marisco e brincando em torno do Tango que pedi para beber. Do meu carro, que se agitava com a força do vento, vi a ilha do pessegueiro ouvindo Rui Veloso. Mas não me lembrei do enforcado, da morte ou do medo. Ali, quente e em paz, lembrei antes a necessidade de continuar a existir, a viver, a tentar encontrar sentidos no nonsense generalizado.
Ontem, cumprindo rotinas, bem instalada em frente de uma bica forte e um delicioso pastel de nata - canela obrigatória! - folheei o SOL e soube do Sócrates. Não me indignei. Porque não me surpreendi....