"Quando eu nasci, ficou tudo como estava". Acho que é um verso de Sebastião da Gama que, hoje, fiz um pouco meu. Quando eu nasci, facto de que infelizmente me não lembro..., também ficou tudo como estava. Só eu vim a esta existência avisada de que as coisas não seriam fáceis, o dia era especial e relativamente raro. Cresci com um aniversário sempre marcado por "não fazes anos, mas enfim, parabéns!", ou "hoje, finalmente, damos-te os parabéns no dia certo!", ou "tinhas de nascer num dia especial!". Habituei-me a esta mobilidade do meu aniversário sem nunca achar que isso me fizesse evitar, ou adiar, o envelhecimento que cada vela garante. Lembro-me de alguns aniversários, da vontade de ser crescida, da alegria de ser jovem, do susto de começar a envelhecer. Lembro-me de um aniversário especial, 40 anos!, e (meu Deus como estou velha!) parece-me que foi ontem...
Hoje, é dia 29 outra vez. Hoje, apetece-me assumir as minhas vontades, estar-me absolutamente nas tintas para as normas e convenções sociais, e oferecer-me o direito de fazer o que me apetece. E apetece-me tanta coisa!