quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

29 de fevereiro

"Quando eu nasci, ficou tudo como estava". Acho que é um verso de Sebastião da Gama que, hoje, fiz um pouco meu. Quando eu nasci, facto de que infelizmente me não lembro..., também ficou tudo como estava. Só eu vim a esta existência avisada de que as coisas não seriam fáceis, o dia era especial e relativamente raro. Cresci com um aniversário sempre marcado por "não fazes anos, mas enfim, parabéns!", ou "hoje, finalmente, damos-te os parabéns no dia certo!", ou "tinhas de nascer num dia especial!". Habituei-me a esta mobilidade do meu aniversário sem nunca achar que isso me fizesse evitar, ou adiar, o envelhecimento que cada vela garante. Lembro-me de alguns aniversários, da vontade de ser crescida, da alegria de ser jovem, do susto de começar a envelhecer. Lembro-me de um aniversário especial, 40 anos!, e (meu Deus como estou velha!) parece-me que foi ontem...
Hoje, é dia 29 outra vez. Hoje, apetece-me assumir as minhas vontades, estar-me absolutamente nas tintas para as normas e convenções sociais, e oferecer-me o direito de fazer o que me apetece. E apetece-me tanta coisa!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Nuvens

Vogam num mar céu, sem chão, feitas de espuma de sonhos, ecos de chuvas saudosas. Cobrem, em retalhos, a minha cidade, a minha existência, o meu olhar diário. Vejo as nuvens lá longe, apeteciveis, lembro os momentos em que, nos aviões, as rasgo sem cerimónia, e não resisto a espantar-me com a sua aparente vulnerabilidade. Só aparente! As nuvens, sei lá como o conseguem, carregam baterias com grande rapidez e isso surpreende-me sempre! Parecem ser nada e, num instante, são tudo! Ainda por cima, quando se desfazem, não deixam memórias tristes...

domingo, 26 de fevereiro de 2012

De volta

Com a capacidade que o Tempo tem de se arrastar nos dias maus e acelerar nos momentos bons, num instante os regressos acontecem.  Voltam depressa demais os aeroportos, as multidões multiculturais e desconhecidas, as solidões apressadas com trolleys coloridos a reboque.Não é fácil, às vezes, voltar  à realidade, aos tempos de chatices e dificuldades. Não é fácil voltar  ao Portugal eternamente adiado, não seduz o teste intermédio do 12º ano já amanhã, não é atraente acompanhar o 10º ano em mais uma visita de estudo. No entanto, num pragmatismo consciente, é preciso aceitar os regressos e retomar rotinas. Eu odeio rotinas!
Se eu pudesse, se tivesse uma varinha de condão, transformaria em horas cada um dos segundos vividos em Cambridge.  Como não tenho varinha de condão, fecho a mala, despeço-me e parto. Daqui a pouco, estarei no meu mundo. Ou não. Porque sempre penso que pode ser desta vez que o avião cai. Se assim acontecer, não voltarei a Cambridge!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

A Dama de Ferro

Vi, há muito pouco tempo, a Dama de Ferro. Era um filme que aguardava com muita curiosidade, porque admiro a Dama de Ferro ela mesma e porque gosto, imenso, de ver a actriz que a protagoniza, Meryl Streep. Agora, em Inglaterra, surgem-me imagens do filme que se cruzam com conversas simultaneamente angustiantes e saborosas. Alguém me dizia, ontem mesmo, que já não há Direita nem Esquerda porque, simplesmente, não há ideais, não há filosofias. Há, apenas, interesses. Eu lembrei-me que, de facto, em Portugal a corrupção nem com o terrível acordo ortográfico se alterou... mas lutei por ideais! Porque, como Tatcher, não acredito que sejamos todos iguais, porque confio na iniciativa privada, porque não quero um estado pesado e castrador dos meus anseios, dos meus sonhos até. Como ela, rejeito os socialismos que só conduzem à miséria colectiva! Aqui, neste país que é o dela, sinto-me até com coragem (ainda) de acreditar numa sociedade humana e com sentido. Malhas que esta monarquia tece...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

estória por contar

Tem mais de 15 palavras, não surgiu em sala de aula e nem tem era uma vez. A estória que poderia sê-lo faz-se de duas senhoras velhotas, quatro cisnes imaculados e um banco bem encerado. Por perto, calmíssimo, corre o rio Cam onde, sem ser Amesterdão, há barcos-casa. Um dos barcos deixa ver, para lá das cortinas floridas, uma cozinha arrumada, uma sala de mesa escura e um quarto com cama de casal.
Mas as duas velhotas, personagens principais, não olhavam para o barco, não afogavam memórias no rio, nem pareciam preocupadas com os cisnes que por ali passeavam. Para elas, o banco encerado era o centro do mundo e puxavam-llhe o lustro afincadamente. Uma delas, de cabelo muito branco, tinha um casaco encerado e apontava os pormenores mais necessitados de lustro. A outra, com um bibe-avental às riscas, estava afogueada do esforço. No banco luzia uma placa dourada com um nome: - Tommy Smith, e uma data - 29.02.1960. Seria homenagem a um marido perdido, a um amante longínquo, a um filho morto? Fixei a data, por não ser uma qualquer. No meu silêncio,  escrevi a estória que não contarei a ninguém.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Puzzle

É um puzzle enorme, com um barco, um tubarão, um golfinho, muitos peixes, muitas plantas aquáticas e muito mar azul. De muitas tonalidades de azul, para complicar a tarefa. O Manel Bernardo, com uma paciência espantosa, vai procurando as peças certas e, sempre que eu proponho desistirmos, indigna-se e exige o meu esforço. Sigo as instruções que me dá, protestanto embora, e desejando que houvesse forma de, com pouca paciência, acertar também com as peças da vida. Seria bom se conseguisse encaixar, na perfeição, o carinho e a compreensão, o tempo e a presença, o amor e a cumplicidade. Distraio-me e tento que a vela do navio encaixe na barbatana do tubarão. O Manel Bernardo ri-se da minha incapacidade e eu rio-me também.
É bom poder rir com a inocência infantil, faz-me bem recuperar a esperança de, um dia, acertar no puzzle da vida construindo um cenário de cor e tranquilidade!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Yes, Please

Some stars on your coffee, madam? - Yes, please. Que essas estrelas, doces e achocolatadas, transfiram o sabor diferente deste café para os meus sentires. Yes, please - que os momentos de outros olhares, diferentes paladares, salpique de sentidos a minha existência. Yes, please - essa bebida intensa onde aqueço as mãos. Yes, please - à ternura do meu neto que me abraça exigindo uma história mais, um jogo, uma gargalhada! Yes! Aos intervalos de vida que as vindas a Cambridge sempre me oferecem.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Inglaterra

O ar é frio mas intenso. Misturam-se raças, cores, edifícios cheios de história e longos prados verdes. Nas bermas da estrada há coelhos e esquilos, caminhar faz bem e a conversa corre fácil. É outro mundo. Paga-se o pão italiano que o francês vende em libras esterlinas, almoça-se nos coreanos, toma-se café no emigrante madeirense que já nos conhece. É um tempo de outra vida, de muitas diferenças e presenças ternas. Tudo é outra coisa que, sendo feita de afectos, ilude as temperaturas negativas. É  a vida a ganhar sentido. Será optimismo? Talvez.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Aeroporto

Cheira mal, está frio, reina a desordem no aeroporto de Faro. Estamos em Portugal e o caos domina. Tento aquecer as mãos no café duplo e olho o espaço que conheço de cor. Vou partir de novo, em busca da ternura certa, do olhar curioso do meu neto. Parto ansiosa, numa mistura de sentires que me angustia. Aqui, deixo muito de mim, lá está muito de mim e concluo que não sou nada de substantivo. Sou, apenas, a soma de muitos sonhos, os resíduos de muitas desilusões, uma montanha de anseios, presenças e ausências de outros que me fazem ser assim: - Uma mulher que aquece as mãos, num aeroporto caótico, numa chávena de café italiana. "Não sou nada, não posso ser alguém. Àparte isso, tenho em mim todos os sonhos do Mundo!" (Adaptação muito livre...)

domingo, 19 de fevereiro de 2012

O Sapato

Lancei o desafio. Vamos escrever um conto, ou muitos contos, com apenas 15 palavras. Para complicar, tem de existir a palavra sapato! Vieram os protestos, - a setôra só tem ideias esquisitas - isso é impossível- podem ser 15 linhas? - mas, esbarrando com o meu silêncio, passaram à fase seguinte. Silêncio, lápis na boca, borracha apressada. Eu lembrei o tempo: - Só 15 minutos! Para haver sintonia... Desta vez, fui eu quem esbarrou no silêncio.
Tempo esgotado, sairam as produções: - "Um sapato abandonado chorava no passeio. Porquê? Porque o par partira, empacotado. Chorava, sozinho, desemparelhado..."; "A mulher já não dançava. Partira-se, ali, o salto do sapato. Indiferente, o baile continuava!"; "Tranco-me na solidão. Sou o sapato apertado que a Cinderela recusa..." e seguiram os contos curtinhos, fazendo-me sorrir, fazendo-me acreditar que, felizmente, a juventude não é um sapato abandonado que alguém deita para um canto...

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Antiguidades

Num dos muitos mails que recebo, alguns nem chego a abrir..., esbarrei com uma apresentação que me fez sorrir. Sob o título de "Velharias", apresentavam-se várias imagens de coisas de um quotidiano relativamente recente. Apresentavam-se os cadernos escolares, as capas dos livros, a publicidade às Bic, dos anos 50/60. Reconheci imagens (decididamente, estou velha!), comovi-me com algumas (eu ainda me lembro do papel químico) e ri-me com outras.
Ri-me, sobretudo, com pequenos excertos retirados da Crónica Feminina - A Revista que as Senhoras lêem e os homens também! - alusivos aos comportamentos femininos. Num deles, lia-se que as senhoras não devem retocar a maquilhagem à mesa de um Restaurante pois, se necessitarem de o fazer, existe um toilette (galicismo eufemístico) onde poderão fazê-lo com recato. Soube-me a pó a palavra recato, de certeza os meus alunos desconhecem o significado, mas gostei da sugestão. É que, mesmo a sério, eu também acho que há coisas que exigem recato e que perdem muito encanto quando praticadas pubicamente. Depois de passar todo o power point, fiquei segura de que também eu sou uma velharia...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Big Brother

Sei que já ninguém fala no Big Broher. Agora, dizem, há outros programas mais encantadores e emocionantes como, por exemplo, a Casa dos Segredos (nunca vi, não comento) e o Peso Pesado (vi e achei deprimente). Contudo, o Big Brother está mais actual do que nunca.
Vivemos na era dos olhares indiscretos, do desrespeito pela individualidade, no tempo das câmaras de vigilância por todo o lado, algumas, sadicamente quase, pedindo-nos para sorrirmos pois estamos a ser filmados. Vivemos, hoje, em exposição constante e sem direito à nossa privacidade, às NOSSAS transgressões e segredos. Se usamos o cartão mutibanco, o Banco sabe logo onde estivemos; se passamos numa auto estrada, a Brisa sabe onde parámos; se subimos ou descemos num elevador, alguém sabe se aproveitamos para ajeitar as cuecas ou retocar o batôn; se experimentamos uma roupa alguém está a ver que o queria outra cor, significa que o modelo experimentado não disfarça as gorduras incómodas!
Confesso que me incomoda a ideia de estar sempre vigiada, de sentir que, algures, numa esquina, pendurado num poste, ou acompanhado de um smile pespegado numa parede, um olho (ou mil?) me espia e observa.
Foi por tudo isto que quando soube que, inserido no GIAE (não sei exactamente o que querem dizer as letras...) é possível aos pais dos alunos controlarem os cartões dos miúdos, saberem o que e quando comeram, a que aulas faltaram, quantas fotocópias fizeram, etc, fiquei aterrorizada! Apetece-me gritar a estes dirigentes, a este mundo louco, que deixem a vida ser vivida!
Não tenho memórias da PIDE, era ainda muito criança, mas, hoje, sinto que a polícia está em todo o lado espiando, investigando, metendo o nariz em tudo!!
Como professora, defendo que a promoção da autonomia e a responsabilização de cada um pelos seus actos é essencial. No meu país, faz-se o contrário: - Fiscaliza-se, tutela-se, espia-se, esvazia-se de responsabilidade cada escolha porque, simplesmente, não se permitem escolhas!
Ainda bem que, quando eu andava no Liceu, podia ir até ao Café Alentejano comer uma boleima, dar as mãos ao namorado, sem um código que permitisse aos meus pais, indo simplesmente ao computador, saberem quantos são os passos que vão do Liceu ao Café, ou quanta é a quantidade de sola que gasto...

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

As palavras

"Já não tenho palavras//Gastei-as a negar-Te" - Diz assim Miguel Torga falando de Deus. Recordo estes versos muitas vezes, não em relação ao Deus negado mas face à vida que me fere. Parece, sinto, que se esvaziaram de sentido, que se tornaram  ocas e moles, as palavras do meu protesto, as frases da minha indignação. Sophia dizia "este é o tempo dos chacais", mas, hoje, eu sinto que até os chacais abandonaram este tempo de vazio. Este é o tempo do nada. O tempo de violência e nonsense, o tempo da solidão mascarada, da humanidade castrada, das emoções sufocadas. Este é o tempo em que as pessoas não são humanas e, como números, se tornam pedras em mãos cruéis sendo, por isso, atiradas de um lado para o outro sem respeito nem cuidado. Neste tempo, os funcionários podem ser deslocados (deslocalizados - em politiquês) sem respeito pelas famílias, pela estabilidade, pela vontade própria. Este é o tempo onde as palavras não comunicam, porque não há comunidade! Este é o tempo do pó e dos seres rastejantes e traiçoeiros. Este é o tempo em que até as palavras se calam.
Em mim, rasgam-se silêncios mudos, sucedem-se páginas negras onde  as letras já não brilham.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Abóbora

Uiva o vento furioso despenteando insónias, desafiando sonhos. Protesta o silêncio arrastando recordações, confrontando futuros de realidades sempre adiadas. Olha os romances que enchem as prateleiras, rostos que conhece de cor, deixando-se levar pelas letras muito lidas, por vidas alheias muito suas conhecidas. Lá está o Frei Abóbora, Frei Abó, o enorme amor por Paula - Pô - Pupinha, as subidas e descidas de um amazonas que já conhece também, o serviço de ternura aos bugres numa dádiva de si mesmo. Gosta de Frei Abóbora e, com ele, partilha as imprecações frequentes (excessivamente frequentes?) contra o Deusão que parece divertir-se a rasteirar-lhe a existência. Gostaria de poder, como frei Abóbora, largar a vida e partir para o mato, para a terra de essências, naquele abraço total onde o Amor abriga tudo. Tudinho!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Dia dos Namorados

É uma importação, mais uma..., e num instante se fez lei neste país que tudo aceita. A 14 de fevereiro, multiplicam-se os corações vermelhos, esgotam-se as flores, compram-se chocolates e partilham-se jantares românticos. Sem gostar de "dias", acho que de nenhum dia..., gosto de lembrar os namorados, de recordar jantares especiais e presentes diferentes. Na escola, vejo olhares mais brilhantes, beijinhos mais repenicados e vontade de sorrir mais frequente. Gosto de ver os meus miúdos assim, a desfrutarem daquela coisa que os poetas dizem ser amor e que, no mundo actual, anda muitas vezes disfarçado de aparências e conveniências.
Se eu mandasse, só para chatear o dr. Passos Coelho, no dia 14 de fevereiro mandava o país fechar às seis da tarde para que fosse possível homenagear convenientemente o Amor. Como não posso, deixo no meu espaço, nesta janela às vezes muito incómoda para mim, o meu elogio ao sentimento Maior:

Para quem não sabe como é

(como se escreve um poema de amor)
eu vou dizer.
Como se estivesse apaixonado
Falar desse teu corpo exagerado
Que apenas aos meus olhos ganha cor,
De um coração em mim ante estreado
Num palco onde jurei fazer-te amor.
Esculpir esses cabelos impossíveis
Que nunca mãos algumas alisaram,

 
Desflorar esses vales inacessíveis
Onde os outros de vésperas naufragaram.
Contar como se ardesse de desejo
As pernas de cetim que tu me abriste
E a boca que se derreteu num beijo,
Soluço de sorriso que desiste.

Dizer, porquê? Se todo o mundo sabe
Que quando se ama não se escreve
E que, então, o tempo todo cabe
Naquele instante breve que se teve.
Contar o resto seria apenas feio,
Sentir o que não foi, deselegante.
Falar do que te disse pelo meio
Só se não fosse homem, nem amante

Fernando Tavares Rodrigues



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A Grécia

Olho com desespero e solidariedade a actualidade grega. Podiamos ser nós, portugueses, se tivessemos ainda sangue na guelra. Se não fossemos, hoje, um povo que vergou ao jugo de uma economia assassina e acéfala. Os gregos lutam a morrem tentanto, APENAS, sobreviver!
Que mundo é este que ignora povos inteiros, que aplica juros de mais de 30%, que sufoca famílias, faz crescer a miséria, provoca a depressão de povos seculares?!
A Europa não tem liderança, a Europa está velha, gasta e oca. Na Europa manda uma Alemanha poderosa e perigosa e os ditos estados membros(?) aguentam, humilham-se, seguem projectos alheios sem respeito pelas pessoas. Esta democracia não serve a um mundo que deve ser humano!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Tudo?

Tudo já é possível. Tudo, até o absurdo, surge no quotidiano dito moderno sem sequer (quase) nos surpreender. Perdemos o direito ao espanto? Ou, mais doloroso ainda, perdemos a força de lutar, esquecemos a necessidade da indignação? Hoje, num domingo de sol gelado, eu indignei-me. Acho que não me surpreendi, mas sem dúvida me indignei. Vi uma candidata à presidência francesa, uma Cindy qualquer coisa, a fazer política de biquini e boca de botox. Diz ela que faz parte do partido do prazer ( prazer de quem?), e defende o ambiente por acréscimo. Eu achei que ela é um desprazer e que, sinceramente, polui o ambiente com a sua nudez agressiva, plastificada e reles.
Bem sei que a política é mal frequentada, que vive de mentiras, de fraudes, de faz de conta sem imaginação. Mas, ainda assim, esta mulherzinha a ser entrevistada na TV francesa, revoltou-me. Ainda por cima, eu gosto de França! Gosto de Baudelaire, de Sartre, de Camus, de Simone de Beauvoir!
Pobre povo francês. Pobre europa reles!

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Noite Mágica

Na noite fria de Cáceres, 4 graus negativos, sob a luz feérica dos monumentos históricos, num chão de pedras e por entre ruas estreitas, sugem duas figuras. Vêm contar lendas, histórias e mentiras. Seguimo-los vendo Cáceres surgir, mágica, à nossa volta. Sabemos que Cáceres descende dos mouros, que assistiu a muitas batalhas e guerras, que foi palco de muitas histórias de amor e ternura. Durante a tarde visitámos museus, descemos à cisterna, surpreendemo-nos com peças com milhares de anos mas, só agora, a verdadeira magia acontece. Sigo os dois actores e esqueço o frio. Rio-me com a história do homem que matou o dragão, quase choro com a lenda do macaco e canto (em espanhol!) sem vergonha da minha voz desafinada. A noite embrulha-me os receios que o dia denuncia, agasalha nas luzes amarelas o frio dos meus sentires e ilude-me a realidade. Cheguei ao Hotel gelada por fora, mas ardendo de emoção por dentro. Eu vou voltar a Cáceres!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O Mosquito

Num café simpático no centro de Cáceres, num cartaz com muita cor, pode ler-se: " É melhor morrer no vinho, do que viver na água - diz o mosquito à rã". Achei  graça ao cartaz  e fiquei a pensar na frase. O mosquito tem razão! Às vezes, é mais importante viver impossíveis, desafiar imposições, cometer ousadias, do que levar o dia-a-dia na estreiteza das rotinas e das normalidades  certinhas. Se eu pudesse escolher, preferiria ser mosquito a ser rã... Gosto da quebra da norma, de ir ao pote com sede, de beber cada gota de vida. Detesto a palavra comedida, o gesto certo, o cumprimento socialmente correcto das normas que outros inventaram! Ah, como eu compreendo o mosquito...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Cáceres

Hoje, teclo de longe. O Hotel impessoal, a língua diferente, o frio gelado que me acompanhou na visita à cidade, as aprendizagens sempre interessantes, iludem-me a existência. Parece que, ainda que por apenas três dias, consegui enganar a rotina e fugir. Cáceres é uma cidade, Património Mundial da Humanidade, que conta História  a cada esquina. Entre colegas, sempre procurando formas de facilitar processos de aprendizagem, neste caso de leitura, conversamos e observamos.´Vivemos mais um projecto Coménius, este Régio (não o Poeta), e eu lembro o meu Clube Europeu, a minha esperança de facilitar a mobilidade dos jovens, de os despertar para o fascínio dos livros e da leitura, o meu desejo de que eles acertem o passo com a vida. Melhor: - Que eles consigam ultrapassar a vida, dar-lhe sentido, construir possíveis e fazer das fraquezas, forças. A História de Cáceres, cheia de lendas fantásticas, faz-me renascer a esperança!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Sozinhos

Não são solitários, são a solidão. Vivem sem ninguém, entre o medo e o passado, e morrem de mansinho, pedindo vergonha pelo incómodo, sem fazer alarido nem abrir a janela. São os velhos do nosso país! São aqueles que não têm ninguém, ou que foram esquecidos por todos, que espreitam de portas sem postigos, que têm como horizonte  a morte certa. Já trabalharam, já deram colo, já beijaram e, com certeza, já partilharam abraços quentes em noites frias. Agora, enchem estatísticas que, sinceramente, me envergonham. Não faz sentido este mundo de abandono, não tem razão esta solidão consentida.
O que fazer? Talvez alguma coisa, com certeza muito mais do que o que existe! Nesta noite fria, numa solidão para mim rotineira, penso nos muitos velhos que têm morrido sozinhos. Também eu,  em breve, serei velha mesmo. O que acontecerá ao meu abraço vazio, ao meu silêncio longo, à minha noite de insónia? Penso nos velhos e tenho vontade de chorar. Perdoem-me o (talvez) egoísmo, mas eu conheço bem a dor da solidão...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Avaliar

Talvez avaliar seja a tarefa mais difícil do quotidiano de um professor. É tão complicado ser objectivo, rigoroso, exacto... E pedem-nos que sejamos isto tudo e, ainda por cima, infalíveis. Desumanos, querem dizer. Como é possível não falhar? Como é possível transformar em número exacto, rigoroso, arredondado, desempenhos de meses? Como professora, e muito ansiosa sempre com a verdade da avaliação que faço dos meus alunos e de mim mesma, tenho a certeza que erro na avaliação. E, o que mais me angustia, não sei como eliminar definitivamente esta certeza de margem de erro... Quer dizer, eu, verdade mesmo, até sei como poderia fazer para que a avaliação fizesse mais sentido, fosse mais real. Bastaria adoptar o portefólio, exterminar as grelhas excel e os critérios e pesos, criando perfis de desempenho e níveis de competência. Só que, porque será?, ninguém quer alinhar nos meus sonhos! Na minha escola, avaliar é uma paranóia colectiva! Chovem testes intermédios, constituem-se equipas de avaliação interna, entopem-se mails com inquéritos, fazem-se cruzes e cruzinhas, dão-se instruções, distribuem-se questionários, recolhem-se, fazem-se estatísticas, e eu, confesso, dou comigo a pensar que nada disto faz sentido. Nenhum sentido! Cruzes!

Se ele pode...

Já muitas vezes, obviamente sem nenhum sucesso, protestei contra o criminoso acordo ortográfico. Assinei todos os protestos, subscrevi todas as petições, lutei e mantive-me fiel ao português que estudei e aprendi, ao português dos meus poetas, o mais que pude. Aliás, o meu desespero é tanto, a minha raiva tão intensa, que aqui, no meu espaço de liberdade, continuo a ter objectivos em vez de objetivos, a fazer actas em vez de atas, a ser espectadora em vez de espetadora. Mas, na minha vida profissional, fui obrigada a seguir a lei e tenho tentado, confesso que sem grande êxito, compreender e aprender a nova grafia da minha língua. Aos meus alunos, vou apresentando o inexplicável, vou riscando os cês e os pês, vou tentando que decorem (compreender é impossível) os processos (quando existem) de formação de palavras.
Ora, quando li e ouvi que o Dr. Vasco Graça Moura tinha decidido eliminar o acordo dos documentos e dos computadores do Centro Cultural de Belém, fiquei cheia de esperança (e de um bocadinho de inveja... ele pode, e eu não?!). Talvez, penso agora, ainda não esteja tudo perdido e seja possível salvar a língua de Pessoa. Penso que talvez o acordo, afinal, possa ser rasgado por disparatado! Afinal, quem o assinou já nem cá mora... Talvez seja da hora tardia, mas tenho esperança mesmo!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Peanuts

A água gelara no cano. Por mais que abrisse a fechsse a torneira, não conseguia mais do que um fio fraco, fraquíssimo, tão fraco que o esquentador, surpreso, se recusava a disparar. A solução estava à vista: - recuperar hábitos antigos, aquecer a cafeteira eléctrica e lavar-se, dizia a avó no eco do tempo, por partes. O problema mesmo era a parte de cima, os cabelos compridos, a necessidade de eliminar o shampoo completamente, o desconforto doloroso de sentir a água gelada escorrer pelas costas até ao fundo que, de acordo com as normas, deveria representar a outra parte, logo, esperar o seu momento de usar a água da cefeteira eléctrica.
Passada a lavagem das partes todas, veio o secar o cabelo. O secador de viagem, bem prático quando longe de casa, deu o seu melhor. Mas o frio, a falta de uso (que o tempo não está para viagens), o cabelo excessivamento longo, cansaram-no e mostrou a sua fúria cuspindo fogo. Um susto, e o cabelo ainda molhado! Recorreu ao ventilador, quem não tem cão caça com gato, e lá conseguiu, pelo menos, aquecer as ideias. Era tempo, tiritando embora, de dar de comer aos cães e sair para trabalhar. Na despensa encontrou o saco vazio. Bem sacudiu e bateu no fundo, mas nada. Para pequeno-almoço dos bichos cozeu a correr uma mão-cheia de arroz.
Saíu finalmente de casa, cabelo húmido e gelada, mas, ainda assim, rindo das partidas da vida. Seria, talvez, uma manhã complicada para pioneiros de dificuldades. Para si, não. Era catedrática de problemas e uma manhã assim eram  peanuts existênciais. Apenas.

Carnaval

Parece que é mesmo certo que não há Carnaval. Ou seja, não há feriado, não há tolerância, não há oficialmente mascarados mas, acho eu, há Carnaval na mesma. Aliás, Carnaval é o que não falta neste país onde cabeçudos decidem e palhaços ricos governam...
Pessoalmente, não gosto de Carnaval. Acho que nunca me mascarei, pelo menos com o objectivo de estar mascarada,  mas não posso compreender esta decisão em cima do acontecimento. Claro que o tempo não está para Corsos, nem para bailes e serpentinas, mas, convenhamos, deveria o governo ter anunciado a sua decisão logo quando foi eleito ou, então, legislar este ano para vigorar em 2013! Agora, com as despesas feitas, as autarquias envolvidas, os foliões esforçados, acho um absurdo. Parece-me, uma vez mais, que se ignoram as pessoas e se decide ao sabor do vento, em cima do joelho.  Sei bem que de nada serve manifestar a minha indignação mas, que hei-de fazer?, não consigo calar a mágoa de ter um dia defendido este governo!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Domingo

Estica-se, espreguiça-se e sente o frio lá fora. Fecha os olhos pedindo, em silêncio, um concerto de chuva. Tem saudades da água honesta e dura que, dantes, caía do céu com violência, lavando as ruas, empapando os caminhos. Em criança fazia pontaria às poças: um, dois, salto na lama!, e as calças enchiam-se de pintas líquidas, os sapatos viravam montes de terra que secava, só para chatear, debaixo da cama onde os escondia. Da escola a casa o caminho era curto, excessivamente curto para a sua vontade de adiar o fazer os trabalhos de casa  e, por isso, às vezes alargava o percurso e ia até ao pinhal. Aí, havia procissões de lagartas verdes, peludas, que os homens da Quinta queimavam em rituais que a faziam esconder-se no sotão. Tentara que elas nadassem, empurrando-as com o bico do sapato, ou com um pauzinho, para dentro das poças, mas nunca tivera sucesso na sua tentativa. Morriam sempre!
Onde ficara essa infância? Onde teria ido parar o Tempo das lagartas peludas e crentes (sempre sempre em procissão), da inexistência de saudades, das verdades simples como a chuva certa nos meses de inverno? Sem ousar pôr o nariz de fora, continuava sem ouvir chover. O vento sibilava, a velha nogueira rangia, o melro ousado não conseguia pousar no parapeito, mas a chuva não vinha.
Olhou o relógio. Cedo. Cedo para domingo, tarde para 2ªfeira... Resolveu fazer render o domingo, o único dia quase (apenas quase...) inteiramente seu e ficou folheando chuvas passadas. Sem dar por isso, sentiu o rosto húmido. E não era essa a chuva que desejava!

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A Barra

Encontramo-nos, o grupo do Clube Europeu, na  Biblioteca barra centro de recursos. Sentamo-nos à volta da mesa e, baixinho (porque é Biblioteca antes da barra) vamos conversando. Ligamos o computador porque, afinal,  é barra Centro de Recursos, e rimos de fininho porque, vendo bem, antes da barra é ainda Biblioteca. Sugiro um livro, respondem-me com o google, é um recurso, e a funcionária pede que baixemos o tom porque, não esqueçamos, é uma Biblioteca! Reclamo da associação que a barra impõe  e tenho pena da velha Biblioteca onde, de facto, se lia! Os miúdos discordam, e a razão é deles, alegando a mudança dos tempos "Hoje, pode ler-se tudo no computador!". Eu protesto. Ainda não consigo trocar o cheiro dos meus livros, a possibilidade de me enroscar no canto do sofá, o folhear as páginas procurando AQUELA passagem, a companhia nas noites de insónia, pelo ecran do computador. Dizem-me que devo comprar um Ipad. Que aí, garantem, vou deixar de querer a volta a minha Biblioteca! Aí, terei um livro barra computador...Será?!
Não acredito. Tenho saudades do cheiro da Biblioteca de altas estantes do meu Liceu, antes da moda das barras, dos dois em um a saber-me a comida de plástico. Sinto falta da Dona Mariana a procurar os verdadeiros Bichos, ou a fazer-nos chegar ao Bobo (acho que foi o primeiro livro que eu detestei...). Esta noite, gelada, vieram-me as saudades das Bibliotecas e, em simultâneo, a fobia às barras. Gostava mais, acho eu (mas nem ouso jurar), que se mantivesse a identidade da Biblioteca e se criasse, noutro lado, um centro de recursos. Sem barras! Sem misturas e sabendo, bem, para que serve cada um...

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Faz de conta

Faz de conta é uma brincadeira frequente, que eu gosto de fomentar, junto das crianças. Faz de conta que és um lobo, tens de te esconder de mim que sou caçador; faz de conta que és a fada Sininho, tens de deitar pós de ouro sobre mim; faz de conta que aqui é a praia, temos de andar descalços... e, assim, vamos vivendo impossíveis e aprendendo a ser.
O pior é que, como tempo (maldito Tempo) até o faz de conta muda e, muitas vezes, choco com ele abruptamente. Faz de conta que comprendemos as medidas que o governo impõe; faz de conta que o dinheiro estica até ao fim do mês; faz de conta que a ausência não dói; faz de conta que gostamos de toda a gente; faz de conta que aceitamos as aberrações da sociedade. Enfim, vezes demais, faz de conta que somos felizes. A sério, sem, desta vez, fazer do faz de conta mentira!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Surpresa

Casados há 27 anos, estavam em Nova Iorque porque ela fizera anos e ele, ainda apaixonado, a levara a passear. Como se a ida a Manhattan não fosse suficiente, ele decidiu participar, com ela, no jogo A Guerra dos Sexos que, diariamente, a RFM apresenta. Ouvi-os antes das nove, os dois ensonados, deviam ser cerca de 4 da manhã lá, e ouvi-os rir perante a opção dela de um jogador marcar um penalty com a cabeça.
Fui trabalhar pensando neste casal e desejando, sinceramente, que haja muitos casais assim!
Num tempo de solidões, de abandonos, de pequenos (e grandes) egoísmos, faz-me bem ouvir histórias, ainda que alheias, de quem partilha ousadias e loucuras. Às vezes, muitas vezes, quero crer que o mundo ainda faz sentido e que sou eu, apenas, que falho no seu cumprimento. A surpresa que este marido, de Gaia, fez à mulher, lembrou-me que, apesar de muitas - TANTAS - dificuldades, o Amor ainda nos desafia para possíveis e irreverências. Se calhar, nós é que andamos desatentos, ou preocupados com insignificâncias e umbiguismos.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

PARABÉNS

O Buda hoje faz anos. O eléctrico cão, que a minha filha Joana me legou, já tem sete anos e, por isso, hoje vai ter direito a festa, a uma lata de comida cheiinha de carne e a entrar em casa para se aquecer junto à lareira.
O Buda tem muita sorte porque, se fosse humano, teria cerca de 50 anos, exigiram que fosse razoável, que se comportasse de acordo com normas sociais, que pagasse impostos e contribuisse para as maldades da Troika! O Buda, hoje, faz-me inveja. Acho que até já queria ser cão...

São Julião

Quem é de Portalegre, conhece São Julião. É uma freguesia rural, bem localizada no coração do Parque Natural da Serra de São Mamede, com casinhas e Montes semeados por mão desatenta, habitada por gente idosa e sozinha. São Julião está pertinho de Espanha, abrigou contrabandos, guardou mistérios e acolheu silêncios. No frio do inverno, ao fim da tarde, há no ar um cheiro a fogo saudável, a lareira quente, a lenha real que entra, às vezes quase doendo, no meu coração. No Verão, surgem retalhos verdes, campos de cerejeiras e ginjas, abóboras laranja pintando a paisagem, quadros de Monet ao vivo. 
Conheço bem São Julião. Conheço o sabor único das cerejas gordas, sei de cor as ruas esburacadas, reconheço as quedas de água de muitas caminhadas.
De Portalegre a São Julião, distam cerca de 18 kms de muitas curvas, muitas subidas, muitos pinheiros e horizontes largos.  A solidão, o envelhecimento da população, a miséria crescente, são hoje, infelizmente, sinais de alarme em São Julião. E quantos São Julião não existirão por esse Portugal?! Lembro-me de Torga, no seu telurismo intenso, dizendo que o Alto Alentejo e Trás -os-Montes são iguais só que, no Alentejo, um gigante poderoso esticou os montes...
Não tenho dúvidas que, no meu Portugal, há muita gente isolada, envelhecida, sozinha. Como não tenho dúvidas de que o governo tem obrigação de minimizar, porque eliminar seria utópico, as diferenças entre estes portugueses e aqueles que habitam em centros urbanos desenvolvidos. Assim, não compreendo, não consigo aceitar, que nos venham propôr uma reorganização do território feita a régua e esquadro, olhando as pessoas como se fossem números, contribuindo para tornar os sozinhos mais sozinhos e os pobres mais pobres. Não compreendo como pode sequer sugerir-se a extinção de freguesias rurais, em lugares onde a Junta é o único elemento de apoio às comunidades! Não sei se a culpa é da Troika, nem me interessa muito saber. Para mim, a responsabilidade é de um governo que, obcecado por números, se esquece da pessoa que mora em cada habitante, em cada eleitor.
Sem dúvida os tempos mudam, os países alteram-se e as reformas administrativas têm de acontecer. Contudo, evoluir não pode ser prejudicar as pessoas!
Na totalidade do orçamento do estado (as minúsculas são opção), as freguesias representam 0,10%. Será por aqui que se deve começar a cortar?! Tenho muitas dúvidas...
Eu estou desiludida com este governo, já o disse. Mas, esta noite, com o frio gelado por companhia, mais do que desilusão vivo uma profunda revolta! Não podemos permitir que se continue a legislar contra os cidadãos!!