quinta-feira, 26 de maio de 2011

Repondo energias

Ainda quase fechada, a praia. Obedecendo às ordens dos homens, aos calendários herdados (dos egípcios?!), a praia ignorava o calor, o sol intenso a pedir um mergulho, e mantinha-se fechada. Ela gostava da praia assim: por abrir, por pisar, em silêncio, cheia de espaços e de paz.
Melhor do que a praia para repor energias, para recuperar a fé na humanidade, só mesmo a neve...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Que raiva!!

A realidade não pára de me incomodar! Desta vez, foi a minha cidade - o que resta da minha cidade - a fazer-me doer. No dia da Festa, num dia em que, dantes, as barraquinhas e os balões invadiam o Jardim da Corredoura envoltos no cheiro quente do algodão doce, a Câmara atribuiu a medalha de mérito grau ouro ao, provavelmente, mais inócuo dos deputados portugueses. A figura homenageada foi deputado, secretário de estado, sei lá mais o quê e nunca, mas NUNCA, marcou os tempos com o seu desempenho!!
Atribuir o grau maior a um indivíduo que mais não fez do que ignorar Portalegre, que nunca abriu a boca para defender os portalegrenses, é um ultraje. A CMP manchou a honra da cidade ao vulgarizar um acto que, para os portalegrenses, era nobre.
 Este ser, que embora em esgares constantes nunca sequer se incomodou a olhar pelo seu distrito, é, obviamente, socialista. Militante do PS. Só podia...
Que raiva!!

terça-feira, 24 de maio de 2011

E a vergonha...

Está aí a campanha eleitoral. Chegaram as sondagens, os comícios, os jantares, as ofensas, as arruadas e as mil conversas sobre os nadas que parecem fazer a poítica portuguesa. O país está em crise profunda, a bancarota é uma ameaça real, as dificuldades crescem todos os dias e os nossos candidatos gritam uns contra os outros, criando um ruído insuportável neste país que já foi grande...
Os portugueses, habituados demais a estes espectáculos, continuam olhando e sobrevivendo. Afinal, não é a primeira vez que conhecemos a crise... No entanto, desta vez, tudo parece mais grave. Para mim, sem dúvida é mais doloroso, porque, agora, a Europa, o Mundo, olham-nos, observam-nos e criticam-nos. Sempre defendi que a roupa suja se lava em casa e, se calhar por isso, incomoda-me terrivelmente ver lavar a roupa portuguesa na barrela comunitária.
Ouvimos a senhora Merkel dizer que trabalhamos pouco, esquecendo-se que trabalhamos mais horas que os alemães!!, ouvimo-la dizer que temos férias demais, menos do que o povo que ela governa. Estranhamente, pelo menos para mim, não ouvimos os nossos políticos indignarem-se e defenderem-nos. Por esse mundo fora, passou a ideia de que somos burros, preguiçosos, esbanjadores e subsidiodependentes! Agora, quando saímos do país, ao sermos identificados como portugueses, ouvimos piadas trocistas, sofremos humilhações dolorosas. Lá fora, na tal Europa (eramos todos amigos??), nós somos o povo incapaz que espera esmolas...
Onde ficou a grandeza daquele povo que venceu o mar, enfrentou gigantes, escreveu Poesia viva, deu ao mundo conhecimento?! Onde está o povo que enfrentava o desconhecido com coragem e frontalidade?! Foi extinto. Extinto, principalmente, pelos  nossos representantes políticos, que não souberam governar e não sabem agora, proteger-nos!
Sair de Portugal, hoje, é estarmos sujeitos a humilhações constantes. Humilhações que doem, porque injustas, que destroem, porque crueis.
De quem é a culpa? Desta vez, é de nós todos. É da geração (ou gerações...) que não soube ganhar a Liberdade, não soube merecer o 25 de Abril, não foi capaz de compreender, logo de assumir, a essência da Democracia! A culpa é de quem se abstem, de quem vota no cartaz, de quem alinha no clientelismo, de quem encolhe os ombros com pretensa superioridade. A culpa não é só dos nossos políticos. É, sobretudo, de nós todos... Eu tenho vergonha, hoje, de dizer que sou portuguesa! Eu, que tanto gostava de falar do meu país, calo-me quando me confundem com uma turca qualquer... Porque tenho vergonha do meu país!!!
Acabei de assistir a mais um folhetim da campanha eleitoral. Independentemente dos protagonistas, senti um profundo desânimo. Sinto que estamos perdidos num deserto sem fim. Num deserto onde nem uma ideia germina, nem um oásis se vislumbra... E agora?

terça-feira, 3 de maio de 2011

Hoje

Mataram o Bin Laden, garantem. Mas deixaram vivo o ódio, a maldade, a incompreensão, o egoísmo, o desrespeito, a solidão. Deixaram vivos, e com saúde, os agentes das muitas e dolorosas tróikas do desânimo e da destruição!
Mataram Bin Laden. Foi um entusiasmo, uma alegria, uma euforia até. Mas seria apenas este louco o responsável pela destruição dos Valores Humanos que, diariamente, desaparecem? Duvido...
Lançaram o corpo ao mar. Dizem que o mar devolve tudo o que não lhe pertence. Se assim for, um dia os restos de uma mente criminosa aparecerão de novo... Mas, pior que esse retorno, é pensar nas raízes que, provavelmente, Bin Laden deixou a crescer...
Mataram Bin Laden. E eu não me sinto tranquila por isso.