terça-feira, 24 de outubro de 2017

DESESPERO

Às vezes, desespero! 
Desespero porque, para além da voracidade do Tempo, para lá das mudanças vertiginosas de cada dia desta modernidade que integro, esbarro com quem parece querer insistir no que já foi. 
Não gosto de gente acomodada, não gosto de preguiça, não gosto dos profetas da desgraça! 
Às vezes, desespero! 
Porque esbarro com a incapacidade de mudança, porque encontro gente - profissionais - que recusam aprender a fazer diferente, a fazer melhor... Eu tenho grande admiração pela classe docente mas, infelizmente, ainda há quem se diga professor e não seja mais do  que um vendedor de informação sob a forma de aulas.
Que desespero!

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

ACONTECE COM OS BONS ALUNOS

Tenho a convicção, talvez errada, de que os alunos, todos, respondem colaborativa e assertivamente ao desempenho dos professores. 
Ou seja, eu acredito que se um professor investe no que faz, se se envolve com os alunos, se cria com eles uma relação assente na empatia e no respeito, a aula resulta, a indisciplina torna-se residual e as aprendizagens acontecem. Mas, só para eu me lembrar de que as minhas certezas estão frequentemente erradas, às vezes vivo experiências dolorosas e para as quais nem  os manuais de pedagogia, nem as muitas horas de formação, têm resposta. 
Como reagir quando, a meio de uma abordagem da poesia de Fernando Pessoa, quando tento, com a turma, desmontar eixos de pensamento, dois bons alunos brincam, jogam, com papelinhos onde registam palavras idiotas, rindo divertidos e incomodando todos?! Ralhar? A jovens de 17 anos?? Explicar? Como explicar a quem já entendeu?? A quem, deliberada e conscientemente opta pela transgressão?
Hoje, tenho trabalho para o serão: - Tentar descobrir como lidar com este comportamento que me chateia, me ofende e me entristece...Se calhar, eu estava a ser mesmo desinteressante!

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

ELEIÇÕES NA ESCOLA

Nos últimos dias, talvez nas duas últimas semanas, têm decorrido em muitas escolas e agrupamentos de escolas as eleições para as respectivas Associações de Estudantes. Todos os anos, com maior ou menor agitação, o processo ocorre e eu, sempre, acompanho tudo com interesse real. 
Gosto de ver a dinâmica, o interesse, a entrega que os alunos colocam neste processo e penso, todos os anos, que os jovens são fantásticos quando querem. Chego a pensar, só para mim, que se a sala de aula conseguisse ser, para eles, tão interessante e significativa como a Associação de Estudantes, Portugal ficaria nos primeiros lugares de todos os rankings medidores de sucesso educativo... Mas não é, hoje, da necessidade de mudar a prática lectiva, da urgência de desenvolver estratégias mais envolventes, que eu quero falar. 
O que me levou a sair do sofá, a interromper o enroscanço na minha solidão, foi mesmo não conseguir deixar de pensar no processo eleitoral para a  Associação de Estudantes... 
Toda a campanha, na Escola e no Agrupamento que pude observar mais de perto, foi feita com muitos materiais de qualidade e elevado custo: - Flyers coloridos, balões, T-shirts impressas, brindes (canetas, etc), DJ´s convidados, largas faixas em tecido, autocolantes, cartazes, para além, claro, das muitas redes sociais . Espanta-me a quantidade de dinheiro, o enorme investimento, que as famílias fazem neste processo. Espanta-me porque, frequentemente, oiço os alunos dizerem que não podem adquirir este ou aquele livro, participar nesta ou naquela actividade, exactamente porque as famílias não podem pagar. Penso, talvez erradamente, que as prioridades estão um pouco invertidas...
Mas, ao mesmo tempo, eu confesso que aprecio muitíssimo este tempo de campanha eleitoral nas escolas. Gosto do colorido, da actividade constante, da música, dos miúdos que ficam na escola muito para lá da conclusão das aulas! Só não gosto, mas nem um bocadinho, é de algumas imitações do que de pior têm as campanhas eleitorais dos "adultos". Não gosto de os ver desrespeitarem as listas adversárias, não gosto de os ver ignorar as mais elementares regras da democracia. 
Por tudo isto, eu acho que as campanhas eleitorais para as Associações de Estudantes, tal como a organização das terríveis (algumas)  viagens de finalistas, deviam implicar, de uma forma mais continuada e activa, os professores e as Associações de Pais. Mas, já sei, eu tenho a mania de achar coisas esquisitas...

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

FARTAÇÃO DESILUDIDA

O tempo quente, seco, incómodo, acerta nos meus sentires. Trago em mim um desejo intenso, absurdo?, de partir, de dizer chega. Olho o hoje, esqueço o ontem, e mergulho no vazio do amanhã. Conheço a ausência de resposta, por isso não formulo porquês. Agora, quero a paz do esquecimento. Sim. Que o Tempo se esqueça de mim, que a vida me deixe sair de cena de mansinho, sem despedidas nem epitáfios. 
O cansaço, a mágoa, a desilusão, a desesperança, embrulham a insónia anunciada. 
Não quero nada. E esse nada está a abarrotar de quereres pensados e ainda sentidos. Nada por nada e, ainda assim, uma imensidão de tudos que cada acordar me impõe.
Quando eu não acordar, as páginas que não escrevi ganharão sentido. Talvez.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

DEMOCRACIA

Garantem que é assim, que o povo - uma entidade que não sei exactamente o que é -, é soberano nas suas decisões. Dizem que o tal povo, nós?, sabe o que é melhor. Mas eu não acredito. Não acredito num povo inculto, que em Angola elege a continuação da ditadura, em Portalegre a continuação de nada, em Oeiras a maioria absoluta de quem comprovadamente roubou. Não acredito que seja solução permitir que um eleito com pouquíssimos votos, de uma força partidária que a maioria não quis (por isso só um elemento foi eleito) vá ter poder para decidir, porque vai, com certeza, como sempre fez seja qual for a força que governe, fazer acordos para ter poder. Tenho muita pena que os portalegrenses tenham colocado, na liderança da Assembleia Municipal, alguém que nunca fez mais nada na vida para além de politiquices. 
A democracia tem de ser qualidade. A democracia não pode ser uma sequência de jogadas sujas!
Não gosto deste Tempo de sem vergonhice e tenho muita pena de olhar a democracia como uma Casa muito mal frequentada.