domingo, 31 de maio de 2015

A TORRE DE BELÉM

A Torre de Belém fez 500 anos e eu, mesmo sem ser convidada, tive a sorte de ir à festa. A acompanhar-me, para além de centenas de pessoas, a fantástica banda da marinha que, juro, fez o meu sangue valsear! A Torre, como qualquer pessoa em dia de festa, parecia maior e mais bela e foi recebendo, com orgulho, os sucessivos video maps que recordaram os momentos mais marcantes da História de Portugal. Foi fácil identificar os descobrimentos, o terramoto de 1755, a ditadura de Salazar. 
Mas foi emocionante, para mim que sou insuspeita, ouvir a Grândola Vila Morena ser cantada, quase como se fosse impossível calá-la, pelas centenas de pessoas presentes! Às vezes, quase acredito que o sonho de Liberdade é um componente do sangue...

terça-feira, 26 de maio de 2015

UM DIA...

Um dia, eu vou abrir o coração e deixar voar as palvras caladas, os sentires proibidos também. Um dia, eu vou ser capaz de dar uma violenta estalada na cara da madrugada que insiste em fazer-me acordar nos braços de um pesadelo. Um dia, eu vou pegar nas rédeas da minha vida e travar o corcel de angústias que tomou o freio nos dentes. Um dia, tenho esperança, o meu acordar vai fazer sentido!

domingo, 24 de maio de 2015

VIDA?

A conversa já não é. A aprendizagem escolar: emissor - mensagem-receptor -, não existe mais. Ele fala, antecipa as respostas que, não o sendo, lhe convêm, e vai semeando ausências, mágoas, destroços de vida. Ela cose a revolta magoada no silêncio triste e, aos poucos, a mensagem cresce num vazio de desistência. E os prefixos des, os da negação, ganham, paradoxalmente, sentido: - Vem a desilusão, a desesperança, a desistência, a desvida - que é uma forma de existir sem respeitar a vida.
Um dia, de sol e praia, vem uma onda maior e lava tudo. Lava  a alma, leva os despojos daquela guerra que já o não é. Ficam migalhas escuras, onde, ainda assim, ela enterra a desilusão nunca de facto limpa do silêncio não dito.
É a vida. Como muitas, hoje.

sábado, 23 de maio de 2015

DE NOVO

Quente e intenso,o raio de sol entrou pelo quarto adentro sem pedir licença. Ela sentiu-o, destapou-se e deixou-se ficar, jiboiando, no esforço de prolongar a noite que terminara. Reparou no pó que, apesar da sua obsessão com a limpeza, pousava abusivo nas molduras que enchiam a velha cómoda. Era uma narrativa de encaixe, sempre dava esse exemplo aos alunos, aquele velho móvel de gavetas, de onde  espreitavam memórias, ausências, instantâneos de felicidade. Gostava das molduras. Sem protestos, eram companhias atentas e vigilantes. 
Lá no cimo da parede, bem no cantinho onde só com muito esforço a vassoura chegava, uma aranha de corpo minúsculo e pernas enormes tecia, tranquila a sua teia. 
Também ela gostaria de poder tecer uma teia e de se fechar lá dentro, casulo de possíveis, saindo apenas borboleta segura da cumplicidade efectiva, do abraço firme... E a mágoa voltou, lembrando a insónia da noite que agora terminava!

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Festas do Concelho

A minha cidade está a preparar a Festa. E eu antevejo-a festa triste... Porque, afinal, continuamos mais preocupados em mostrar o que não somos, a adquirir o que não é nosso, sem valorizarmos o MUITO que temos cá. 
Passei há pouco no recinto das ditas festas e vi um aglomerado de barracas e roulottes, mistura de cheiros, cerveja aos montes, gritos e desordem. Vi, claramente visto, o fantástico e abandonado Convento de São Francisco a tentar passar despercebido no meio da vulgaridade. Pelas ruas, nos cafés, oiço desinteresse e tristeza. 
Páro e penso que, se calhar, as Festas do Concelho se estão a tornar, apenas, no cumprimento de um calendário obrigatório e não sentido. Se podia ser diferente, com o mesmo pouco investimento? Tenho a certeza que sim. Bastava combater a vulgaridade, evitar a repetição e desafiar as almas lagóias a fazerem a Festa!! 

sábado, 16 de maio de 2015

O MEU POEMA

PODIAS SER O MEU POEMA

Se fosses o meu Poema escrevia-te  sem
consoantes surdas
Para que me ouvisses sempre!
Usaria muitas vogais para
te lembrar as campainhas que
tocam quando me abraças.

Se fosses o meu Poema havia de
roubar-te a Cesário para que
fosses a corveta fina e eu
o teu mar de calmaria.

Se fosses o meu Poema evitaria
a pontuação para
que procurasses livremente
o sentido no meu Ser.

Se fosses o meu Poema aprender-te-ia
de cor para
no silêncio cinzento
te ler em linhas de possíveis.

Se fosses o meu Poema
não terias palavras agudas.

Se fosses o meu Poema serias
uma edição limitada.
Um edição de autor!
 

quarta-feira, 13 de maio de 2015

DOENÇAS

Tal como a maioria das pessoas, não gosto de doenças. Detesto sentir-me debilitada, ter dores, suspeitar que algo não funciona e, pior, saber que não depende de mim mudar o estado das coisas. Detesto ir ao médico mas, às vezes, não há outro remédio... Por causa dos anos, e de outros factores que quero desprezar, precisei de uma consulta de ortopedia. 
Agarrei no telefone e procurei um especialista... Nas minhas tentativas, fui até ao Porto, ao Hospital da Prelada. Fui então informada que, se quisesse servir-me do apoio da ADSE teria consulta lá para julho mas, se fosse particular, podia ir já para a semana...
Não consigo calar a minha indignação! Vivemos no Farwest? Como podem acontecer situações destas? A mim, no final do mês, nunca me perguntam se quero, ou não, fazer descontos!

domingo, 10 de maio de 2015

Surpresas!


Precisava de alguma coisa para ler. Sim, o tempo é pouco. Mas sim também, não consigo viver ser um livro por companhia. O título "Aquilo que nunca dissemos", não era sugestivo. Cheirava um pouco a Nicholas Sparks, numa pieguice vulgar que eu não aprecio. Mas o autor, Marc Lévy, era francês e eu, desde Flaubert dos meus 15 anos, de Marguerite Yourcenar a marcar os meus vinte, cedo sempre à literatura francesa... Iniciei a leitura, e às primeiras páginas já previa uma história chalada. Felizmente, não gosto de deixar livros em meio, tenho sempre esperança que, no meio de um qualquer maçador parágrafo, aconteça algo surpreendente e, desta vez, foi o que aconteceu. Conjugando na perfeição o humor e a realidade, o autor fez-me pensar em coisas sérias, e na forma como essas coisas sérias se prendem, sem que demos por isso, com as insignificâncias do quotidiano. De facto, ao longo do voo até Berlim, ou mesmo durante a viagem desde Paris para assistir à queda do Muro, somos confrontados com essa "coisa" que são as palavras. Falamos todos muito, às vezes demais e, ao mesmo tempo, o que é essencial fica quase sempre por dizer. Depois, quando o fim chega, ou quando a Morte aparece, ficamos a pensar que devíamos ter dito mais isto, e mais aquilo. 
Eu calo muita coisa e, ao virar de cada página, pensava no peso desses silêncios que são, por vezes, de cobardia; mas são, outras tantas vezes, de desistência. E a vida é valiosa demais para que possamos desistir dela. Como Jesus Cristo disse, nós temos a obrigação de tentar ser felizes! Marc Lévy será, a partir de agora, um nome a reter nas minhas escolhas de novas leituras.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

FOR ME!!

HERE FOR YOU

If you need a hug
and a cup of tea,
you can count on me.
I'll be there
to help you through
whenever you need me to.
Please remember
no matter what -
I'll always be here for you.

Estava hoje, na minha caixa de correio, um cartão a dar sentido à minha existência. Ser Mãe também é receber cartões...

domingo, 3 de maio de 2015

DIA DA MÃE

Ser Mãe... é ser mulher. 
É passar noites em branco, é enxugar lágrimas, é ter coragem para provocar lágrimas. 
É estar sempre em alerta máximo, mesmo parecendo que está só a relaxar na praia. 
É AMAR sem condições, sem porquê, sem fim, só porque sim. 
É viver no permanente desassossego! 
É ser uma muralha, olhando a rapidez dos foguetes de crescer...
É desejar ser omnipotente e omnipresente. 
É ser cega ao passar do Tempo e ter sempre crianças, mesmo quando há netos. 
Ser Mãe é existir para os outros, antes de existir para si. 
É dar sentido à existência, afinal! 
É um privilégio da condição feminina!