Começa pelas onze, o movimento. Quais lagartos do campo a que ela chama seu, as pessoas saem de casa, calções os homens e pouco vestidas as senhoras, e a agitação começa.
Há quem se sente junto ao quiosque reinventado, (há de novo capilé e groselha, limonadas também), e os copos de plástico, moles, entornam-se com frequência azendo correr ais surpresos. O quiosque está na moda, é chic (chic a valer, diria o Dâmaso), e, sem bengaladas à mistura, as mesas vão-se enchendo. O pastel de nata, sim com canela, surge no sorriso diminutivo do empregado educado - aqui tem o pastelinho -, e as conversas vão-se fazendo de sugestões, afinal é Domingo!, reclamações, ah este país!, de sonhos, eu cá, se pudesse.
O dia vai correndo, quente, e a feira próxima, só produtos biológicos, convida a uma caminhada. Há alface com lagartas, morangos com terra, oregãos sem cheiro, tudo garantidamente saudável...
Lá longe, persistente no abraço que Lisboa parece eternamente recusar, está o Cristo Rei. Em baixo, espaço de sonhos passados, o Tejo corre, hoje polvilhado de brancas velas.
Ela, com a bica em copo reciclável, tenta, apenas, não queimar as mãos, não sujar a Lacoste.