quarta-feira, 29 de junho de 2016

OFERTAS

Aprendo muito com os outros. Aliás, eu gosto de estar com outras pessoas, bem diferentes de mim às vezes, e de aprender com elas. Aprendo o bom, para seguir; e aprendo o mal, para o evitar.
Hoje, aprendi uma grande lição com a minha filha. Dizia ela, rindo, que ontem foi jantar fora com o marido, só os dois, com imagem cuidada e num restaurante com estrela Michelin. Até aqui, nada de novo. O que me tocou mesmo, foi ela responder, rindo, à questão- Porquê?. Porque, disse, estamos vivos e apaixonados!
Aprendi como é importante valorizar cada dia, cada sentir dos bons, mesmo que o calendário não assinale data nenhuma. Ou, se calhar, porque o calendário todos os dias nos oferece um dia novo e nós, ocupados com esperas inúteis, nem damos por isso...

segunda-feira, 27 de junho de 2016

FÉRIAS

Chegou o Tempo de férias. Agora, as conversas circulam em torno dos destinos de descanso, as redes sociais enchem-se de propostas aliciantes e os sonhos acabam, invariavelmente, à beira mar. Eu entro na onda. O que desejo, mesmo, são férias. 
Férias de pensar, férias de cumprir, férias de pensar mas, sobretudo, férias de existir...
Alguém sabe como meter férias de vida?

sexta-feira, 24 de junho de 2016

BREXIT

E agora? Olho com espanto, medo e desgosto, a decisão dos ingleses. A diferença é mínima, sem dúvida o Reino Unido está desunido, mas em democracia contam os números e, por isso, a decisão está tomada. O que se segue? A perseguição aos estrangeiros? O aumento de impostos ? 
Tenho medo... Muitos portugueses, muitos estrangeiros, fizeram do Reino Unido a sua casa, vivem num país que consideram seu e contribuem, séria e honestamente, para a economia de um povo que integram. O que vão fazer agora? Partir? Deixar para trás um projeto de vida?
Os apoiantes da saída da UE garantem que querem de volta o Império Britânico (isso existe?), a história não anda para trás, o passado é irrecuperável! Oiço discursos de ódio e xenofobia que envergonham a própria democracia que os deixou escolher.  Pela primeira vez, curiosamente, extrema esquerda e extrema direita estão de acordo... 
Olho o hoje com tristeza, o amanhã com muita angústia!  Não sei se será o principio do fim da União Europeia mas é, sem dúvida, o início de uma nova era.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

United Kingdom

Tenho uma imensa admiração pelo UK. Talvez seja uma questão hereditária, a minha família materna veio de lá, talvez seja por gostar muito da língua, talvez seja por ser uma convicta ouvinte dos Beatles, talvez seja porque a Sandie Shaw a cantar "like a puppet on a string" alegra as minhas memórias de infância, talvez seja porque os meus netos nasceram lá... 
Seja lá por que razão for, eu gosto muito de Inglaterra e dos ingleses. Gosto, até, de algumas caracteristícas que, frequentemente, lhes são negativamente atribuidas, como a de serem snobs. 
Como diz alguém, já fui muito feliz, muitas vezes, em terras de Sua Majestade. Aliás, acho mesmo que se me perguntassem, num daqueles muitos inquéritos de rua, qual seria o meu país preferido, imediatamente elegeria Inglaterra e, na onda, a mágica cidade de Londres!
E é (para além de muitas outras razões)  por gostar tanto de Inglaterra, que não tenho como classificar o assassinato de Jo Cox. Obviamente, há malucos e criminosos em todo o mundo, mas , ainda assim, este crime inqualificável dói-me muito fundo. 
E dói-me porque decorre de uma postura colectiva, de uma recusa a uma Europa que, para mim, não pode voltar atrás. Penso que os ingleses deviam defender (eu defendo...) menos e melhor Europa, mas não a ausência da mesma. O projecto europeu, lembro, nasceu de ma junção de esperanças e vontade de união e humanização. 
Dir-me-ão que tinha, então, acontecido a terrível II Guerra Mundial. Pois, é verdade. Mas não vivemos agora um novo desafio? Um novo risco e ameaça? Não é este o Tempo do MEDO renascido? Não compreendo porque razão  os ingleses pensam na hipótese de abandonar a Europa, sabendo nós que eles intervieram de forma decisiva na resolução do conflito da II Grande Guerra!
Até 5ªfeira vou sofrer. E eu creio que todos vamos sofrer... Porque a União Europeia tem de ser muito mais Humana do que económica. 
Se eu pudesse, faria campanha a favor da continuidade do UK na Europa que quero mais verdadeira e justa !

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Três da Manhã

Acordou a saborear o escuro. Lá fora, baixinho, o vento insistia na melodia soprada. Lá dentro, em casa, o silêncio imperava e a luz verde do despertador anunciava as três horas. Horas de dormir, pensou. Sim, porque há horas para tudo. Como há exigências, modelos, comportamentos, indumentárias... Porque a vida se tornou, ou deixaram que se tornasse, num receituário infindável. 
Às três da manhã, dorme-se, gritava mudo o despertador. Ela ligou a luz, abriu o livro e entrou no ataque dos mouros a Leiria. D. Afonso Henriques andava por Guimarães e, violentamente, os cristãos eram dizimados. Sorriu à bela Chamoa, fugindo aterrada, e mostrou o seu desprezo a Raimunda, movida essa pelo ódio e desejo de vingança. Então não haveria insónias? Fechou o livro e tentou o sono. Não vinha... E ficou, ali, questionando a existência,  
Por que insistia o mundo, pessoalizado sempre, em exigir o que não podia cumprir? Por que razão era tão difícil aceitar, respeitar, sem julgar nem condenar? Olhava o escuro e desejava compreender... Sim, estava a envelhecer. E não, envelhecer não era nada de bom... Estava cansada de adiamentos, de imposições e impossíveis, de julgamentos e críticas. Queria que as rugas da pele não se reflectissem na alma. Queria que a Morte não se aproximasse. Queria, enfim, dormir em paz. 
Porque, às três da manhã, são horas de dormir...

quinta-feira, 16 de junho de 2016

DESEJOS

Os alunos estão a fazer exames, os professores vigiam, corrigem, reunem, escolhem novos manuais, trabalham enganando o Tempo que, voraz, corre sempre. 
Este é o Tempo das urgências, das necessidades de tudo fazer em simultâneo, de dar respostas a perguntas catapultadas violentamente para o palco da nossa existência. Ao mesmo tempo, apetecem férias, leituras tranquilizadoras, vivências mais centradas no eu do que no tem de ser. 
É o tempo, também, da interioridade, acho eu...
E dou comigo a pensar em coisas simplesmente complexas, num paradoxo às vezes cruel. Apetecia-me ter a chave de todos os possíveis. Apetecia-me poder mandar para férias a minha dor social e ser, apenas, um automato que cumpre imposições. Queria ser capaz de simplesmente cumprir as parangonas gritadas nas redes sociais, coisas como: "Ama quem te aceita como és, nunca quem quer que sejas como te imaginam". (Se fosse possível...)
Queria, acho eu, poder deixar ir já de férias os meus sentires e ficar, apenas, com os meus pensares lógicos, rigorosos e estupidamente objectivos....

quarta-feira, 8 de junho de 2016

POETANDO?

O que  tenho em mim é um íssimo, íssimo,íssimo cansaço. Só que, para meu azar, em vez de dar um poema fantástico, dá uma angústia e uma neura que me tiram o sono! Ah, quem me dera poder ir na vida como um automóvel último modelo, acenando aos pastores que, à beira da estrada, sabem que o vento só passa e não fala...Como eu gostava de ter interiorizado que o mundo não se fez para se pensar nele, mas se estar de acordo com ele!
Por que não interiorizei essa verdade, não gosto que me peguem no braço. Deixem-me ir para o diabo sozinha, ou vão para o diabo sem mim, mas já disse que não me peguem no braço. Eu não sei por onde vou, mas sei que não vou por aí...
Hoje, foram os meus poetas a roubar-me o sono!

sábado, 4 de junho de 2016

REVELAÇÃO

Uma das vantagens das redes sociais, e eu penso que há muitas e diversas, é a liberdade de expressão e a possibilidade de partilha de opiniões e realidades. Tenho aprendido muito, mas muito mesmo, lendo postagens em diferentes blogues, mesmo naqueles que são assinados por pessoas que pensam de forma bem diferente da minha. Sempre defendi, e continuo a defender, que é a pluralidade de opiniões que dá sentido à democracia, e cor à vida. Como seria aborrecido se todos estivéssemos sempre de acordo! 
Claro que eu sei, e já vivi essa experiência, que há quem use as redes sociais para, ao abrigo do anonimato, insultar e ofender. Pessoas que o fazem não me merecem, em princípio, nenhum respeito ou consideração e, por isso, leio o insulto e elimino-o, não perdendo nem um minuto com tal baixaria.
Mas, hoje, confrontei-me com um insulto diferente. Um/a colega insultava-me anonimamente. E o que me chateou não foi o insulto, já ouvi muito pior...O que me incomodou foi saber que vem de alguém que, em princípio, eu considero e conheço. O que foi escrito mostra que, afinal, e ao contrário do que eu sempre pensei, há professores que não são pessoas de bem. Que são hipócritas e medrosos, que não ousam dizer o que pensam. E fiquei triste. Não pelo insulto, (como o meu pai sempre dizia "O que vem de  baixo não me atinge"), mas pela obrigatoriedade de reconhecer que, afinal, nem todos os professores são os profissionais que eu pensava serem...
E aí está mais uma potencialidade das redes sociais: - Abrem-nos os olhos para o que nos rodeia!
E agora, feliz e aliviada, vou ler um bom livro e dar um passeio!

quinta-feira, 2 de junho de 2016

XANAX - Por Favor

Hoje, não consigo dormir. Não bebi café à noite, não andei a festejar o Dia da Criança, não jantei comida pesada, não fui sequer dançar e, ainda assim, não consigo dormir... Já experimentei a velha receita do leite quente, e nada; tentei contar carneirinhos, mas eles desataram a vir muitos ao mesmo tempo,  fiquei confusa e... sem sono; tentei, também, o jogo que fazia quando as minhas filhas eram pequeninas, ver televisão para dentro, o que significava fazer desfilar memórias boas, mas o sono não chegou; tentei, por fim, ler um bocado, mas comecei a ficar sem posição, detesto ler na cama muito tempo, e o sono não veio. Resolvi por isso sair da cama, mandar o dormir às urtigas, onde possivelmente está o sono, e vim trabalhar um pouco. Estive a rever os perfis de desempenho, a repensar critérios de avaliação e, agora, o sono fugiu de vez!
Eu acredito, mas de verdade, que devo trabalhar com os meus alunos para que eles sejam capazes, em determinados momentos /fases das suas vidas, de realizar algumas/muitas coisas. Por exemplo, eu acredito que um aluno de 7º ano, com 12-13 anos, tem de ser capaz de compreender um texto de 300 palavras, tem de ser capaz de elaborar um discurso lógico, tem de ser capaz de ler um Conto Literário e de o compreender, tem de saber conviver em sociedade, tem de reconhecer autoridade e de cumprir regras, tem de expressar opiniões e, quando necessário, reformulá-las. Ora, para eu verificar isto tudo, basta-me que, ao longo do ano, o aluno vá escrevendo, lendo, progredindo. Porque é que, depois, tenho de dizer que os testes valem X ou Y?
E acabo de descobrir por que não consigo dormir! Como é que eu posso  dormir se me dizem que a cidadania, o respeito pela convivência social, o desenvolvimento da competência social, vale (ou pesa) 10%! Quer dizer que ser-se uma pessoa correcta, respeitadora, solidária, trabalhadora, cumpridora, leal, justa, democrática, só conta 10%?? Ai ai... agora é que eu não vou mesmo dormir! E, como para grandes males grandes remédios, acho que vou substituir o leite morno por dois XANAX!!