sábado, 25 de agosto de 2012

Areia(s)

Enterrou os pés na areia e deixou-se ficar. As ondas vinham e partiam, a espuma ficava fazendo bolhinhas, e ela lembrava cantigas de menina. "Não vás ao mar Tóino, que o mar está bravo Tóino...." hoje, o Tóino poderia ir ao mar. Estava calmo, mar chão, com ondas certinhas e suaves. Hoje, o perigo era fora do mar, num mundo sem lugar para pescadores ousados, sem espaço para navegadores de sonhos. Hoje, as marés perigosas fazem-se de julgamentos precipitados, de condenações e arbitrariedades.
Viu os pés enterrarem-se cada vez mais na areia, e tirou-os célere desejando fugir à prisão a que a areia parecia condená-la. Se pudesse escolher, preferiria ser como as gaivotas que, do alto da rocha enorme, se lançavam em voos rápidos e corajosos sobre as águas.

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