domingo, 17 de abril de 2016

CERTEZAS

Sendo Domingo, hoje a minha missa foi numa igreja diferente. Portalegre estava longe e, a meu lado, rostos estranhos acompanhavam a oração. O senhor padre falava de inveja, de certezas, da necessidade de sabermos de cor respostas fundamentadas na Palavra de Deus. Eu ouvi, confesso que com algum distanciamento (esta coisa estranha que me acontece, de precisar do "meu" espaço para rezar), sentindo-me dolorosamente pecadora.
Porque eu não tenho certezas! Eu carrego uma imensidão de dúvidas, de receios, que, se não se prendem com a Morte - essa é segura e certa - me dificultam a vida. Às vezes, como hoje, lembro uma frase, creio que da Mafalda de Quino, onde se lê "Quando a gente acha que sabe todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas!". É isso mesmo que sinto.
Agora, já adulta e velhota, eu devia saber as respostas, devia acordar tranquila a cada manhã, adormecer sem medos a cada noite. Mas não... Tento acertar, e erro as respostas que a vida me exige. Depois, olho à volta e, no fosso que me rodeia, percebo os medos glutões de cada amanhã que, num instante, é hoje. Então, volto a dar o meu melhor e, uma vez mais, falho. Deveria, talvez, desistir. Mas eu gosto tanto de ser Pessoa...

2 comentários:

  1. Luisa, há muitos anos que não ia à missa mas ontem fui à missa que antecedeu o funeral de uma amiga minha e descobri que não posso dizer o pai-nosso!

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  2. As igrejas são, em geral, espaços frios e amorfos. Penso muita vez que um Deus não as habita. Se têm arquitectura a condizer conseguem uma religiosidade natural, que lhe vem das pedras e da forma como foram dispostas e embelezadas, das pinturas, das imagens. E eu digo como Pessoa, se Deus é árvores, e montes e flores, por que não adorá-lo ali, onde estão e como são (desculpa, Fernando, não é bem isto que dizes).

    O que tenho de imperfeição também não é nas igrejas que o sinto. Anda comigo, é eu. Faz parte de ser pessoa.

    Gosta de ser Pessoa ou pessoa? Não é a mesma coisa. O primeiro pode imitar-se mas nunca se é. O segundo não precisa imitação, é-se naturalmente.

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