terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Que se lixe

Andando por Lisboa, uma cidade suja e esburacada, onde a qualquer momento se pode cair numa cratera capaz de competir com o vulcão dos Capelinhos, esbarra-se com um grito colado e/ou escrito nas paredes: - Que se lixe a troika!
E apetece concordar! Quem não quer que se lixe a troika, a dívida, a crise? Quem não quer de volta a vidinha mais ou menos boa que tinha antes desta crise terrível? Acho que ninguém! O problema, acho eu (que às vezes gosto de achar coisas) está na consequência deste que se lixe colectivo. O que será de Portugal se não pagar as dívidas, se não se organizar, se não se superar? Será que podemos dizer que se lixe o futuro, que se lixem os jovens, que se lixem as crianças? Não creio... Eu já não confio neste governo mas, ao mesmo tempo, sinto que é mesmo preciso fazer sacrifícios e encontrar uma solução que não pode ser, de certeza, lixarmo-nos para a vida e cantarmos a Grândola mais ou menos desafinados... Julgo que em tempos como os que vivemos o importante é, exactamente, não nos lixarmos para quem nos lixa e mudarmos a realidade!
Se este é, parafraseando Sophia de Mello Breyner, o "tempo dos chacais", teremos que nos tornar exímios caçadores. Este é o tempo de não cantarmos, mas de agirmos. De não sermos cigarras, mas formigas. De olharmos para cada um de nós e pensarmos, e descobrirmos, o que podemos fazer para mudar. Creio que o estado social, protector, como o conhecemos, não mais vai existir. Mas, hoje, deu-me para acreditar que não precisamos dele para nada e que, em vez de nos lixarmos para a troika, deviamos era virar-lhe as costas, trabalhar e reinventar-nos (e nós sempre fomos bons nisso!) para nunca mais precisarmos de ser humilhados e explorados como hoje acontece!

3 comentários:

  1. O setôra não gosta da Grândola? Eu lembro-me de ter ouvido e analisado o poema na aula consigo!!

    João

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  2. Tenho-a sentido triste, imagino-a na sua serra, fugindo a Portalegre. Hoje, leio-a triste mas de volta ao ânimo a que nos habituou. Faz-nos bem!

    Mª da Graça

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  3. Viva Setôra...aí por "fora"...
    Os portugueses, afinal, a ver pela manifestação, portaram-se e demonstram que estão numa de- somos formigas, muito trabalhadoras, por isso queremos condições "mais humanas"...e estamos aqui vigilantes, alerta!!
    Afinal é tudo como a Setôra sugere...
    Se for para a política, cá estou pra dar o meu voto!

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