domingo, 10 de maio de 2015

Surpresas!


Precisava de alguma coisa para ler. Sim, o tempo é pouco. Mas sim também, não consigo viver ser um livro por companhia. O título "Aquilo que nunca dissemos", não era sugestivo. Cheirava um pouco a Nicholas Sparks, numa pieguice vulgar que eu não aprecio. Mas o autor, Marc Lévy, era francês e eu, desde Flaubert dos meus 15 anos, de Marguerite Yourcenar a marcar os meus vinte, cedo sempre à literatura francesa... Iniciei a leitura, e às primeiras páginas já previa uma história chalada. Felizmente, não gosto de deixar livros em meio, tenho sempre esperança que, no meio de um qualquer maçador parágrafo, aconteça algo surpreendente e, desta vez, foi o que aconteceu. Conjugando na perfeição o humor e a realidade, o autor fez-me pensar em coisas sérias, e na forma como essas coisas sérias se prendem, sem que demos por isso, com as insignificâncias do quotidiano. De facto, ao longo do voo até Berlim, ou mesmo durante a viagem desde Paris para assistir à queda do Muro, somos confrontados com essa "coisa" que são as palavras. Falamos todos muito, às vezes demais e, ao mesmo tempo, o que é essencial fica quase sempre por dizer. Depois, quando o fim chega, ou quando a Morte aparece, ficamos a pensar que devíamos ter dito mais isto, e mais aquilo. 
Eu calo muita coisa e, ao virar de cada página, pensava no peso desses silêncios que são, por vezes, de cobardia; mas são, outras tantas vezes, de desistência. E a vida é valiosa demais para que possamos desistir dela. Como Jesus Cristo disse, nós temos a obrigação de tentar ser felizes! Marc Lévy será, a partir de agora, um nome a reter nas minhas escolhas de novas leituras.

3 comentários:

  1. Luisa, mas onde está escrito que Jesus disse que temos a obrigação de sermos felizes? Olhe que isso tem muito que se lhe diga! Não podemos exigir a muitos que sejam felizes, porque simplesmente há os que não o podem ser pelas circunstâncias da vida!

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  2. Dalma, o "meu" Jesus Cristo é muito Humano... Ele diz-me sempre que a Felicidade está na prática e valorização das pequenas coisas. O Crissto castigador e negativo não é o meu...E a Felicidade "cumpre-se num fazer de pequenas coisas", diz o Umberto Eco!

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  3. Sim, a felicidade está nas pequenas coisa que fazemos por nós e pelos outros! Também a felicidade para mim, está ligada a poucas exigências.

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