sábado, 7 de maio de 2016

31 ANOS

A minha filha pequena, a que será sempre a guardadora das minhas últimas memórias de mãe de filhos pequenos, faz hoje 31 anos. Olho o tempo, tentando resistir às banalidades sobre a rapidez e voracidade do mesmo, e penso que o calendário exige mudança de atitude. Com filhas adultas, netos saudáveis e profissão de que gosto, está chegada a hora (e já vem tarde) de olhar para as oportunidades de ser-eu.
Bom, não me vejo a viver ignorando os laços, nem sequer me imagino a cantar de felicidade por estar sozinha, mas, quero acreditar, chegou a hora de dizer à vida que basta de me chatear, de colocar no meu caminho calhaus impossíveis de remover. Agora, o tempo é de desfiar memórias, de limpar do caruncho tempos em que fui feliz, de não ter receio de ser assim, diferente e estranha.
Olho a fotografia da minha menina, então só com dois meses, e não tenho desejo de recuperar o cabelo sem tinta, o corpo magro, a pele sem rugas. Desejo mesmo, tenho da ternura, do mimo, das histórias contadas tecendo magia...

2 comentários:

  1. Lembro-me tão bem da Maria Amélia nos ter dito que ela tinha nascido bem, depois de alguma aflição...

    ResponderEliminar
  2. penso que não nos apetece voltar atrás por já sermos outras. A estas que somos não interessa ser quem fomos. Passou.

    Não a acho estranha por escrito. Escreve normal:). Mas tem razão, devemos fidelidade ao que somos; se não total, pelo menos em parte.
    Quanto à ternura, mimo e histórias, não sei se não chegou a nossa vez de dar e de sermos nós a distribuir. Calha-nos como calhou aos nossos avós. E se não tivermos netos distribuímos por quem fica próximo:)

    ResponderEliminar