domingo, 12 de novembro de 2017

PAIXÃO

Embora eu seja uma má católica, e apesar de ter com excessiva frequência crises de Fé, sempre que vou à missa, o que acontece todos os domingos, venho com algo novo que ora me apazigua, ora me incomoda, ora me faz pensar. Hoje, não fugi à regra... O senhor cónego falava da necessidade de nos apaixonarmos, garantindo que a paixão nos faz agir melhor, com mais entrega e mais vontade. Achei bonito, como princípio. 
Dei comigo a pensar nas imagens dos apaixonados felizes, com cócegas na barriga, com a convicção de que o mundo tem ritmo certo e que há possíveis a cada esquina. Depois, vim para casa lembrando as minhas paixões. 
Sou uma mulher de paixões! Apaixonei-me com a força da juventude, tinha os meus 14 anos. Era um amor para sempre. O meu primeiro namorado, aquele que me fazia tremer só por me  dar a mão na fila J do velho Crisfal, era a razão do meu existir. Achava eu, então, que íamos casar e ser muito felizes. Gostava tanto, tanto dele!
Depois, mais velha, casei, de novo apaixonada. Agora, então, era mesmo de vez. O meu vestido de noiva espelhava a minha ingenuidade... Mais uma desilusão.
O tempo passou e, hoje, quando olho à minha volta penso que a paixão só me fez (e faz) sofrer! Trabalho apaixonadamente na Educação, sou agredida e magoada; amo loucamente, sou ofendida e ignorada; luto apaixonadamente por Valores como a amizade e o respeito, sou gozada e humilhada; apaixono-me pela minha Serra, venho viver na cidade; quero apaixonadamente às minhas filhas e netos, e estão longe-longíssimo!
Se eu conhecesse o senhor cónego, assim um conhecimento de conversar das coisas, havia de lhe dizer para rever a sua confiança na paixão...

3 comentários:

  1. Luisa, às vezes os Srs. padres falam de coisas que verdadeiramente desconhecem...

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  2. Eu quero amar, amar perdidamente!
    Amar só por amar: Aqui... além...
    Mais este e aquele, o outro e toda a gente…
    Amar! Amar! E não amar ninguém!

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  3. Digo-vos, a todos os rapazes e raparigas que, mesmo que vossas asas sejam cortadas, podemos construí-las de volta e voltar a voar e sonhar!

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