domingo, 2 de abril de 2023

CIRURGIA

 Vai correr tudo bem, garantem-me. Mas eu tenho medo. Vou ser internada, anestesiada, operada, voltarei (?) para casa de canadianas para uma longa, muito longa, recuperação. Tenho medo, sim. Medos, plural. Da dor, da intervenção, do espaço asséptico, da humilhação que a doença acarreta.

Quando a doença acontece, há, para mim tem havido, uma despersonalização que me dói . De repente, já não sou a Luísa, nem a professora Luísa, nem a mãe, nem a avó, nem a provedora. Sou a doente da cama X ou Y. Sou um corpo, apenas. E sofrerei calada, porque eu sou boa a ser calada.

Mas não concordo que seja assim. Às vezes, muitas vezes, penso que devia ser exactamente o contrário e que, num hospital, ou quando em situação de doença, o carinho e a humanidade deveriam ser práticas ainda mais constantes e intensas. Talvez os profissionais de saúde, com o hábito, se esqueçam que os corpos são habitados por pessoas, com toda a complexidade que ser Pessoa implica.

Sendo eu uma mulher de Fé, quero acreditar que tudo vai mesmo correr bem. Mas, se correr mal, deixo escrito que parto muito contrariada.

É Páscoa, e Páscoa significa passagem. Que seja passagem para melhores dias!

1 comentário:

  1. Luísa, não sabia de nada! Certo é que ando relativamente afastada do meu e de alguns outros blogues! Certamente que já estará em casa é que tudo correu bem! As melhoras!

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