domingo, 21 de agosto de 2011

Amigos

Como toda a gente, ou quase, da minha geração, do tempo em que ainda se lia, a televisão acabava à meia-noite com o hino nacional e as férias duravam três meses, houve livros que para sempre ficaram ligados ao meu ser. Os Cinco, O Colégio das Quatro Torres foram alguns, mas, sobretudo, foram O Meu Pé de Laranja Lima e o Principezinho que me viram crescer. Ainda fico com os olhos húmidos quando recordo o Mangaratiba que levou o seu Manuel, o caco de vidro no pé do Zeze, os castigos injustos aplicados ao menino-poema. Ainda cito, muitas vezes, frases do Zezé, "posso até jurar", a par com as lições do Principezinho, "se queres ser meu amigo, tens de ser responsável por mim". Quando as minhas crianças eram pequeninas, ficávamos na cama as três e eu lia-lhes os meus velhos livros (que SAUDADES!). Elas choravam também e eu aligeirava a leitura, tentando ensinar-lhes, assim, o valor da ternura, a importância do carinho.

(Imagem do Google)

 Acho que foi com os livros que, entre tantas coisas, aprendi o que é a Amizade. Não os conhecidos, nem os companheiros de profissão, nem aqueles a quem dizemos bom dia por conhecimento rotineiro. Não. Os Amigos de verdade! Esses que nos fazem ser responsáveis por eles mas que, sempre, são também responsáveis por nós. Aqueles a quem podemos telefonar às 4 da manhã com a certeza que, entre um bocejo e um insulto, vamos ser escutados e apoiados. Os amigos, os meus, contam-se pelos dedos da mão mas são inestimáveis! Os meus amigos atendem-me o telemóvel a qualquer hora, dizem-me que não tenho razão muitas vezes, dão-me apoio sempre e sabem que "é bem mais difícil julgar-se a si mesmo que julgar os outros. Se consegues julgar-te bem, eis um verdadeiro sábio" Não tenho amigos sábios. Mas tenho amigos que, como eu, devem ter lido o Principezinho muitas vezes...
Imagino, num exercício felizmente de pura abstração, quem seria eu sem os meus amigos. Como enfrentaria eu o quotidiano sem aqueles que me fazem sempre acreditar que, embora haja muitos Mangaratibas cruéis na minha existência, eu vou continuar numa viagem segura, e concluo que não sobreviveria! Tal como o principezinho, tenho a certeza que "te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" e eu gosto (e preciso) de ser responsável pelos meu amigos!


3 comentários:

  1. E os amigos responsáveis por si!
    Sabe bem repartir tarefas, sabe bem encostar tristezas, sabe bem olhar sorrisos, sabe bem contar ideias, sabe bem pedir apoios, sabem ter AMIGOS.
    Cumprimentos.

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  2. Uma singela, mas bela homenagem aos seus amigos.
    Um abraço

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  3. Tens razão, Luísa! Os amigos são os que aparecem quando precisamos. Somos responsáveis, eles e nós.
    Tu nunca falhaste...Não me admira que tenhas bons amigos. Basta os dedos da mão, chegam se forem como tu dizes.
    Beijinho AMIGO

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