quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Maldade

Já há muitos anos, acho que desde a Vila Faia, que eu tinha desistido de ver novelas portuguesas. Às brasileiras resisti um pouco mais, ainda me lembro do Casarão, do Sinhorzinho Malta, e de Laços de Ternura... As novelas portuguesas pareciam-me fracas de conteúdo, com um enredo sempre assente na gasta fórmula de pais trocados, e com interpretações duvidosas. Devia haver excepções, claro, mas eu, porque desisti de ver, não tive tempo de dar por elas.
Ora, há uns dias, por sugestão da minha filha Joana, resolvi ver um episódio de Laços de Sangue, uma novela da SIC. Garantia-me a minha filha que valia a pena ver para poder constatar como era má. Segui a indicação dada e, desde há por aí oito dias, tenho visto a novela. (Ao que uma pessoa chega...) 
Laços de Sangue não é uma má novela, é uma novela inclassificável!
Daquela patetice total, com exageros desesperantes, textos vazios e cenários deprimentes, salva-se a capacidade de inventarem maldades. Há uma personagem, mulher (claro!) que é a própria personificação da maldade e, pasme-se!, sai sempre impune.
São maldades absurdas, com crimes à mistura, e é certo que, no final, a malvada será castigada e terá uma morte terrível. Já era assim na Gata Borralheira, salvo a morte terrível, e nada, por isso, me surpreende este final adivinhado.
O que me surpreende, ou se calhar incomoda, é a ligeireza com que se encara a maldade nesta coisa da televisão. Há um balofo, presidente (?) de um clube de futebol, que grunhe enquanto fala, não tem vocabulário, mas tem muito dinheiro; uma senhora, com criadas (isto existe, hoje?) fardadas a rigor, que se apaixonou por um padre; uma rapariga que está grávida, mas a barriga não cresce e continua com uma figura de modelo (afinal, ela é a Diana Chaves!); há uma mulher, de 50 anos, que sofre com a menopausa a que o marido chama menuspausa; há uma senhora com um tumor cerebral a passear de caravana pela Europa; há um miúdo, jovem médico, que ofereceu a caravana à doente; e há, em suma, meia hora de muito má televisão nos serões da SIC, diariamente. A Maldade, afinal, é a dos senhores que mandam na estação. A Maldade é a dos portugueses que seguem, há quantos meses?, este enredo idiota!
Quem me lê, deve estar a pensar que, se eu acho tão mau, não faz sentido que veja. E eu concordo. Não vou ver mais, não me interessa se a má da fita morre de desastre de automóvel, se com um tiro. Mas faz-me confusão que, nos dias que correm, com o mundo a colapsar, possam existir coisas destas.

3 comentários:

  1. Já reparou como abrem os noticiários? Como são as páginas dos jornais? Já viu as notícias do Correio da Manhã?
    Só as desgraças, os acidentes, as mortes e assassinatos, os crimes, a pedofilia, as anormalidades...
    É isto que vende, é isto que dá o dinheiro, é isto que dá tiragens elevadas. E não é só por cá! Veja o escândalo Murdoch!
    A maldade, a anormalidade está, também, e principalmente(?), na mente dos homens (e mulheres); se assim não fosse, não viam, não compravam e as coisas não se vendiam e não se faziam.
    C'est dommage!
    Cumprimentos.

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  2. Há anos que deixei de ver novelas e vejo muito pouca televisão, mas a verdade é que esses programas existem porque têm público. Não será isso o que as pessoas querem?
    Um abraço

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  3. OH Mãe!!!
    Não digas que fui eu que eu ODEIO essa novela!!
    Eu sugeri que visses o TITITI. Esta sim, vale a pena!! Até ficas mais alegre!!
    Mil beijos
    ps- deixa la que o programa do Malato não é muito melhor...

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