quarta-feira, 17 de agosto de 2011

SÚPLICA

Súplica


Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.

Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.


Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.

Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
Miguel Torga

4 comentários:

  1. "Deixa-me ser feliz
    Assim,
    Já tão longe de ti
    como de mim."
    Será possível?
    O mar é salgado mas é lindo, os versos de Torga tristes, mas a vida é bela como o mar!

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  2. Não conhecia este poema. O Torga que surpreende mesmo. Um homem ligado à terra que compreende tão bem as ondas da vida...
    Adoro-te
    Filipa

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  3. E o que passou passou!
    O presente é o que interessa...
    Conhecia o poema e acho-o muito bonito.
    Um abraço

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  4. Não perturbem a paz que lhe foi dada,
    Peçam ao silêncio que não vá embora,
    E, quando o sono chegar, pela madrugada
    Deixem-no aconchegar-se ao raiar da aurora.

    Cumprimentos.

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