quinta-feira, 31 de outubro de 2013

HORAS

Esta recente mudança de hora, incomoda-me. Não gosto de chegar a casa de noite, não gosto de me levantar com o dia acordado. Claro que de nada importam ao mundo as minhas preferências, nem sequer as minhas manias, mas gostava de saber quais são, de verdade, as vantagens desta mudança de hora. Penso que os homens, com a mania de mandar e controlar tudo, decidiram também mandar nas horas e, no fundo, tenho uma certa inveja deste poder. Quem me dera poder mandar nas horas e controlar o tempo... Momentos de ternura, carinho e compreensão, teriam horas de três mil e noventa e sete minutos; vivências de dor e injustiça, teriam horas de dezassete segundos; as aulas com os meus meninos durariam duzentos minutos e as outras, as de conflitos e (des)aprendizagens, far-se-iam de segundos (e mesmo esses, apressados...) E as reuniões? Ah, essas, às vezes, teriam horas com minutos negativos...

2 comentários:

  1. O problema é iríamos agravar, ainda mais, o caos das nossas vidas... os adeptos do futebol queriam que os jogos durassem o tempo que fosse necessário até a equipe deles estar a ganhar... os sádicos transformavam os seus dezassete segundos de dor em horas de prazer... os tiranos ignoravam os momentos de ternura e carinho... os burocratas não marcavam horas, mas dias, para as reuniões...
    Assim, talvez sejam bom, enquanto não vivermos no mundo da utopia, que as horas tenham os seus sessenta minutos e os dias, hélas!, mil quatrocentos e quarenta... A bem de alguma harmonia...

    ResponderEliminar