quarta-feira, 25 de novembro de 2015

CONVERSA

Vem conversar comigo. Senta-te aí, frente a mim, assim, olhos nos olhos, e ouve-me. Não precisas de me responder, menos ainda de me acusar. Ouve só. Deixa-me contar-te da minha revolta face à situação do país, deixa-me falar-te do som intenso do vento que, na noite sozinha e escura, me sopra medos de futuro, revoltando destroços de passado. Não me respondas, ainda. Escuta, agora, a minha história de possíveis, os meus anseios sempre adiados, as narrativas das viagens que nunca fiz. Queres um vinho quente? Sirvo-to no copo largo, aquele onde gosto de beber Gin, aquecendo-o primeiro. Ponho um pau de canela. Gostas? E continua aí, sem pressas, eu desliguei o telemóvel. 
Deixa-me contar-te do meu desejo de silêncio partilhado, do meu encantamento ao ler o Amante Japonês, do meu desejo de encontrar um verdadeiro edredon de penas. Sim, fica mais um pouco. Continua olhando no fundo dos meus olhos porque, agora, não tenho receio que espreites a minha alma...

4 comentários:

  1. Não me parece que tenha lido "O Amante Japonês", não gosto de vinho, mas um dia destes copiei uma receita de vinho quente. Pareceu-me bem para uma noite fria, em boa companhia. Ainda não experimentei:), mas admito que o gosto fique diferente. E deve aquecer.

    É muito confortável o seu post. Mas faz-nos nostálgicos.

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    1. Leia o Amante Japonês, é muito recente mas uma obra fantástica. Vinho quente, copo largo, canela e neve no quintal: - O Paraíso!

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  2. Neve no quintal acho que não consigo. A companhia também não está fácil. Mas experimento a minha receita de vinho quente nem que seja sózinha. Na receita consta que é muito bom e não fica alcoólico pois ferve um bocado e evapora. Já me consola, o álcool dá-me dores de cabeça na vez de boa disposição e alegria. Uma chatice.

    Ontem escrevi nostálgicos...mas é mais melancólicos:).

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  3. OH! eu sabia que tinha lido esse título, mas onde?! E sabia que Isabel Allende ia escrever um livro sobre um japonês. Quando da morte da filha, chamou um mestre japonês que a auxiliou durante o coma e depois, no luto. E num dos livros posteriores, (dela ou sobre ela) conta que ele lhe foi precioso e lhe ensinou muito sobre a sua arte, a forma como pensam os japoneses e o próprio Japão e que guardou os apontamentos para escrever depois, um romance. Creio que seja este. Estive a olhá-lo na Bertrand. Mas o meu stoque por este mês esgotou. Em Dezembro não me escapa. Até porque colecciono a autora. É uma escrita atraente. Obrigada pela dica.

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