domingo, 15 de novembro de 2015

SUSTO

O Terminal Sul  estava caótico. Malas, casacos, conversas em muitas línguas, crianças, choro, olhares assustados. Dirigi-me, na minha solidão triste e com o coração a doer de saudades, ao shuttle que me haveria de levar ao terminal Norte e esbarrei com fitas vermelhas e polícias armados. Caí, então, na realidade, e percebi que, para além do simpático polícia que me dizia, calmamente, que por questões de segurança o terminal Norte estava encerrado, havia dezenas de outros bem atentos e armados. Esperei por notícias. Havia uma suspeita de terrorismo em Gatwick! Na sequência dos horrores de Paris, o alerta era imenso e, assim, o terminal foi encerrado e evacuado. A situação que, vezes demais, acompanho na televisão era agora o meu próprio cenário. Indiscritível a sensação de insegurança, o MEDO. Olhava à minha volta, assustada e sem saber bem o que fazer, ouvindo a indicação de regressar ao Hotel, quando surgiu a hipótese de conseguir um voo TAP que sairia do Terminal sul. Corri como louca à procura da TAP, comprei o bilhete, passei a segurança, corri até à porta de embarque e quando, finalmente, entrei no avião e a hospedeira me disse, em português, uma boa tarde e bem vinda, tive vontade de chorar. Deve ser isto o tal sentimento de pátria. Senti-me protegida por estar entre gente minha! Lisboa, desta vez, nem me pareceu a cidade barulhenta e caótica que sempre encontro quando volto...

2 comentários:

  1. Mesmo que tenha gostado muito do sítio que deixei e até me apetecer ficar mais tempo, é sempre um conforto quando se abre a porta automática das chegadas e eu respiro o ar de Lisboa !

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  2. Temos sempre essa sensação de proximidade e regresso a casa quando ouvimos falar português no estrangeiro. E é verdade que viajar com a TAP é meio caminho andado.
    Porém, a experiência que viveu foi mais funda. A roleta russa do terrorismo deixa-nos mais atordoados e inseguros do que o habitual. Acredito que haja um requiem de punhos cerrados em todos os homens de bem.

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