A Sophia tinha razão. Tinha muita razão! As palavras esvaziaram-se, perderam o valor, prostituiram-se por uso inadequado e excessivo... Por isso, dizes que me queres partindo para longe, prometes o para sempre que morreu lá atrás, numa curva do passado. Falas de futuro carregando o passado na pele, o impossível no olhar, e dizes que sim com a convicção que reconheço no eterno não, feito impossibilidade. Que sim, um dia, garantes. E eu adivinho o dia do adeus final, o impossível finalmente realizado. O amor dito soa a eco de outros possíveis, os para sempre arranham de certeza negada.
Pois é, a Sophia tinha razão. Porque não é possível mais purificar as palavras, reinventar sentidos, construir agoras. Porque as palavras, etéreas e frágeis, não têm já essência e a aparência, enfim, mascarou-se-lhes de ilusão cansada. Usada.
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