domingo, 22 de julho de 2018

RESISTÊNCIA CEGA

Tenho grande consideração pela maioria dos professores, ou não fosse professora... Sei que trabalhamos imenso, que a profissão é desgastante, que somos obrigados a lidar, sempre, com seres em formação, cada um único e exclusivo, num ambiente que nem sempre é o ideal. Sei que somos pressionados pela sociedade, que não nos reconhecem o esforço nem o mérito. Sei, também, que a larga maioria de nós leva para casa os problemas dos alunos, tenta ajudar, orientar, ser uma referência na vida de muitas gerações. Sei ainda que, por causa de um mau professor, podem arruinar-se muitas vidas...Não tenho nada, nada mesmo, contra os meus colegas e admiro muitos deles que são capazes de fazer o que eu não consigo, apesar de me esforçar.
No entanto, às vezes não consigo compreender algumas atitudes de alguns (cada vez menos, felizmente) professores. Todos sabemos, é daquelas verdades à Monsieur de Lapalisse, que mudar comportamentos, agir de forma diferente do habitual, nem sempre é fácil. Mas, bolas, continuar a fazer sempre igual quando a ciência e as evidências mostram  que não resulta, não me parece lá muito inteligente...
Todos, professores e não só, sabemos que a Escola que temos não presta: - Os portugueses são pouco cultos, a Escola não facilita nem promove a equidade social, há muitos jovens sem formação, os conteúdos são muitas vezes desinteressantes e o ambiente de sala de aula parece pouco motivar à aprendizagem. Basta olhar à volta para se perceber que este modelo escolar, que sem dúvida evoluiu muitíssimos nos últimos 40 anos, não serve o hoje e, menos ainda, o amanhã. 
Alguém poderá dizer, com rigor, o que se espera que uma criança, que entre no 1º ano em 2018, precise de saber e saber fazer quando de lá sair em 2030? Não me parece...
Ora, perante estas verdades, indiscutíveis creio, surge uma hipótese de fazer diferente e, oh deuses do Olimpo!, o que fazem os professores (alguns, poucos...) tentam encontrar uma forma de não alterar nada. Ah, pode cada escola gerir de 0 a 25% do currículo? Boa, vamos optar pelo zero...
Eu não compreendo! Não consigo mesmo compreender a insistência na rotina errada, o esforço para tresler a legislação e não alterar nada. Ou alterar muito pouco...
Imaginemos se fosse um médico: - Posso anestesiar sem dor, sem riscos? Não, vou deixar uma margem de risco, afinal dantes também se anestesiava com éter e muitos pacientes sobreviviam!
Que tristeza que eu tenho! Como me dói fundo constatar a resistência à mudança, a insistência no erro, só porque sim. 

Não consigo mesmo compreender alguns colegas. E tenho pena, porque admiro todos os que são professores. 

1 comentário:

  1. Boa pergunta a sua “o que precisarão esses alunos de saber em 2030?”!
    Se calhar já não vão precisar mesmo de mapas, mas mesmo assim veja a minha argumentação que escrevi “No Areeiro e por aí...”
    Boa sorte para as hercúleas tarefas que se lhe avizinham!
    Dalma

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