quarta-feira, 8 de abril de 2020

EXPERIÊNCIA OU VÍCIO?

O Tempo, que na Antiguidade era deus, é algo complexo, dúbio e, simultaneamente, honesto. Sabemos todos qual o fim. Como dizia Pessoa " (...) somos o cadáver adiado que procria", (ou não, acrescento eu).
O Tempo dá sabedoria, dizem alguns, mas implica degradação , sem dúvida.
O Tempo é usado, por vezes, para valorizar conhecimento - faço isto há 14 anos, ou há 30 - como se a simples passagem dos dias, o continuado desempenho de tarefas, por si só, significasse competência. Não acredito nisso!
Sem dúvida que a prática, a continuidade, nos pode dar mais competência mecânica (será que isso existe?), mas se levarmos 14 anos, ou 30, a fazer erros, de que adianta prolongá-los? Se, perante as transformações da vida, continuarmos as mesmas práticas, de que servirá a experiência? Acho mesmo, e a sério, que é exactamente a capacidade de resposta a novas situações, a forma como lidamos com o que nos convoca por diferente, que nos ajuda a ser melhores profissionais. Melhores pessoas também. A capacidade de adaptação inteligente, a selecção do que urge mudar e conservar, a disponibilidade para transformar formas de pensar, são essenciais para que o mundo, evoluindo, mantenha os Valores que o fazem humano. Não acredito em quem certifica o seu trabalho com a resistência à mudança, hasteando a bandeira do "é assim que eu penso, é assim que eu faço, e não vou mudar nunca!".
É por isso que não me convencem os argumentos de "faço isto há anos"... Enfim. Coisas que eu penso. Porque eu penso há 60 anos, só para que conste!

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