sábado, 25 de setembro de 2010

Tejo


Lisboa tem o Tejo. O Tejo dos poetas, das tágides, do Fado, dos apaixonados. O Tejo! Bem cedo, antes do acordar da modernidade, junto ao sonho líquido há esplanadas vazias, convidativas, calmas, onde, com sossego e longe do bulício da capital, se pode tomar um café gostoso. Das esplanadas, vê-se o mundo. Não o mar! Esse, disse o Poeta, vê-se da nossa língua portuguesa. Ali, nas cadeiras coloridas, com a bica a quase dois euros, vê-se a sociedade construída à imagem de muitas imagens.
Gosto de ir ali, de não tirar os óculos escuros e de reparar no mundo que integro. Acho piada aos miúdos, que correm até aos limites impostos, aos namorados de olhar doce, às amizades em conversas secretas. Ao mesmo tempo, acho ridículos os fatos de treino, os suores exagerados, os/as cinquentões de phones, ténis da moda - boas e conhecidas marcas!-, em corridas que sempre me parecem exageradas. Correrão contra o tempo? Inútil! Correrão pela saúde? Parecem-me exaustos! Correrão por prazer? Que prazer se pode tirar de suor e estafanço?! Sim, claro, há o lema "mente sã em corpo são". Mas será são um corpo entradote, suado, corrido, estafado? Tenho dúvidas...
Longe das corridas, deixo correr a imaginação e vejo a partida dos portugueses, ali mesmo em Belém, chegando a ouvir o choro daqueles que se despediam. Ó mar salgado...
O Tejo. Uma esteira de sonho. Para mim, também.

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