segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A ovelha e os possiveis

Desligou a televisão, fechou os jornais, baixou a tampa do computador e puxou a manta quentinha, grande invenção o polar!, quase até aos olhos. Estava cansada de problemas, do pessimismo vigente, do que considerava ser um ataque à sua sanidade mental, esse anúncio constante da crise sem saída.
Talvez a crise fosse uma verdade, tudo indicava que era uma inegável realidade, ela sentia-o na carteira, no trabalho, quase na pele. Mas não compreendia como se poderia combater o flagelo destruindo o sonho, limitando horizontes, escavacando esperança. Não defendia a mentira, o deixa-andar, mas sentia que, continuando com o cinzentismo vigente, em breve a escuridão seria irrecuperável... Lembrava Umberto Eco "Não é maldizendo a escuridão, nem apagando as poucas luzes que restam, que se constroem novos possíveis!" E tinha de haver novos possíveis! Tinha de ser possível recuperar vontades, inovar, restaurar sonhos e concretizar projectos. Pensava nos seus alunos, jovens num país moribundo, e não percebia as opções dos dirigentes. Apetecia-lhe gritar alto o seu descontentamento! Não lhe apetecia continuar sendo mais uma no rebanho, quieta, sentada, aceitando o pasto que lhe era dado...

2 comentários:

  1. Estes pastores socialistas, esquerdistas e bloquistas não gostam muito de ovelhas tresmalhadas. Se os inquietam muito tiram-lhes a lã e deixam-nas morrer ao frio ou, pior, arrancam-lhes a pele para fazer tapetes para serem bem pisados.
    Servem de exemplo para acalmar as mais inquietas.
    Os nazis eram maus, dizem que eram nacional-socialistas, estes, pelos vistos, só diferem porque perderam o nacional...

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  2. Mãe querida,
    Não conhecia a frase de Umberto Eco, mas gostei. Talvez a adopte como lema.
    Porque é que eu nunca li nada deste autor?
    Adoro-te

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