sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

estória por contar

Tem mais de 15 palavras, não surgiu em sala de aula e nem tem era uma vez. A estória que poderia sê-lo faz-se de duas senhoras velhotas, quatro cisnes imaculados e um banco bem encerado. Por perto, calmíssimo, corre o rio Cam onde, sem ser Amesterdão, há barcos-casa. Um dos barcos deixa ver, para lá das cortinas floridas, uma cozinha arrumada, uma sala de mesa escura e um quarto com cama de casal.
Mas as duas velhotas, personagens principais, não olhavam para o barco, não afogavam memórias no rio, nem pareciam preocupadas com os cisnes que por ali passeavam. Para elas, o banco encerado era o centro do mundo e puxavam-llhe o lustro afincadamente. Uma delas, de cabelo muito branco, tinha um casaco encerado e apontava os pormenores mais necessitados de lustro. A outra, com um bibe-avental às riscas, estava afogueada do esforço. No banco luzia uma placa dourada com um nome: - Tommy Smith, e uma data - 29.02.1960. Seria homenagem a um marido perdido, a um amante longínquo, a um filho morto? Fixei a data, por não ser uma qualquer. No meu silêncio,  escrevi a estória que não contarei a ninguém.

3 comentários:

  1. Pois..., mas agora a Setôra tem mesmo é que botar p´ra cá a estórinha já que deu o lamiré...será assim que se escreve lamiré, isto parece -me francês, mas pronto, fica assim...a histórinha cá p'ra gente!! S.F.Favor, obrigada.

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  2. Coincidências, não é?

    Estórias que não se contam, mas se sabem ou se imaginam...

    Cumprimentos

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  3. Aposto mais na do filho morto. Tommy é nome jovem, se fosse o marido provavelmente teria a pompa do Timothy ou Thomas Smith.

    De qualquer modo é um quadro enternecedor, ou será por ser um ano ser bissexto e a data ser de 29 de Fevereiro? Daí ter a placa a luzir?

    Beijos

    Álvaro

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